Henry se defende, nega panelinha e fala do Brasil

O Brasil é apenas uma das preocupações de jogadores e comissão técnica da seleção francesa. Apesar de o time ter passado para as quartas-de-final com uma vitória por 3 a 1 obtida com muita garra sobre a Espanha, voltaram os comentários de que os ?Bleus? são desunidos. Jornais franceses publicaram ontem que há uma ?panela? na equipe, comandada por Zidane, Henry e Barthez, ?le schefs? (os chefes da panelinha francesa) que mandariam mais do que o técnico Raymond Domenech.

Não é só: comenta-se que Zidane e Henry andaram brigando e que há alguns jogadores que não toleram outros. Sem contar que o líder direitista francês Jean-Marie Le Pen resolveu voltar-se contra a miscigenação do elenco, criticando especialmente a presença de negros e dizendo que essa ?não é a verdadeira seleção francesa?.

Envolvidos nas confusões, Henry e Zidane tiveram que encarar o assunto. E, claro, negaram haver desunião.

?A equipe está muito unida. Não brilhou nos jogos da primeira fase, mas evoluiu. Acho que a vitória sobre a Espanha, da maneira como aconteceu, mostra que não há problemas?, disse Henry. ?Recebemos muitas críticas na primeira fase, mas não há problemas no grupo?, garantiu Zidane.

Henry, que tem reclamado demais dos companheiros durante os jogos e mostra desconforto por ficar isolado no ataque, também está sendo questionado pelo nervosismo. ?Se for necessário gritar pelo bem da equipe, você tem de gritar, não há problema nisso.?

Brasil

Henry assegura que não perde o sono com a expectativa de enfrentar o Brasil e acha que os jogadores franceses não podem se impressionar com o fato de terem pela frente a equipe campeã do mundo. ?Se for assim, metade da partida já estará perdida. É melhor nem entrar em campo?, afirmou. ?Não podemos desrespeitar as cinco estrelas do Brasil, mas eles também devem nos respeitar.?

Em seguida, o atacante francês do Arsenal tentou explicar por que o futebol brasileiro ter mais talentos do que o francês: ?No Brasil, todos jogam futebol. Você vai à praia e tem gente jogando; você sai à rua e tem gente jogando. Na França não?, disse. E prosseguiu. ?Quando era criança, ia à escola das 7 horas da manhã às 5 da tarde e, quando queria jogar bola, meu pai não deixava. Dizia que estudar era mais importante. No Brasil, as crianças jogam bola das 8 às 18 horas.? O jogador reconhece que o adversário tem algum favoritismo na partida de sábado em Frankfurt.

?O Brasil é sempre favorito, mas muita gente acreditava que iríamos perder da Espanha e vencemos.? Também garantiu não está preocupado com a escalação de um juiz espanhol para a partida. ?Decidimos esquecer os juízes depois do jogo com a Suíça (os franceses reclamaram da não marcação de um pênalti?.

Henry lembrou que a França já bateu o Brasil duas vezes em Copas do Mundo. ?Em 1986, eu era criança, não lembro de muita coisa, mas lembro do gol do Fernandez (na disputa por pênaltis, gol que eliminou a seleção brasileira). Em 1998, fiquei um pouco decepcionado por não jogar a final depois de participar das partidas anteriores. Mas tinha apenas 20 anos e foi feito o melhor para a equipe.?

Hamelin- AE

Chatice: Zidane relembra Copa de 98

Zinedine Zidane, compreensivelmente, jamais vai esquecer a final da Copa de 1998, quando marcou dois gols na vitória por 3 a 0 sobre o Brasil que deu à França seu único título mundial da história. E ele voltou a falar daquela partida disputada no Stade de France, ainda que num breve comentário, feito ao jornal As, da Espanha. ?Tenho boas recordações do Brasil como adversário?, disse.

O meia lembrou, porém, que são os adversários de amanhã os atuais campeões mundiais, enquanto os franceses têm de tentar apagar a má impressão deixada em 2002, quando não passaram da 1.ª fase.

?Estamos mentalizados e fortes para ir adiante. O Brasil é favorito, mas vamos ver o que acontece em campo.?

O jogador francês conhece bem os adversários. Enfrenta quase todos os jogadores durante a temporada européia de clubes, além de ter sido companheiro de Ronaldo, Robinho, Roberto Carlos e Cicinho no Real Madrid.

Zidane revelou que, após jogar tantos anos no Real Madrid, ficou ?magoado? com a manchete de um jornal espanhol (o Marca) no dia da partida entre França e Espanha (o título dizia que os espanhóis iriam aposentar Zidane, que deixa o futebol após a participação francesa na Copa). ?A bola coloca as coisas em seus lugares. No fim, foi a França que aposentou a Espanha.?

Ontem, Zidane não participou dos treinos. Ficou no hotel recuperando-se de uma pancada que sofreu no jogo com a Espanha. O meia, porém, passou o dia triste. Ele recebeu a notícia da morte de Jean Varraud, o técnico que o descobriu aos 10 anos na periferia de Marselha e o ajudou a tornar-se um dos maiores jogadores do futebol mundial.  

Hamelin- AE

Franceses preparam paredão pra segurar Ronaldo&Cia

Se o Brasil quiser chegar à semifinal da Copa do Mundo, terá de superar uma verdadeira parede para vencer a França, amanhã, em Frankfurt. A defesa forte é a principal característica dos Bleus( Azuis), que só sofreram dois gols em quatro jogos no Mundial – um deles de pênalti. A partir da coesão dos seus zagueiros e volantes é que o técnico Raymond Domenech organiza todo o sistema tático da equipe. ?Ter uma postura defensiva sólida é importante no futebol moderno?, defende o treinador. ?Principalmente numa Copa, onde um chute certo ou errado pode decidir a sorte do jogo.?

Muitas vezes a insistência de Domenech em olhar primeiro para a defesa tem irritado os analistas franceses, que o acusam de tolher a criatividade da equipe – tanto que muitos o consideram retranqueiro, pelo fato de preferir atuar com apenas um atacante Thierry Henry, ao invés de dois homens de frente. Os críticos têm suas razões, mas também é verdade que a estratégia de Domenech tem trazido resultados, pois bem ou mal levou a equipe até as quartas-de-final da Copa. ?Não me importo com as críticas apenas temos de trabalhar por nosso objetivo, que é estar na final, no dia 9 de julho?, insiste o técnico francês.

Kaká, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Adriano terão de usar as tabelas e os deslocamentos rápidos para superar a barreira defensiva formada pelo goleiro Barthez, os zagueiros Gallas e Thuram, além dos volantes Makelele e Vieira. A dupla de área é muito boa no jogo aéreo, mas um pouco lenta na marcação. Porém, conta com a cobertura dos volantes, que além de serem bons na contenção dos adversárias, têm habilidade para sair jogando e armar os lances ofensivos.

Exemplo disso ocorreu no 1.º gol da França na vitória por 3 a 1 sobre a Espanha. No lance do gol de Ribéry, Vieira atuou como armador, dominou a bola na intermediária inimiga e deu um passe preciso para o meia-atacante driblar o goleiro Casillas e empatar o jogo.

Para complicar ainda mais a vida dos brasileiros, os laterais Sagnol e Abidal dificilmente passam do meio-campo. São fracos no apoio, raramente fazem cruzamentos, mas têm sido eficientes na marcação.

Tanta ?solidez defensiva?, termo preferido do técnico Domenech, permite aos franceses abrir espaço para a criatividade de Zidane. Até agora, o armador da equipe só fez uma boa partida, contra a Espanha, mas está mais do que provado que em jogos decisivos, seu talento pode desequilibrar.

Malouda é o auxiliar de Zidane na tarefa de municiar o ataque. O jogador, que ajuda na marcação, não atuou contra a Suíça, na estréia, e fez muita falta. Ribéry, apesar de ser mais atacante do que meia, tem atuado quase como um 5.º homem do meio-campo, partindo com a bola para o ataque, ao invés de recebê-la na frente – tarefa que fica a cargo de Henry.

Hameln, França ? AE

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