“Futebol não é um cofre de dinheiro”, diz Platini

Paris – O ex-jogador francês Michel Platini, presidente da Uefa desde o começo do ano, declarou nesta quarta-feira (5) ao jornal Liberation que gostaria de ver um futebol menos "mesquinho", desassociado da imagem de um "cofre", que relacionasse melhor clubes e seleções nacionais, e com algum "organismo de controle para proteger o futebol, para lutar contra a violência, atos ilegais e o racismo".

Há algum tempo, Platini passou a defender a "especificidade esportiva" em relação à política econômica do setor, que numerosos presidentes de clubes, segundo suas declarações, gostariam de ver desregulamentado.

"Em cada época, os vencedores eram aqueles que tinham mais meios para isso. O Real Madrid, com seu estádio de 100 mil lugares nos anos 50 e 60, vendia mais entradas; depois, nos anos 80, [tinham mais verbas] os times pertencentes aos grandes industriais italianos, Agnelli e Berlusconi. Depois, a explosão dos direitos de televisão criou novos ricos" que detém o poder para fazer o que quiserem.

Partindo do pressuposto de que o futebol pode se libertar, parcialmente, do dinheiro, Platini afirma que, para lutar contra o "rearmamento econômico", se poderia discutir a "inserção de um teto para a massa salarial dos clubes a 60% do seu giro de negócios, para tentar limitar a inflação dos salários".

Quanto à descoberta de que o futebol é um dos melhores lugares para se lavar dinheiro, Platini afirma que já pediu "a criação de uma polícia européia para proteger o futebol; um organismo de controle internacional para bater a violência e o racismo".

"Podemos gerenciar a questão da violência nos estádios, mas quando um torcedor italiano é morto a 500 quilômetros de distância…", critica o presidente e ex-jogador da Juventus.

Sobre o relacionamento entre clubes e seleções nacionais, Platini anuncia que a Uefa está pronta a indenizar os clubes em troca da disponibilidade dos jogadores, "por um mês, ou um mês e meio, em ocasião de uma fase final de copa do mundo ou campeonato europeu".

E quanto aos árbitros, Platini declarou que não acredita na urgência de uma reforma na arbitragem. Contudo, coloca em discussão as filmagens em vídeo: "Há sim necessidade de olhos, olhos humanos. Ao contrário, há vídeos, células fotoelétricas, chips dentro das bolas… Daqui a pouco não precisaremos mais nem de árbitros, nem de jogadores", ironiza.

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