Fifa muda regras para evitar estrangeiros em seleções

Vai ficar mais difícil para um brasileiro se naturalizar europeu e atuar por seleções estrangeiras. A Fifa aprovou nesta sexta-feira (30) novas leis que dificultam a troca de nacionalidade de jogadores. O presidente da entidade, Joseph Blatter, deixou claro que um dos objetivos da medida é frear a proliferação de brasileiros pelo mundo jogando com camisas de outras seleções.

Pela regra que vigorava até agora, jogadores que nunca haviam atuado por uma seleção de seu país de origem poderiam trocar de nacionalidade e atuar por outros países, como é o caso de Deco, uma das estrelas de Portugal. Além dele, mais cinco brasileiros disputarão a Eurocopa, a partir do dia 7 de junho, na Áustria e na Suíça: Pepe, também por Portugal; Marcos Senna, pela Espanha: Mehmet Aurélio, pela Turquia; Roger Guerreiro, pela Polônia; e Kuranyi, pela Alemanha – que é o único a nunca ter atuado no futebol brasileiro. E Eduardo da Silva só não joga pela Croácia porque está com o pé fraturado.

Até agora, o jogador precisava viver pelo menos por dois anos no país ou ter pais ou avós nascidos lá. A nova lei da Fifa exige que o jogador more por pelo menos cinco anos no país pelo qual vai defender suas cores.

Em outra decisão que promete causar polêmica, a Fifa aprovou a lei que exige que um clube entre em campo com pelo menos seis jogadores do país. A idéia conhecida como "6+5" tem como objetivo impedir que uma equipe entre em campo com praticamente uma seleção de estrangeiros.

A medida já havia causado polêmica antes mesmo de ser aprovada: o governo da União Européia prometeu retaliar os países que a adotarem, porque a nova regra da Fifa fere a legislação trabalhista do continente – pela qual qualquer trabalhador europeu, inclusive atletas profissionais de qualquer esporte, pode livremente cruzar fronteiras dentro da Europa e trabalhar em qualquer um dos 27 países do bloco.

Blatter prometeu se reunir com dirigentes do Parlamento Europeu em junho e se mostrou otimista diante da possibilidade de chegar a um acordo. "Onde há vontade, há um caminho, e tentaremos isso com diálogo, não com confronto. Sabemos que precisamos consultar os governos, especialmente na Europa", admitiu Blatter, que vê os jogadores de futebol como trabalhadores diferenciados. "É preciso encontrar uma solução que respeite as leis civis nacionais e internacionais."

De acordo com a decisão tomada nesta sexta-feira no Congresso da Fifa, em Sydney, com 155 votos a favor, cinco contra e 40 abstenções, haverá um mínimo de quatro jogadores locais a partir de 2010 e cinco em 2011, chegando ao "6+5" em 2012, o que daria tempo aos clubes para se adaptar à nova norma.

Se os europeus chiaram, a Austrália, sede do congresso, comemorou a aprovação da medida. "Estamos perdendo muitos jogadores jovens, de 18 a 20 anos, que vão para outros países, não conseguem jogar, se desiludem e abandonam o futebol", afirmou o presidente da Federação Australiana de Futebol, Frank Lowy. "Somos uma nação em desenvolvimento no futebol e precisamos de todos os jogadores possíveis."

Os australianos só não gostaram da recomendação de Blatter contra sua candidatura a sede da Copa do Mundo de 2018. O cartola não vê um terceiro Mundial seguido no Hemisfério Sul, depois da África do Sul, em 2010, e do Brasil, em 2014. Mas a Fifa decidiu abrir de forma conjunta as disputas para sediar os Mundiais de 2018 e 2022, com as duas escolhas sendo feitas em 2011.

DOPING 

Depois de muita discussão, a Fifa finalmente formalizou a adoção do código da Agência Mundial Antidoping (Wada) contra o uso de substâncias ilegais no futebol. A entidade sempre resistiu à regra que prevê suspensão automática de dois anos para jogadores pegos pela primeira vez num exame, mas chegou a um acordo com a agência em fevereiro, formalizado agora pelas federações nacionais.

O código da Wada passará a valer para o futebol a partir de 1.º de janeiro de 2009. "Nossa cooperação agora está muito mais fácil", disse Blatter, numa clara alfinetada ao ex-presidente da agência, Dick Pound, que não foi citado. O atual mandatário, John Fahey, foi só elogios. "O futebol é um gigante dentro do universo do esporte, e seu exemplo é de importância fundamental", afirmou. Em novembro, haverá uma conferência mundial sobre doping, e a Fifa pretende sugerir a inclusão de penas mais leves.

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