Felipão estuda mudanças para surpreender Inglaterra

Hamamatsu, Japão (AE) – A seleção pode mudar para enfrentar a Inglaterra, sexta-feira, no principal duelo das quartas-de-final do mundial. A força, a tradição e a eficiência do adversário são fatores que Luiz Felipe Scolari tem levado em conta e que o estimulariam a optar por uma surpresa no jogo decisivo. Se mudar o time que venceu a Bélgica (2 a 0), a probabilidade é de que reforce a marcação do meio-campo.

A possibilidade de alteração ficou no ar, após o treino de segunda. Só os reservas deixaram o hotel em que o Brasil montou sua base provisória e Felipão aproveitou o ar de Shizuoka para avaliar com calma as alternativas de que dispõe para tirar o English Team do caminho e garantir no mínimo a quarta colocação.

“Em princípio, não há o que mexer”, ponderou, assim como havia dito depois da estréia, contra a Turquia, antes de tirar Edmílson e colocar Anderson Polga para enfrentar a China. “Mas tenho de analisar algumas coisas, vou examinar melhor certos detalhes”, avisou, ao mesmo tempo em que abriu caminho para especulações. “De qualquer forma, gosto de treinar o time para jogar com dois dias ou 24 horas de antecedência.” As dicas de Felipão param por aí.

Porém, determinadas trocas que tem feito durante os jogos sinalizam para o meio-de-campo como o setor a ser atingido. Se preferir mais combate, tem Vampeta e Kléberson. O volante do Corinthians é o preferido, pela experiência. Não confirmou a condição de titular, por ter oscilado nos treinamentos. Kléberson também chegou a ter vaga no time, na fase de testes, e igualmente ficou à margem por inconstância.

A diferença entre ambos é a de que Kléberson entrou bem contra a Bélgica e fez a jogada do segundo gol. Naquele lance, quase no fim da partida, revelou ousadia e mereceu aplausos do técnico. Outra opção é por toque de bola, por ritmo mais cadenciado que Ricardinho tem condições de oferecer. O corintiano chegou em cima da hora, não virou titular, mas é sempre um ás na manga de Felipão.

O problema estaria em definir quem sairia. Tanto Juninho Paulista quanto Ronaldinho Gaúcho foram elogiados pelo treinador. Juninho, na avaliação de Felipe, é o armador da equipe, “embora ajude na marcação”. Já o astro do PSG também está incumbido de criar e de encostar em Ronaldo e Rivaldo. “Ambos têm excelente movimentação”, observou. “Não vejo essa distância, esse fosso entre defesa e ataque”, afirmou.

A defesa parece ajustada, do ponto de vista de Felipe. Por isso, não teria por que mudar. Mesmo Edmílson desta vez não recebeu muitas broncas por ter prendido a bola. Como jogou como volante boa parte do duelo com os belgas, cumpriu seu papel e deve ficar. “Gostei da função que ele exerceu”, resumiu, com uma ponta de ironia. “Mesmo vencendo, somos criticados quase como perdedores”, lamentou.

Jogo aberto dos dois lados

Hamamatsu

(AE) – O técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, afirmou ontem que não existem segredos entre Brasil e Inglaterra, que se enfrentam na sexta-feira, pelas quartas-de-final da Copa. “Sei tudo sobre os ingleses”, garantiu.

Segundo o treinador, a Inglaterra foi uma das oito seleções estudadas pela comissão técnica antes da Copa do Mundo. O fato de os ingleses terem assistido ao jogo contra a Bélgica não incomodou Felipão. “Eles também sabem tudo; nem precisavam ter ido ao estádio”, justificou.

A bola parada de David Beckham, forte arma dos ingleses, também não é mistério para o Brasil. “Sabemos onde 90% das bolas do Beckham caem e, assim, vamos poder treinar melhor nossos jogadores”, conta Felipão, comparando o inglês ao paraguaio Arce.

Companheiros do Caju querem a posição já

Rodrigo Sell

A torcida no Atlético é grande para que o meia Kléberson ganhe definitivamente a posição de titular na meia-cancha da seleção brasileira. Em plena intertemporada, o Xaropinho é um dos assuntos principais das conversas dos jogadores entre um treino e outro no CT do Caju. Pelo futebol que vem demonstrando quando entra no segundo tempo, a aposta é de que o atleticano ganhe a oportunidade já na partida de sexta-feira, contra a Inglaterra.

Um dos mais eufóricos com o companheiro é o lateral-direito Luisinho Netto. O jogador trabalhou com o técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, e acredita que chegou a hora de Kléberson. “Pelo o que eu conheço do Felipão, ele deverá escalar um time reforçado no meio e com isso colocar o Kléberson desde o início”, aponta. Para ele, o Xaropinho já mostrou que tem totais condições de ser titular. “Graças a Deus, ele está fazendo o papel dele”, comenta.

Para o preparador físico Eudes Pedro, Kléberson é o meia ideal para desempenhar a função de segundo volante que Felipão tanto quer. “O Kléberson é um jogador de desarme, de saída rápida e de passe certo”, analisa. Agora, segundo Eudes, só falta o treinador deixar de ser teimoso. “Pela atuação dele contra a Bélgica você não tem nem como questionar uma escalação contra a Inglaterra”, dispara.

Já o atacante Dagoberto é mais taxativo. “Pelo pouco tempo que ele está tendo, o desempenho está sendo excelente”, decreta. Apesar da torcida pelo companheiro, o artilheiro lembra que é preciso respeitar a filosofia de Felipão. “É complicado falar em titularidade, mas nós que somos amigos estamos torcendo por ele”, destaca.

Independente da vontade de Felipão, todos estarão ligados na partida que promete ser a melhor da Copa. “Vou colocar o reloginho para me acordar”, avisa Dagoberto. O mesmo vale para o lateral que não se importa de ter que treinar na sexta-feira pela manhã. “Lógico que vou assistir, não perdi nenhum jogo da Copa até agora”, finaliza.

Voltar ao topo