Federer x Nadal, o jogo do ano

Paris – Paris vive dias quentes, de uma primavera européia bastante ensolarada. Ruas lotadas de turistas, trânsito agitado e, ao lado do bosque de Bologne – sudoeste da cidade – esta sexta-feira promete ser a mais quente e intensa da edição 2005 do Torneio de Roland Garros.

É o dia do jogo do ano, entre o suíço Roger Federer e o espanhol Rafael Nadal, duas das sensações da temporada, os melhores das quadras atualmente.

O duelo está tão badalado que a véspera fez lembrar uma disputa de título mundial de pesos pesados no boxe. Federer e Nadal fizeram uma sessão de fotos, mas nada de punhos cerrados, cara feia e provocações. Ambos estavam simpáticos, como de costume, e o suíço, em tom paternal, até colocou seu braço sobre os ombros do espanhol em uma das poses.

Toda essa promoção realmente se justifica. O jogo promete. Federer é dono da mais refinada técnica do tênis. Joga para fazer história e ficar a apenas uma vitória de ganhar os quatro troféus do Grand Slam, igualando-se a nomes como Don Budge, Rod Laver, Fred Perry, Roy Emerson e Andre Agassi e colocar-se à frente de Pete Sampras, Boris Becker, Stefan Edberg ou John McEnroe, que nunca venceram em Roland Garros.

Se alcançar essa façanha, Federer irá transformar-se no Vivaldi do tênis, compondo as quatro estações, como definiu com bom humor seu preparador físico Pierre Paganini.

Como um jovem talento, digno de lembrar o prodígio Mozart, Rafael Nadal entra em quadra disposto a conquistar o seu próprio presente de aniversário. Completa apenas 19 anos nesta sexta-feira e é o favorito da torcida para conquistar o título de Roland Garros. Construiu seu jogo com muita força e velocidade. Exibe músculos de gente grande, exaltados pela camiseta sem mangas.

De um lado, Federer exibe também confiança. Seu jeito simples de falar, modesto, transformou-se um pouco em Roland Garros. Afinal, irritou-se com as considerações de que no saibro sua técnica não é tão eficiente. "Ora, sou o número 1 do mundo e não tenho de temer ninguém", avisou o suíço. "Estou a cada ano melhor nesta superfície."

De outro, Nadal investe na humildade.

Jamais fala em favoritismo e na sessão de fotos esperou por Federer, tomando um sorvete, se deliciando como uma criança. "Vai ser bonito estar decidindo uma vaga na final com Federer. Mas ele é o favorito, tem toda a pressão, a responsabilidade de vencer."

Da outra semifinal do dia ninguém fala. Vai reunir o argentino Mariano Puerta, que há dois anos esteve suspenso por doping, e o russo Nikolay Davydenko. Enfim, dois jogadores sem carisma que entrarão em quadra para disputar uma espécie de preliminar. Apenas esquentando a atmosfera para o grande combate.

Números

Aos 23 anos, Federer é o número 1 do mundo. Só em 2005, já foi campeão em Doha, Roterdã, Dubai, Indian Wells, Miami e Hamburgo, ganhando 46 jogos e perdendo apenas 2 (para o russo Safin e o francês Gasquet). O suíço faz a sua melhor campanha em Roland Garros – inclusive, não perdeu um set sequer nesta edição do torneio.

Já Nadal, que completa 19 anos justamente hoje, ocupa o 5.º lugar no rankind mundial, depois de uma incrível ascensão nesta temporada. Afinal, só em 2005, foi campeão na Costa do Sauípe, Acapulco, Montecarlo, Barcelona e Roma – foram 46 vitórias e 6 derrotas no ano. É a sua primeira participação em Roland Garros e vem confirmando o favoritismo, depois de perder apenas 1 set nos 5 jogos que fez até agora.

No retrospecto do confronto entre eles, há empate. Foram dois jogos até agora: Nadal ganhou no Masters Series de Miami, em 2004, e Federer deu o troco no mesmo torneio, no ano seguinte.

Pierce e Henin fazem amanhã a final feminina

Paris – Duas ex-campeãs irão decidir o título feminino de Roland Garros 2005. A já veterana Mary Pierce, de 30 anos, vencedora em Paris em 2000 e que não esperava mais muita coisa em sua carreira, acabou, de repente -como ela mesmo definiu -chegando à final, depois de passar ontem por Elena Likhovtseva por 6/1 e 6/1.

E a belga Justine Henin, campeã em 2003, depois de tantos problemas físicos, uma virose sangüínea e lesão no joelho, faz uma das mais sensacionais voltas ao circuito, alcançando a final em Paris, com série invicta de 22 partidas – ontem, ela superou Nadia Petrova por 6/2 e 6/3.

"Da outra vez decidi o título em Roland Garros com Kim Clijsters, belga como eu. Agora vou ter pela frente Mary Pierce e vai ser uma experiência diferente. Não acho que a torcida será um problema, pois há muitos belgas em Paris", disse Henin.

Enquanto Henin vem de incrível performance, com os títulos de Charleston, Varsóvia e Berlim, Mary Pierce nem parecia acreditar na sua classificação para a final. Após sua vitória nas semifinais, olhou para os céus como agradecendo um milagre e confessou "agora que já cheguei aqui vou fazer de tudo para ganhar o título".

A final feminina de Roland Garros será amanhã, às 10 horas (horário de Brasília).

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