Família Sperafico segue nas pistas

O questionamento que todo pai e mãe fazem quando um filho entra no automobilismo – será que vale a pena correr tanto risco? – ressurgiu de forma dramática na família Sperafico após a morte do jovem Rafael, 26 anos, em um acidente durante a etapa do último domingo da Stock Car Light, em Interlagos.

Apesar do trauma difícil de ser superado, os pilotos que prosseguem na carreira e seus pais, que deram início à ?dinastia?, não pensam em abandonar as pistas.

A história dos Sperafico no automobilismo começou com Dilso, que há 34 anos está ligado com o esporte – primeiro como piloto, agora como pai dos gêmeos Ricardo e Rodrigo, dois dos principais nomes da Stock Car V8. Ele foi um dos membros da família que conversou com os jornalistas ontem, em Toledo. Foi a primeira manifestação pública dos pilotos após a morte de Rafael.

O ponto principal da conversa foi a falta de segurança dos carros da Stock – que terão sua estrutura mantida para 2008 e só mudarão em 2009. ?Esta tristeza que aconteceu tem que servir para se discutir a segurança no automobilismo, que precisa ser melhorada a cada ano, a cada mês e a cada corrida?, afirmou Dilso.

Milton Sperafico, irmão de Dilso e tio de Rafael, disse que continuar competindo é a melhor forma de dizer que tudo o que Rafael fez valeu a pena. ?O automobilismo é o nosso esporte. Estamos fazendo o que gostamos e sabemos dos riscos e dos perigos a que estamos sujeitos. Esperamos que a morte do Rafa se transforme numa bandeira de segurança. Não estamos culpando ou procurando culpados, mas podemos melhorar as coisas para nós e para todas as pessoas que amam o automobilismo no Brasil?, comentou.

O hoje principal nome do clã, Rodrigo Sperafico, falou com o status de atual vice-campeão da categoria. E também pediu soluções para algumas pistas. ?Temos que olhar mais para a segurança. Já existe uma comissão de pilotos na Stock Car que luta para melhorar a segurança dos carros, mas nem sempre eles são ouvidos. Precisamos lutar também por segurança nos autódromos. Não estou dizendo que Interlagos matou o Rafa, porque é um dos melhores autódromos do Brasil, mas temos que discutir a segurança de autódromos como Tarumã e Londrina, que não recebem melhorias há anos?, desabafou Rodrigo.

Ele garantiu que nada muda na vida dele e de seus companheiros de pista – além do irmão Ricardo, também o primo Guilherme, que está na Stock Júnior. ?Nossa paixão sempre foi o automobilismo e continuará sendo. O Rafa morreu fazendo o que gostava. Vou continuar na Stock, e minha meta é conquistar o título para dedicá-lo para o Rafael?, garantiu o vice-campeão, que reclamou do fato de as equipes da categoria terem adiado o lançamento do novo modelo para 2009 por questões financeiras.

Ricardo revelou as últimas conversas com o primo. ?Ele estava muito feliz no final de semana. Como bati na sexta e não me classifiquei para a corrida, conversamos muito na tarde de sábado. Ele estava com um carro bom e conseguiu a segunda colocação no grid de largada. Estava cheio de planos para 2008. Tenho certeza de que se isso tivesse acontecido com um outro membro da família, ele iria continuar correndo?, contou.

Ainda bastante chateado, Ricardo Sperafico quer manter viva a memória de Rafael – e fazer com que a família continue brilhando nas pistas. ?O Rafa queria correr, pilotava com prazer. Por isso, vou competir por mim e por ele. A sua morte está sendo muito sentida, mas temos que olhar para o futuro. Com certeza novos pilotos surgirão. A terceira geração está chegando e quem decidir ser piloto será incentivado e vamos passar a nossa experiência para eles?, finalizou.

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