Falha de segurança no Maracanã deixa Fifa assustada

A falha de segurança nesta quarta-feira no Maracanã deixou a Fifa assustada. Um grupo de pelo menos 200 torcedores chilenos invadiu o restrito centro de imprensa do estádio, momentos antes do início da partida entre Espanha e Chile, válida pela segunda rodada do Grupo B da Copa do Mundo. Eles derrubaram uma cerca de arame, quebraram um portão de vidro e se espalharam correndo pelas mesas onde os jornalistas estavam trabalhando – o objetivo era chegar às arquibancadas para assistir ao jogo, pois não tinham ingressos. Não havia seguranças suficientes para contê-los.

A invasão fez a cúpula da Fifa interromper todas as atividades para tratar exclusivamente da segurança da Copa. Representantes do governo voltaram a telefonar para o centro de operações da entidade, cobrando uma explicação e medidas concretas.

A Fifa garantiu que, depois do incidente, a segurança será reforçada, até porque a falha não ocorreu apenas na entrada do centro de imprensa. No início da partida, rojões foram usados dentro do Maracanã, o que é proibido. Enquanto isso, o governo quer saber da entidade como a segurança montada pela própria Fifa para as áreas internas do estádio permitiu, mais uma vez, que os artefatos burlassem o controle.

No domingo passado, ocorreu a primeira invasão do Maracanã, quando torcedores argentinos pularam muros e derrubaram um portão para assistir à partida em que a Argentina derrotou a Bósnia por 2 a 1. Dessa vez, depois da invasão do centro de imprensa, a estimativa era de que alguns chilenos conseguiram chegar às arquibancadas e puderam acompanhar o jogo mesmo sem ingresso.

CAOS – Como os invasores não sabiam para onde correr, a confusão foi imensa no centro de imprensa. Três biombos de metal, erguidos como paredes, ruíram sobre mesas, aparelhos e jornalistas. Uma mulher com a camiseta vermelha do Chile, sem credencial de mídia, teve ferimentos em um dos braços. Possivelmente, era uma invasora. Ao fim da confusão, 85 invasores acabaram detidos pela Polícia Militar, que foi acionada para atuar numa área de responsabilidade da Fifa.

A invasão expôs a fragilidade da segurança particular do Maracanã. Fontes na Fifa informaram que o grupo de chilenos estava concentrado por quase duas horas no mesmo portão e levantou suspeitas por não estar se dirigindo para dentro do estádio.

Cerca de 30 minutos antes da ação, os invasores já se posicionavam junto à cerca, que veio a ser suplantada. Um dos chilenos simulou estar doente e pedia atendimento. O grupo começou a gritar e clamou por ajuda dos vigias. Quando alguns deles socorriam a suposta vítima, o grupo aproveitou para invadir o local. Os torcedores, simultaneamente, forçaram a grade e a ultrapassaram diante de segurança atônitos.

Já na área de acesso ao centro de imprensa, os chilenos correram por um portão que estava aberto, ainda ao ar livre, destruíram a vidraça da portaria seguinte e invadiram a área em que cerca de 800 profissionais de imprensa trabalhavam à espera do início da partida. A partir de então, aqueles que estavam no local viveram momentos de pânico.

Os invasores arrombaram uma porta, acessando o corredor no térreo do estádio. Sem saída, ficaram acuados e passaram a derrubar os biombos que os separavam do espaço de trabalho dos jornalistas. Os estrondos, a algazarra e a gritaria tomaram conta do saguão, grande o suficiente para abrigar, aos menos, cinco mil profissionais de imprensa.

Um dos seguranças do local, que se identificou como Diogo Gonçalves, reclamou ter sido deixado sozinho junto ao gradeamento que foi derrubado. “Era para ter 20 (seguranças). Só tinha eu”, contou ele.