Experiência faz Beto ?controlar? o elenco

?Capitão?, como indica o termo extraído das forças armadas, remete a comando firme, hierarquia, autoritarismo. No futebol, tais características muitas vezes se aplicam aos líderes das equipes. Menos no Paraná Clube. Adepto do diálogo, sempre sereno e de voz mansa, o meia Beto, destaque tricolor na vitória por 3 x 0 sobre o Coritiba, exerce uma liderança baseada no diálogo e na pluralidade.

Mesmo nas piores fases, Beto, que no mês que vem completa 33 anos, sempre manteve a compostura e agiu serenamente diante das críticas. E faz questão de não tomar o posto de capitão como senha para se sobressair perante o elenco. Na concentração, divide as orientações e debates com outros atletas rodados, como Rafael Muçamba, Emerson, Flávio e Neguete. Antes de cada partida reúne todos os atletas no centro do gramado para uma conversa aberta. ?Às vezes alguém se sente acanhado em falar no vestiário. Ali na roda, fechadinha, todos colocam o que sentem, inclusive os mais novos?, contou o jogador, que, em campo, raramente é visto gesticulando ou gritando com os companheiros. ?Nem sempre a bronca vai surtir efeito. Quanto mais as opiniões forem colocadas para fora, melhor a chance de termos boas idéias e chegarmos a um senso comum proveitoso?, comentou.

O estilo apaziguador pôde ser percebido após o jogo contra o Londrina. O goleiro Flávio entrou nos vestiários desfilando impropérios contra os companheiros, por causa do gol londrinense marcado aos 48? do segundo tempo. Beto foi o primeiro a tomar partido dos colegas; discordou da reação e no dia seguinte contou calmamente o que ocorrera, sem transparecer qualquer ressentimento. Para Beto, a discussão teve um ponto positivo: comprovou o compromisso do time com a evolução no torneio.

Muitas e muitas conversas depois, o Paraná parece ter encontrado um rumo. A excelente atuação no clássico, para o capitão, escancarou o título como uma possibilidade real.

?Já havíamos mostrado qualidade nos jogos anteriores. Mas a possibilidade de conquistar algo a mais fica mais evidente com uma vitória como esta?, comentou.

A atuação de Beto, classificada de ?exuberante? pelo técnico Barbieri, foi inspirada por um visitante pé-quente. ?Seu? Valdiro dos Santos, pai do jogador, veio de Santos (SP) para assistir ao vivo ao clássico de domingo. ?Ele sempre dá sorte. Na última vez que veio, contra o Cruzeiro, vencemos por 2 x 0 (pelo Brasileiro-2005), garantimos matematicamente uma vaga na Sul-Americana e também fiz um gol?, contou Beto. Motivo para comprar um apartamento e o pai em Curitiba? ?Quem dera?, falou, depois de uma rara gargalhada, embalada pela boa fase.

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