Expectativa de um grande jogo no clássico paranaense

De um lado o Paraná Clube, vice-líder e buscando a ponta da tabela. Do outro, o Atlético, 7.º colocado e tentando chegar à zona da Libertadores. No meio deste fogo cruzado o árbitro Héber Roberto Lopes, que comanda o primeiro clássico paranaense do Brasileirão. Contestado veementemente pelos atleticanos, o principal apitador do Estado tem a missão de dirigir um jogo onde a tensão certamente estará à flor da pele.

Por mais que alguns tentem negar, a rivalidade entre os clubes cresceu ao longo das últimas temporadas. A partir da reestruturação do Paraná, a disputa se acirrou e nos últimos anos, com ligeira vantagem para o Tricolor, que desbancou o Atlético, ocupando a vaga para a última edição da Libertadores da América.

Valquir Aureliano
Já o Delegado é sinônimo de experiência, em duelos paranaenses.

De quebra, pôs fim ao tabu que envolvia o Estádio Joaquim Américo, onde jamais vencera, até a semifinal do último paranaense.

Jogo que teve, por sinal, a arbitragem de Héber Roberto Lopes. Se jogadores e técnicos procuram evitar polêmicas e adotam discursos politicamente corretos, o mesmo não vale para as diretorias de Paraná e Atlético. Enquanto rubro-negros provocam – criticando arbitragem e as dependências da Vila Capanema (já que se recusam a ir ao estádio) – os paranistas rebatem chamando o rival de ?time do fim da rua?, citação do presidente José Carlos de Miranda.

E, apesar de um início de semana mais ríspido, os jogadores e as comissões técnicas moderaram o tom e garantiram, pelo menos até agora, um clima respeitoso.

O técnico Pintado, dos donos da casa, está visivelmente empolgado com a possibilidade de fazer seu primeiro clássico.

Ele coloca à prova, mesmo que indiretamente, sua tática ofensiva, que deu bom resultado contra o Cruzeiro, mas que falhou contra Náutico e Sport.

Do outro lado, um Delegado cheio de experiência. Não há hoje, no futebol brasileiro, um treinador com mais vivência em clássicos paranaenses quanto Antônio Lopes. Ele já trabalhou nos três times da capital e tem lembranças de vitórias nos três clubes. Matreiro, ele comanda o mistério do jogo e certamente passará por ele a resolução do grande confronto deste final de tarde.

Pintado tem proposta dos Emirados Árabes

Irapitan Costa

Independente do resultado do clássico, a diretoria terá pela frente mais um problema para contornar. O técnico Pintado recebeu proposta oficial para comandar um clube nos Emirados Árabes. ?Não quero falar sobre isso agora. É assunto para ser tratado após o jogo?, disse o treinador. Pintado evitou falar em valores e reafirmou sua intenção em seguir à frente do Paraná Clube ao menos até o fim da temporada. Na Série A do Brasileiro, o treinador está em evidência. Mas há a questão financeira a ser analisada.

O Tricolor, que mantém sua política ?pés no chão? quando o assunto é grana, já teve de se virar recentemente para tentar segurar o então técnico Zetti. Na época, conseguiu impedir a saída do treinador para o Fortaleza, mas poucos dias depois viu o profissional seguir para o Atlético Mineiro, numa disputa ?irreal? para os padrões do Paraná. Afinal, Zetti foi para o Galo para receber cinco vezes mais.

?Uma coisa é certa. Financeiramente, não há como competir com o exterior?, confirmou o presidente José Carlos de Miranda. ?Mas confio no projeto do Pintado, que quer se destacar no cenário nacional?, emendou. Recentemente, técnicos como Cuca, Muricy Ramalho e Renato Gaúcho receberam propostas do mundo árabe e optaram por continuar no Brasil.

Há outra questão também a ser considerada. Nos últimos meses, alguns jogadores tiveram problemas na Arábia, devido ao não pagamento de valores combinados.

O meia Wagner retornou ao Cruzeiro porque seu clube não pagou parcelas de sua transferência. Denílson, que hoje treina no Palmeiras, ficou alguns meses sem receber no mundo árabe. Pintado reconhece que as cifras são tentadoras, mas disse que só vai pensar no assunto a partir de hoje à noite. ?Agora, estou focado no jogo. Quero a vitória e trabalhamos intensamente para acertar muito bem a equipe?, disse o treinador. ?Quem for ao estádio vai ver um Paraná Clube vibrante, lutando pelos três pontos?, finalizou.

Pantera é pé-quente

Há pouco mais de dois meses, o Paraná Clube pôs fim ao tabu de jamais ter vencido no Joaquim Américo. Agora, o desafio é melhorar o seu retrospecto diante do rival, em casa.

Para o goleiro Flávio, o mais experiente do grupo, os números não têm influência alguma na hora em que a bola rola. ?Vale para estatísticas. Mas o que passou, passou.

Já nem lembro do último jogo. E olha que vencemos?, disse o Pantera.

Flávio lembrou ainda que seu retrospecto diante do Atlético é positivo. Ainda mais como mandante.

?Acho que só perdi uma vez. No Pinheirão, ganhei a maioria e espero que isso comece a valer para os jogos aqui na Vila?, disse Flávio. Indagado sobre o desafio de parar Alex Mineiro, o goleiro preferiu destacar o conjunto do adversário. ?Não podemos nos concentrar apenas no Alex. Eles têm também o Denis Marques e um time muito competitivo?, frisou.

O goleiro retornou ao time há duas rodadas e desde então não sofreu gols. Houve o empate (0x0) com o Corinthians e na última jornada o Paraná venceu o Sport (1×0). Flávio sofreu apenas quatro gols neste Brasileiro e espera seguir com a invencibilidade no jogo desta noite.

?O trabalho é feito neste sentido. Nossa zaga está bem e com segurança lá atrás, garantimos maior tranqüilidade para que os nossos atacantes decidam o jogo?, finalizou o goleiro.

BRASILEIRO

8ª RODADA

Paraná Clube x Atlético-PR

Paraná Clube

Flávio; Daniel Marques (Joelson), Neguete e Luís Henrique; Léo Matos, Xaves, Adriano (Serginho), Vandinho e Márcio Careca; Vinícius Pacheco e Josiel.

Técnico: Pintado.

Atlético-PR

Guilherme; Nei, Danilo, Gustavo e Michel; Alan Bahia, Valencia, Cristian e Edno; Denis Marques e Alex Mineiro.

Técnico: Antônio Lopes.

SÚMULA

Local: Durival Britto (Curitiba)

Horário: 18h10

Árbitro: Heber Roberto Lopes (Fifa-PR)

Assistentes: Rogério Carlos Rolim (PR) e Aparecido Donizetti Santana (PR)

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