Visões de um drama

Equipe Tribuna 98 opina sobre grande crise no Paraná Clube

A crise no Paraná Clube extrapolou o limite do amadorismo que qualquer time do futebol brasileiro pode ter. Se não bastassem os três, quatro e até sete meses de salários atrasados de jogadores e funcionários do clube, o cenário agora é ainda pior.  Sem nenhuma perspectiva positiva de tirar o Tricolor da crise financeira em que se encontra, os dirigentes paranistas estão se escondendo e o ultimato dado ontem pelos jogadores cobrou justamente uma postura mais profissional pelos mandatários do clube.

Infelizmente os problemas financeiros vividos pelo Paraná Clube não são de hoje. A crise é antiga, mas os dirigentes que lá estão pouco fazem para tirar o Tricolor, de tantas glórias vividas em outros tempos, da lama em que se encontra. Os jogadores, que já fizeram greve neste ano, têm qualidade e, apesar de todos os problemas, estão lutando bravamente para tirar o time da área de risco a fim de evitar o rebaixamento para a Série C.

O modelo de gestão da atual diretoria paranista não é das melhores. Falta profissionalismo nas principais áreas do clube. Faltam colaboradores capacitados e não simplesmente torcedores do Tricolor, que têm atividades paralelas ao clube, assumirem cargos importantes na gestão do Paraná.

Há torcedor que critique a manifestação dos atletas, mas ficar mais dois, três e até quatro meses sem receber não é fácil. A torcida é de que a diretoria paranista acorde, antes que o futuro que está se desenhando pelos lados da Vila Capanema acabe de vez com as perspectivas de ressurgimento do Paraná Clube dentro do cenário do futebol brasileiro. Confira abaixo as opiniões da equipe Tribuna 98 sobre o atual momento do Tricolor.

Cristian Toledo

Sim, a dívida do Paraná Clube não é responsabilidade apenas desta diretoria. Há outros dirigentes que destroçaram as finanças do clube, e deveriam ser responsabilizados por isto. Mas é bom lembrar que o atual comando tricolor está há três anos e tem mais um a cumprir. Então, não tratamos mais com noviciados, pessoas que chegaram ontem à sede da Kennedy e se assustaram com a realidade tricolor.

E o que foi feito de lá para cá? Nada. Apenas pequenos paliativos que resolveram por algumas semanas. Ídolos voltaram ao clube (Ricardinho antes, agora Marcos e Lúcio Flávio) e nenhuma ação de marketing foi feita. A busca por patrocínio só terminou quando a Caixa, que patrocina vários clubes pelo País, quis fechar o cerco em Curitiba. E agora com a Racco, de um paranista, que está ajudando.

Não se vê ação afirmativa de quem comanda – enquanto dezenas de abnegados trabalham voluntariamente tentando encontrar caminhos para o Tricolor. O resultado é a total perda de credibilidade dos principais dirigentes, que tem péssimos conselheiros no seu entorno.

Falando nisso, e o Conselho Deliberativo? Não toma nenhuma atitude? O clube vive uma espécie de letargia, um sono profundo que não é interrompido nem pelo grito de socorro de funcionários e jogadores. Enquanto isso, quem manda fica em silêncio, e quem jogou o clube no fundo do poço segue sua vidinha sem preocupações.

O medo é imaginar que o fundo do poço ainda não chegou.

Eduardo Luiz

Estamos falando de pão na mesa, escola e plano de saúde das crianças, gasolina no possante (prestação também) e até vale transporte. Aluguel, luz, água. Empréstimo, cheque especial, cartão de crédito. Ou crédito no celular. Pimenta, farinha e sal. O mesmo usado para pagar um trabalhador no império romano. Do latim, salarium argentum.

O atual grupo paranista esta escrevendo seu nome na história do Tricolor. Eles, os grandes prejudicados pela incompetênci,a financeira da atual gestão (não sou eu quem fala, são os números que explicam), estão escancarando das mais diversas formas os problemas que têm destruído o patrimônio e a história vitoriosa dessa grande equipe. Liderados por Lúcio Flávio, Gustavo, Marcos e Claudinei Oliveira, eles deram um ultimato para a diretoria: ou eles pagam, ou o Paraná para.

É justo. Eu apoio integralmente qualquer medida que seja tomada pelos funcionários paranistas. Como pode alguém dizer que atrasar salários no futebol é normal? Como podem tentar desviar o foco dos atrasos afirmando que outras equipes também sofrem com isso? Como podem culpar a imprensa, a torcida, a crise mundial, o movimento das marés ou mesmo as heranças malditas ao justificar os atrasos que chegam a sete meses?

Se os diretores estão trabalhando para regularizar a situação, não fazem mais que a obrigação. Contratou, tem que pagar. Os funcionários merecem essa simples prova de comprometimento e profissionalismo.

Carlos Bório

O clube azul, vermelho e branco, que nasceu gigante e rico, está à beira da falência. A única cor que predomina agora é o vermelho, do saldo negativo das contas, da vergonha nacional ao virar notícia com greve de jogadores e funcionários, de raiva da torcida que não aguenta mais tanta humilhação.

E agora os jogadores cansaram de tantas promessas não cumpridas e deram um basta. Ou a diretoria paga o que deve em uma semana ou os atletas vão parar. E ninguém pode recriminar esta atitude. Afinal, qual trabalhador consegue, ao menos, imaginar passar por uma situação desta. Alguns funcionários estão há sete meses sem ver a cor do dinheiro. Como será que eles estão sobrevivendo? As contas se acumulando, cobradores batendo na porta, família para sustentar, para dar de comer.

Não dá mais para empurrar com a barriga. A diretoria precisa apresentar um plano urgente para resolver esta situação. Coloquem tudo em pratos limpos e mostrem que, pelo menos, estão buscando uma solução. Está na hora de jogar limpo e tratar o assunto com a seriedade que ele exige. Nada de ficar prometendo e depois não cumprir. Do outro lado estão homens, trabalhadores, pais de família, que exercem suas funções e têm todo direito de receber por isso.

Dirigentes paranistas, arregacem as mangas e tratem de dar a cara à tapa! Nada de se esconder atrás de promessas vazias. Chega de embromação. Façam uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo e só saiam dela com uma solução para esta crise sem fim.

Rodrigo Sell

Se o presidente Rubens Bohlen não renunciar é melhor o Paraná fechar. Se ele não tem competência, que não se estabeleça! Está na hora da entidade criar um fato novo e este fato novo tem que ser a saída de quem mais manda, mas ultimamente não tem feito nada.

Infelizmente é assim. Vai embora para casa cuidar de seus assuntos pessoais e deixa o Tricolor para quem possa agregar algo mais, implantar o verdadeiro profissionalismo e cuidar com mais carinho do patrimônio esportivo e físico do clube. Ainda dá tempo, mas falta pessoas mais capacitadas. E não tem que sair só o Bohlen. Tem que sair outras figurinhas carimbadas que há muito tempo emprestam apenas a seu nome e “prestígio” para preencher a chapa antes das eleições e acrescentam pouco ao clube.

Não se faz limpa em comissões técnicas e elencos? Que se faça também na cartolagem. É o mínimo. Depois, o conselho deliberativo precisa deixar de ser apenas contemplativo em relação à situação atual do clube e eleger pessoas realmente capacitadas para tocar o clube, descartando os aventureiros de outrora.

Roberson Jannuzzi

A situação do Paraná parece um poço sem fundo. Quando o time volta a vencer e a torcida se desdobra para ajudar o time, vem mais uma noticia que puxa o Tricolor pra baixo. A atitude dos jogadores de ameaçarem parar de vez as atividades caso os salários não sejam pagos dentro de uma semana demorou a acontecer.

Aprendi que o combinado não sai caro. Independente do valor que cada funcion&aacu,te;rio recebe. Infelizmente a atual diretoria não tem competência para sequer cumprir com o que foi combinado. A falta de transparência deixa a dúvida se o Paraná tem solução. O que se vê é um clube que se afunda cada vez mais em seus problemas.

Hoje ninguém dá a cara a tapa para pelo menos justificar o que está acontecendo. Aprendi que errar faz parte do jogo, a vitória e a derrota são questões inerentes a disputa, faz parte. O que não pode é fugir e fingir que nada está acontecendo, que vai se dar um jeito. O que os jogadores estão expondo é o limite da vergonha de um clube que tem muita história, mas que está se acabando por culpa única e exclusiva de seus dirigentes.

Gustavo Marques

A crise financeira do Paraná Clube assusta a cada dia que passa. Este ano, por estar diariamente com o time e vivenciando os bastidores de todos os jogos, percebo o quanto os atletas e a atual comissão técnica devem ser valorizados pelos torcedores de todos os times da capital paranaense.

O elenco tenta ao máximo se concentrar nas questões de campo e a disputa da Série B, mas é impossível esquecer os problemas de grana. Como um jogador irá ter o foco no treino, se em casa tem cobrança da mulher e dos filhos por uma melhor condição de alimentação, vestuário e outras necessidades básicas de qualquer pessoa. E na profissão, muitos imaginam o status de “vida fácil”.

O grande erro neste momento é o comportamento dos diretores do Paraná. Não dar satisfação e não cumprir as promessas de pagamento deixa qualquer trabalhador irritado, chateado e as ações dos atletas parecem justíssimas. Inclusive, acho que passou da hora e demorou em ocorrer. Quem perde com tudo isto é a comunidade paranista.

O time tem suas qualidades técnicas, tem um grande treinador e jogadores comprometidos com a história gloriosa do Paraná Clube. Felizmente, os heróis estão no campo e irão salvar este ano um vexame ainda maior que seria o rebaixamento.

Guilherme de Paula

O que antes era um tema só tocado pelos rivais, hoje é discutido entre os paranistas. O Paraná vai acabar? É uma pergunta recorrente. As recentes manifestações dos jogadores e da principal torcida organizada não fugiram do tema. Mas e daí, o Paraná vai acabar, mesmo? Não, é a minha resposta. Mas ficará cada vez menor. Hoje, o Tricolor é visto com pena pelos torcedores de Atlético e Coritiba, esse é o pior sintoma possível de um processo de difícil reversão. O fato dos rivais não considerarem o Paraná um rival é um soco no estômago de quem ainda não percebeu o que acontece “nas vilas”.

A herança maldita existe, obvio, mas a atual diretoria errou ao prometer algo que não poderia entregar para o atual elenco. A falta de credibilidade afeta o vestiário e também o mercado. Como contratar algum reforço na atual situação? O que sustenta a continuidade do Paraná é a vitrine proporcionada pelo calendário da Série B. Um rebaixamento para a terceira divisão seria o passo decisivo para ficar cada vez menor.

A reforma politica – mudança do estatuto votada neste semana – é um avanço, talvez não o suficiente. O futebol do Paraná depende de uma revolução, que dificilmente será iniciada pelos atuais dirigentes.

Ricardo Brejinski

Cada vez mais o Paraná vai se afundando. Não é de hoje que notícias sobre problemas financeiros tomam conta do Tricolor. É vergonhoso um clube, que em um passado nem tão distante tinha muito patrimônio e era um dos mais ricos do Brasil, atravessar uma situação dessas. A culpa é do amadorismo e da incompetência de dirigentes que não souberam administrar os problemas. Problemas, aliás, que muitos querem colocar nas costas da imprensa, como se fosse ela a responsável por tudo que acontece no Paraná. Se o caos tomou conta do Tricolor, é obrigação nossa noticiar e escancarar tudo. Cabe aos responsáveis de fato resolver e corrigir os erros.

Muito se fala que o time perdeu receita da televisão por conta do rebaixamento, mas quantos, outros passaram pela mesma situação e conseguiram voltar? Pode até parecer que é fácil falar porque está de fora, mas muitas situações poderiam ter sido minimizadas ou até evitadas com um pouco mais de profissionalismo. A Tribuna 98  trouxe vários exemplos de clubes que se remodelaram e deram a volta por cima. Falta competência. A diretoria sempre vem com as mesmas promessas e prazos, mas que nunca foram cumpridos, fazendo com que a credibilidade dela caísse a zero. É inaceitável jogadores e funcionários ficarem tanto tempo sem receber salário.

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