Equipe de O Estado participa de rali. E gosta

Participar de um rali nunca tinha passado pela minha cabeça, até receber o convite da Mitsubishi para representar O Estado do Paraná na etapa de Curitiba do Mitsubishi MotorSports Sudeste, o maior rali de regularidade monomarca do Brasil. Topei o desafio, mas como toda a minha experiência em ralis havia sido a cobertura de duas etapas para o jornal, me contentei em assumir a função de navegador, reforçando a equipe com o diagramador Gerson Klaina, que já tinha certo conhecimento do mundo 4×4 e até havia participado de algumas provas.

A semana que antecedeu a prova foi marcada por muita expectativa e, principalmente, receio de ir mal na prova e ter de aturar as gozações dos colegas de redação. Uma visita do piloto paranaense Roque Veviurka ao jornal na última quinta-feira fez com que nossa dupla tentasse uma nova estratégia. Após recebermos a dica de que é preciso ter uma pessoa calma na equipe, decidimos convidar o nosso colega Daniel Seleme Trouche para passar tranqüilidade à equipe. Assim estava formada a equipe O Estado do Paraná da Mitsubishi MotorSports.

Sábado, 9h da manhã, nossa equipe se encontra no Parque Barigüi e é apresentada ao nosso veículo para a prova: uma L200 novíssima, gentilmente emprestada pela organização da prova. Às 10h42 largamos, partindo no sentido de Campo Magro, por cujas estradas passaríamos as próximas quatro horas.

Logo nos primeiros minutos, vi que a função de navegador também exige experiência e quase coloquei nossa equipe numa situação delicada. Só não nos perdemos por causa da camaradagem do pessoal do PC (posto de cronometragem), que nos indicou a direção certa. Mas ali já havíamos perdido segundos importantes, que não mais seriam recuperados e nos impediriam de sonhar em terminar a prova entre os 10 primeiros, se é que em algum momento chegamos a acreditar que isso seria possível.

Depois desse erro, percebi uma certa desconfiança por parte do nosso piloto e me concentrei ainda mais na planilha de apenas 37 páginas. Mas também lembrei de seguir um conselho do diretor de prova, Lourival Roldan: ?Quando vocês perceberem que não dá mais para ganhar, relaxem e aproveitem a prova, vai virar um passeio muito bonito?.

Funcionou, fizemos uma boa prova a partir dali, cruzamos barrancos, atoleiros e até um rio, sem maiores problemas, acertamos todas as ?pegadinhas? da trilha. Minhas habilidades como navegador foram postas em xeque em outras duas oportunidades, quando mandei o Gerson virar à direita mesmo todas as marcas de pneu estarei para a esquerda. Apesar de hesitar por alguns segundos, o piloto seguiu minhas coordenadas e não se decepcionou, estávamos no caminho certo. Após 3h47, concluímos a prova com 706 pontos perdidos, num honroso 48.º lugar entre 124 participantes e com a sensação de que, se não fosse aquele erro inicial, poderíamos ter ido ainda melhor. Estamos prontos para a próxima aventura, só resta saber quando nos emprestarão um carro novamente.

A visão do Zequinha

Daniel Seleme Trouche

Medição de tempo, velocidade e distância. De olho na prancheta, o navegador é o guia que o piloto precisa para não se perder em meio a tantos caminhos. ?Pare ao lado do poste branco e zere o hodômetro. Quando o cronômetro der 12:45 pode acelerar a 45km/h até uma bifurcação e pegue a direita.? O leigo pode achar que o navegador é um mero passageiro em uma prova de rali, mas esse tipo de instrução se repete do início ao fim. Já o piloto, com os olhos grudados na pista, foge de pedras e realiza manobras bem calculadas para não dar com o carro no meio de uma árvore.

Acompanhando a prova do banco de trás do carro, notei que o entrosamento entre o piloto e o navegador é o grande diferencial em um rali de regularidade. Participar da prova como espectador foi como acompanhar uma partida de futebol de dentro do campo, com a vantagem de contemplar de perto a beleza natural que serve de pista para os participantes. Lagos, plantações, animais na beira da trilha e a vegetação são um espetáculo à parte.

Enquanto nosso carro fazia descidas íngremes em um lamaçal completo, a mata ficava mais densa projetando um corredor ameaçador à nossa espera. Ufa, não fosse a tração nas quatro rodas, colidiríamos de frente com algum tronco. Após quase quatro horas de anda e pára e chacoalhadas capazes de deixar os mais sensíveis com o estômago na boca, concluímos a etapa sem perceber o tempo passar. Ao descer do carro só restou um pensamento. ?Quando faremos o próximo rali??

Daniel Seleme Trouche é repórter do Almanaque e participou da prova como Zequinha – nome dado ao ?palpiteiro? que vai no banco de trás de um carro de rali. Tinha como função cuidar do cronômetro secundário, mas na metade da prova já havia parado sem querer de marcar o tempo.

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