Empresários rebatem acusações de Malucelli

Dois representantes da empresa Master Talents que gerencia a carreira de jogadores de futebol -prestaram esclarecimentos na tarde de ontem sobre as denúncias feitas pelo presidente do Conselho Administrativo do Atlético, Marcos Malucelli, na semana passada.

A principal delas envolve o que Malucelli denominou de má-fé dos sócios da Master Talents (Alexandre Rocha Loures, Rui Paciornik e Pablo Miranda), que até o início de 2009 trabalhavam no Rubro-Negro e saíram para montar seu próprio negócio.

“Os atletas davam a procuração porque Alexandre era funcionário do Atlético. Quando ele saiu, levou todo esse acervo de procuração. Assim esses jogadores passaram a ter um agente, que passou a comandar a carreira deles. Ele tem procuração de diversos atletas nossos, que deveria ter deixado no clube quando saiu”, disse o presidente. Para ele, os ex-funcionários foram antiéticos e que tal manobra “trouxe muitos transtornos ao Atlético”.

Outro lado

Em defesa, Loures esclareceu que não era funcionário direto do Atlético, mas tinha um contrato com o clube de consultoria, que era de caráter de exclusividade. Foi contratado para trabalhar no departamento internacional e que, além das funções pertinentes ao cargo, também participou do planejamento estratégico do Furacão que traçou diretrizes para uma década (2000-2010).

O primeiro jogador sob a sua batuta foi Fernandinho(Shakhtar) e devido ao sucesso no gerenciamento da carreira do atleta, outros jogadores passaram a procurá-lo.

“Em consenso com o clube e desde que atendesse os interesses do Atlético, poderia haver esse trabalho que se estendeu até março de 2009”, explicou o empresário.

Sobre o caso das procurações, Loures disse: “Todos eles (na época 12 atletas) disseram que queriam continuar comigo quando anunciei que deixaria o clube. Então solicitei uma reunião com Malucelli. Expliquei minha saída. Mostrei a lista dos jogadores e que eles estavam trabalhando comigo. Em nenhum momento foi dito que por questão ética ou moral eu deveria deixar de trabalhar com aqueles jogadores. Inclusive, ele pediu auxílio para a renovação de quatro atletas que estavam comigo e eram destaque da Copa São Paulo (Marcelo, Patrick, Lucas Sotero e Guilherme Batata) que em 25 de março renovaram por mais 3 anos”, disse.

Ele reiterou que a escolha por um procurador envolve questão de confiança e citou que daqueles 12 atletas, 10 permanecem com a Master Talents e que, posteriormente, mais 8 jogadores do clube têm suas carreiras gerenciadas pela empresa. (quadro).

Gerenciamento

Loures acredita que a posição de deixar o Atlético não foi lesiva ao clube e que, caso indicasse outro funcionário do Furacão para permanecer com as procurações, não significa necessariamente que os atletas permaneceriam sem um agente externo.

“Se eu dissesse que a partir de tal momento os atletas trabalhariam com fulano, eles poderiam se negar. Já que são eles que escolhem. Quero deixar claro que antes da minha saída comuniquei aos atletas que estava saindo e não poderia mais fazer o trabalho da forma que fazia. De todos os atletas que estão comigo, 90% renovaram com o Atlético e são jogadores de futuro, da base. Não entendo que o Atlético tenha sido lesado”, explicou Loures, relatando que não houve nenhum tipo de assédio ou imposição para a assinatura de contratos, já que tudo passa pela autorização dos pais, no caso dos menores.

Contratos

Como prova de que não havia conflito de interesses (dele e do clube) na época em que prestava serviços ao Atlético, citou o caso da transferência de Alan Bahia para o Japão e expli,cou como desenvolvia seu trabalho.

“Todas as negociações, por questão prática, passavam pela área internacional, pois tinha que fazer contratos, avaliar propostas. Então fazíamos negociações de jogadores que eu não representava. Como foi o Guilherme para a Rússia, o Paulo André para a França. Tudo isso passou por mim, mas em nenhum momento dei preferência para um atleta por ser meu representado. Em nenhum momento, eu recebi comissão. Pode conversar com a Maria Aparecida (diretora financeira do Atlético). Não foi pago comissão porque eu tinha um contrato de prestação de serviço com o clube, que me pagava mensalmente. Várias vezes fechei negócio (para o Atlético) e o empresário do jogador recebia a comissão, porque é praxe de mercado”, esclareceu. Loures aproveitou também para explicar qual a relação da sua empresa com o ex-presidente do Atlético. “Respeitamos a figura dele e temos amizade”, só isso.