Empate no clássico da Vila Capanema

Foi um clássico de bom nível, ontem, na Vila Capanema. Paraná e Atlético acabaram empatados em 2×2, num jogo que teve domínio tricolor em quase todo o tempo. O resultado tira o time de Pintado da vice-liderança do Campeonato Brasileiro, agora ocupada pelo Goiás, enquanto o Furacão agora é o oitavo colocado.

Quarenta e cinco minutos antes do início da partida, enfim foi encerrado o mistério dos treinadores. Do lado do Paraná, Pintado teve que prescindir de Adriano e escalou a equipe com a formação habitual, com três zagueiros. Do lado do Atlético, Antônio Lopes surpreendeu e sacou Nei do time, colocando Jancarlos na lateral-direita e mantendo Michel na esquerda.

E foi justamente pelo lado direito do Furacão que surgiram os lances capitais do primeiro tempo. Era uma partida concentrada no meio-campo, com muita marcação e poucas oportunidades. A vantagem tática do Tricolor vinha na rápida movimentação de Vandinho e Vinícius Pacheco, os melhores em campo.

Eles trocavam de posição e confundiam a zaga atleticana. Num desses lances, aos 11 minutos, Vandinho subiu pela esquerda, nas costas de Jancarlos, e rolou para Josiel. Ele não perdoou e abriu o placar.

O lateral rubro-negro não era eficaz nem na marcação nem no ataque. Mesmo assim, foi pela direita que saiu o gol de empate dos visitantes. Começou com um lindo passe de Danilo para o colombiano Valencia, que colocou na cabeça de Alex Mineiro. Aí não teve jeito para Flávio – aos 17 minutos, estava tudo igual.

A partida continuou equilibrada, mas uma jogada tresloucada de Danilo mudou o panorama na Vila. Com 36 minutos, ele deu uma ?voadora? em Serginho e foi expulso por Héber Roberto Lopes. O Paraná voltou a dominar e no último lance da primeira etapa retomou a vantagem. De novo pela direita, mas desta vez com Vinícius Pacheco, que tocou para Márcio Careca. O lateral chutou, Guilherme espalmou e Josiel mandou uma bomba. Segundo gol dele, nono do artilheiro do Brasileirão.

Percebendo que seu setor direito defensivo estava complicado, Antônio Lopes sacou Jancarlos no intervalo, colocando Nei. A alteração deu maior sustentação à defesa do Atlético, mas o controle da partida continuou do Paraná. Foram algumas chances perdidas – Josiel teve dois lances, Márcio Careca chegou a acertar as duas traves em um arremate cruzado. O Tricolor perdeu as oportunidades para resolver o jogo.

Aos poucos, o Atlético começou a ocupar terreno, equilibrando as ações. Quando estava mais seguro, empatou o jogo – Alan Bahia mandou um tirambaço de fora da área, Flávio foi muito estranho na bola e o Furacão deixou o jogo igual mais uma vez. Dali em diante, os donos da casa saíram como doidos para o ataque e os visitantes passaram a atuar no contra-ataque, mas o jogo ficou mesmo no 2×2.

CAMPEONATO BRASILEIRO

1º turno – 8ª rodada

PARANÁ CLUBE 2×2 ATLÉTICO

Paraná: Flávio; Daniel Marques, Neguete e Luís Henrique; Léo Matos (Alex), Xaves, Serginho (Lima), Vandinho e Márcio Careca; Vinícius Pacheco (Joelson) e Josiel. Técnico: Pintado

Atlético: Guilherme; Jancarlos (Nei), Danilo, Gustavo e Michel (João Leonardo); Alan Bahia, Valencia, Cristian e Edno; Denis Marques (Dinei) e Alex Mineiro. Técnico: Antônio Lopes

Súmula

Local: Durival Britto (Curitiba)

Árbitro: Heber Roberto Lopes (FIFA)

Assistentes: Rogério Carlos Rolim e Aparecido Donizetti Santana

Gols: Josiel 11 e 45 e Alex Mineiro 17 do 1º; Alan Bahia 35 do 2º

Cartões amarelos: Josiel, Luís Henrique (PR); Jancarlos, Nei, Alex Mineiro (CAP)

Cartão vermelho: Danilo

Renda: R$ 99.140,00

Público: 6.462 (5.746 pagantes)

Paranistas lamentam empate

?Faltou competência.? Num dia de muitas desculpas e lamentações para o elenco paranista, o zagueiro Daniel Marques preferiu uma análise fria e direta para explicar o empate com o Atlético. ?Com um jogador a mais desde o primeiro tempo, não conseguimos garantir a vitória. Não tem muito o que comentar, só refletir para que não se repita?, resumiu o capitão tricolor.

Já para o técnico Pintado, o problema foi falta de sorte. ?Para mim não teve sabor de derrota, mas de uma grande partida com um resultado injusto. O Paraná foi muito superior. No segundo tempo, sufocamos o Atlético, mas valeu a velha máxima do futebol. Quem não faz toma?, avaliou o treinador.

Pintado também reclamou muito de um suposto pênalti não marcado pelo árbitro Héber Roberto Lopes. ?Foi pênalti claro, bola na mão do jogador deles. Mais um erro de arbitragem que nos custou uma vitória?, queixou-se. No lance, ainda no primeiro tempo, uma bola cruzada na área pelo ataque paranista tocou na mão do zagueiro atleticano Gustavo, num gesto involuntário. Nada tão ?claro? assim.

Um dos melhores em campo, o meia Vandinho acha que a ingenuidade foi o principal pecado do Paraná. ?Tinha que ter um pouco mais de malandragem. Faltou segurar mais a bola, cair, deixar o tempo passar. Ficamos muito tristes, pela maneira que o time jogou. Mas não podemos ficar lamentando. Já passou?, concluiu.

O Tricolor volta a campo na próxima terça-feira, contra o Fluminense, em Volta Redonda (RJ).

Clube descarta aumento, e Pintado ensaia despedida

A história parece estar prestes a se repetir. Mais um treinador pode deixar o Paraná na mão em troca de um salário melhor. Assim como Caio Júnior e Zetti, o técnico Pintado também deve aproveitar a projeção que ganhou no Tricolor para faturar mais em outra praça. O jogo contra o Fluminense, na próxima terça-feira, já está com cara de despedida.

Após o jogo de ontem, Pintado confirmou que recebeu uma proposta de um clube dos Emirados Árabes. ?Tenho um documento assinado com uma proposta desse clube. Mas não sairia sem negociar honestamente com o Paraná. Quero muito continuar, mas sou profissional e tenho responsabilidade como pai de família. O importante é que a diretoria seja consciente?, diz o treinador.

As declarações dão a entender que Pintado quer uma compensação financeira para seguir na Vila Capanema. E, apesar de ele dizer que sua saída é ?muito difícil?, o Tricolor não parece disposto a aceitar. ?Temos um salário definido para o treinador e o Paraná não vai mudar sua política. Se ele achar que o salário pelo qual assinou contrato conosco é pouco, pode sair. Já conversamos com dois profissionais que podem vir treinar o Paraná?, avisou o vice-presidente José Domingos.

Uma reunião entre o técnico e a direção paranista iria ocorrer ainda na noite de ontem. (CM)

Atleticanos ficam satisfeitos com empate

O empate foi encarado como um bom resultado pela comissão técnica atleticana, por jogar com um homem a menos desde os 36 minutos do 1.º tempo e atuar no campo do adversário. De acordo com Antônio Lopes, a sua equipe fez uma 1.ª etapa com muitas falhas na marcação, principalmente no lado direito, e deu espaço para o meio-campo do Paraná trabalhar a bola. Com a expulsão de Danilo, a parte tática desandou ainda mais. Entretanto, no intervalo foram feitas as correções. A entrada de Nei deu mais equilíbrio à equipe, que melhorou até na parte ofensiva.

Sobre a opção de sacar Michel, o Delegado mostrou-se ousado pois, normalmente, para recompor a zaga, o técnico retira um atacante. Ele tirou um lateral. Segundo Lopes, essa estratégia foi possível porque Edno estava fazendo a função de armação no lado esquerdo e teve apenas que recuar um pouco para recompor o setor defensivo.

O treinador atleticano criticou o grande número de passes errados de sua equipe, o que resultou em um rendimento razoável, mas que ganhou relevância diante das circunstâncias. Para ele, o Furacão tem se portado bem nas partidas em que dirigiu e que ainda é muito cedo para cobrar uma apresentação acima da média do grupo. ?O time já evoluiu e a tendência é evoluir ainda mais?, afirmou.

Grupo

Após o término do clássico, os jogadores do Rubro-Negro foram unânimes em destacar a importância do empate na casa do rival, diante da inferioridade numérica. ?Foi um jogo difícil, de muita luta. Valeu o resultado e a disposição da equipe?, afirmou Edno. Para Cristian, o time demonstrou ser guerreiro e buscou o resultado o tempo todo. O artilheiro da equipe com 6 gols, Alex Mineiro, ficou feliz pela apresentação e disse que ?o empate ficou de bom tamanho?.

O apito de Heber Roberto Lopes não comprometeu e não influiu no resultado, na opinião de Antônio Lopes. O Delegado considerou uma arbitragem boa e a expulsão do capitão Danilo, correta.

Voltar ao topo