Em nove pontos disputados em Maringá, Paraná só ganhou um

Definitivamente, Maringá não dá sorte ao Paraná Clube. Em sua terceira atuação no Estádio Willie Davids pelo Brasileirão-2005, o Tricolor paranaense fez ontem sua pior partida na competição e foi facilmente goleado pelo São Paulo, por 4 a 0.

Foi uma tarde terrível para o Paraná, quando absolutamente nada deu certo para o time ?da casa?. A defesa, até então a menos vazada da competição, com apenas 20 gols sofridos, teve um desempenho sofrível, que culminou em um gol contra de Aderaldo, o último da goleada. De volta ao time, após a negociação frustrada com os espanhóis do Betis, o artilheiro Borges ficou isolado no ataque e praticamente não tocou na bola. A invencibilidade que já durava dez jogos foi para o espaço e, para piorar, o time ainda teve que escutar os gritos de olé da torcida paulista, mais uma vez em maioria absoluta no Norte do Estado.

Em sua melhor apresentação após a conquista da Libertadores, o São Paulo logo mostrou que estava disposto a enterrar

a má fase e fugir da zona de rebaixamento. A primeira oportunidade de gol até foi do Paraná, com Maicosuel, que recebeu passe de Flávio Alex, driblou seu marcador e bateu forte, exigindo boa defesa de Rogério Ceni. Mas o time paulista não demorou para tomar conta da partida.

Escalado por Lori Sandri com apenas um atacante, o time paranista não conseguia vencer a marcação sãopaulina e abusava da bola aérea e dos chutões para frente. Já o tricolor paulista tocava bem a bola e passou a envolver o meio-de-campo paranaense. Dos 15 aos 28 minutos, foram cinco chances claras criadas pelo São Paulo. Aos 31, veio o primeiro gol. Aderaldo derrubou Amoroso na entrada da área. Rogério Ceni bateu a falta sobre a barreira e Darci, com a visão encoberta, ficou plantado no chão. Foi o quinto gol do goleiro sãopaulino no campeonato.

O Paraná nem teve tempo para reagir e, cinco minutos depois, Cicinho cruzou na área e o zagueiro Lugano subiu sozinho para fazer 2 a 0. Lori então colocou Akai no lugar de Flávio Alex. A mudança não deu resultado e o garoto não tocou na bola.

Ao final do primeiro tempo, os jogadores do Tricolor estavam claramente irritados na saída para os vestiários. ?Precisamos que a bola seja trabalhada. Só na jogada aérea fica difícil. Não entramos em campo?, queixava-se Borges. Marcos foi ainda mais direto: ?Temos que ter atenção, se não vai ser de goleada?.

O zagueiro paranista tinha razão. O segundo tempo foi exatamente como o primeiro e o São Paulo continuou mandando no jogo, diante de um Paraná completamente apático. O terceiro gol saiu logo aos seis minutos. A zaga paranista foi ao ataque em uma cobrança de falta. A defesa do São Paulo afastou o cruzamento e a bola caiu nos pés de Aderaldo. Mas o zagueiro não teve domínio, Cicinho puxou o contra-ataque e cruzou rasteiro para Amoroso, completamente livre, tocar para as redes.

Depois do gol, o São Paulo diminuiu o ritmo e o Paraná passou a ter mais posse de bola. Aos 24, Thiago Neves, que havia entrado no lugar de Maicosuel, tocou para Borges, que girou e bateu por cima do gol de Rogério Ceni.

O técnico Paulo Autuori resolveu então dar um novo ânimo ao ataque sãopaulino, com Diego Tardelli no lugar de Amoroso. O time paulista voltou a levar perigo ao gol paranista. Aos 30, mais uma vez no cruzamento de Cicinho, Christian ficou cara a cara com Darci, que fez uma grande defesa. No rebote, Danilo bateu e o goleiro colocou para escanteio. Na cobrança, o quarto gol paulista. Darci não saiu, Aderaldo tentou cortar e marcou contra. O São Paulo ainda teve mais duas boas oportunidades, com Josué e Diego Tardelli, mas o placar ficou mesmo em 4 a 0 para tricolor paulista.

Com a derrota, o Paraná perdeu duas posições e agora está em sexto lugar na classificação. O próximo compromisso é contra o Juventude, em Caxias do Sul, no dia 7 de setembro. Já o São Paulo chegou aos 25 pontos, saiu da zona de rebaixamento e no dia 7 disputa o clássico contra o Corinthians.

Sem explicação pra goleada

Completamente atônitos. Assim estavam os jogadores do Paraná após a goleada diante do São Paulo. Ninguém sabia explicar por que o time, que vinha de uma série de dez jogos invictos e estava na quarta posição no campeonato, foi tão mal diante do tricolor paulista, em má fase e na zona de rebaixamento.

?Não sei explicar o que aconteceu com o time. Temos que dar parabéns para o São Paulo, que jogou muito bem?, disse Thiago Neves. O artilheiro Borges estava mais irritado: ?Simplesmente não jogamos futebol hoje?, disse o centroavante.

O técnico Lori Sandri, muito criticado pelas emissoras de rádio que transmitiram o jogo, preferiu colocar a culpa em um suposto cansaço. ?Esse não é nosso futebol. A equipe correu demais em Goiás (na quarta-feira) e sentiu o desgaste?, afirmou o treinador.

Lori, que não contava com o atacante André Dias, preferiu começar jogando com Maicosuel e Flávio Alex no meio, deixando Thiago Neves e Wellington Paulista no banco e Borges isolado no ataque. ?A equipe não colocou a bola no chão, insistindo nas bolas altas para o Borges. Os garotos, que são leves, não conseguiram ter a bola nos pés?, disse o técnico, tentando explicar o fracasso de sua tática. ?Durante a semana, essa pareceu a melhor formação. Mas nem sempre o que a gente imagina acontece.?

O comandante paranista fez questão de negar um suposto desentendimento entre ele e Thiago Neves. Uma briga entre o meia e o treinador chegou a ser especulada como o motivo para Thiago não ser escalado como titular. ?Ele não vinha jogando bem e volta aos poucos. Se tivesse problema comigo, não estaria no grupo. Se estiver bem, vai jogar. Se não, fica fora.?

Campeonato Brasileiro
22.ª rodada
Gols: Rogério Ceni aos 31?, e Lugano aos 36? do 1.º tempo. Amoroso aos 7?, e Aderaldo (contra) aos 31? do 2.º tempo.
Árbitro: Leonardo Gaciba (RS – Fifa).
Assistentes: Sérgio Buttes Cordeiro Filho (RS) e Marcos Viana Ibanez (RS).
Cartões amarelos: Aderaldo, Akai (PR), Cicinho e Josué (SP).
Público: 12.782 pagantes (15.281 total).
Renda: R$ 320.472,50.
Local: Willie Davids, em Maringá.

PARANÁ  0 x 4 SÃO PAULO

Paraná – Darci; Daniel Marques, Marcos e Aderaldo; Neto, Rafael Muçamba, Mário Cesar (Xaves), Flávio Alex (Akai), Maicosuel (Thiago Neves) e Vicente; Borges. Técnico: Lori Sandri.

São Paulo – Rogério Ceni; Cicinho (Alê), Lugano, Edcarlos e Richarlyson; Renan, Mineiro, Josué e Danilo; Amoroso (Diego Tardelli) e Chrinstian. Técnico: Paulo Autuori.

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