Os fatos e as possibilidades para o jogo entre Palmeiras e Atlético, domingo no Allianz Parque, criaram um clima bastante esquisito. A classificação dos times na tabela e um histórico de brigas judiciais envolvendo o Furacão e o Vitória, clube diretamente interessado na briga contra o rebaixamento, levantaram dúvidas sobre o real interesse do Atlético em vencer o jogo. Caso perca, automaticamente o Palmeiras estará salvo e o Vitória rebaixado. Todo esse contexto pôs em dúvida a vontade do Rubro-Negro em vencer.
Oficialmente os representantes do Vitória negam que colocaram em dúvida o caráter dos atleticanos. O curioso é que a história já colocou dois dos clubes envolvidos nessa polêmica em lados diferentes. Em 1996 o Atlético estava igualmente garantido na Série A e se perdesse o jogo contra o Criciúma, salvaria o time catarinense e rebaixaria o Fluminense, que enfrentava o Vitória (que não aspirava mais nada na competição, assim como o Furacão). O jogo entre os baianos e os cariocas tinha bastante importância, afinal se o Vitória fosse derrotado e o Bahia perdesse para o Flamengo, quem caía era o Bahia.
O Vitória realmente perdeu (mandou o jogo no interior do estado, onde a torcida do Flu era forte) e foi acusado de facilitar a vida do adversário para prejudicar o rival Bahia. Por sua vez, o Bahia venceu o Flamengo e se garantiu na Série A sem precisar do rival. O Atlético perdeu e o Fluminense caiu.
O “clima de entrega” daquela época era semelhante ao observado agora. Um dos jogadores daquele time do Furacão em 96, o hoje vereador Paulo Rink ainda fica bronqueado por ter tido seu caráter questionado. “Sempre joguei para ganhar. Quando começa, essa conversa me arrepia até hoje”, disse. “Fiquei bravo porque o nosso time não ganhou. Todos falam que foi entregue, mas posso falar por mim. Tenho raiva dessa história até hoje”, disse o ex-jogador.
Para Rink, os jogadores não podem dar chance para que questionem suas vontades em campo. “Aconselho os jogadores que vão jogar a não deixarem nenhuma dúvida, senão terão que carregar esse fardo um bom tempo”. “O Palmeiras pode fazer um grande jogo e ganhar. Ou o Atlético vencer. Que vença o melhor. Não vai mudar nada. Os jogadores não têm que interferir nos problemas da diretoria. Tem que fazer a parte deles. Se fizer isso, a polêmica será só no pré-jogo. Depois vai ser esquecida”. O técnico Claudinei Oliveira disse que jogará pensando apenas no Atlético.