Técnico da seleção brasileira na conquista do título da Copa do Mundo de 2002, Luiz Felipe Scolari está prestes a dirigir a equipe nacional no torneio novamente. Assim, ele tem a experiência de quem já comandou o Brasil sob pressão e pode avaliar o clima no grupo de jogadores. E mesmo evitando comparações com a equipe de 2002, ele classificou o atual ambiente como “um dos melhores” que já viu na sua longa trajetória no futebol.
“Tem características diferentes, personalidade, o grupo reage de modo diferente. O ambiente é muito sadio, interessante e de um jeito que dificilmente se vê. Há muita proteção entre eles, amizade pura, mesmo com a briga pelas posições, mas sempre respeitando o colega de forma muito simpática. Diferente do que vivi em alguns clubes, embora fossem bons ambientes. Um dos melhores da minha vida, pelo respeito e forma como trabalham”, disse Felipão.
A seleção brasileira entrará em campo para a disputa da Copa do Mundo com um grupo bastante renovado, pois apenas seis jogadores – o goleiro Julio Cesar, os laterais Daniel Alves e Maicon, o zagueiro Thiago Silva, o volante Ramires e o atacante Fred – participaram anteriormente da competição.
Para o zagueiro David Luiz, a ausência de campeões mundiais no grupo de jogadores pode até ser um trunfo, pois aumenta a “fome de vitória” dentro da seleção. “Todos estão com fome de provar desse gosto. Se tivesse dez campeões, não seria da mesma forma. Temos a chance de provar esse sabor, levantar a taça. E dentro do nosso país”, destacou o zagueiro.
Fora de campo, a situação é bem diferente, pois Felipão comanda uma comissão técnica bem semelhante com a de 2002. A principal exceção é a presença de Carlos Alberto Parreira como coordenador técnico, em função exercida por Antônio Lopes há 12 anos. E o treinador faz questão de destacar a qualidade do restante da comissão e da facilidade que isso lhe dá no cotidiano da seleção brasileira. “Tenho esse grupo de apoio espetacular, que faz um papel maravilhoso para me dar a possibilidade de escolher e fazer o que quiser. Assim, vejo uma semelhança muito grande”, afirmou.
O elenco, sem tanta experiência, tem como principal liderança o zagueiro Thiago Silva, capitão da seleção brasileira. E Felipão garantiu que o jogador do Paris Saint-Germain tem total apoio do restante do grupo, como ficou apontado no trabalho desenvolvido pela psicóloga Regina Brandão.
“Tem liderança e de forma muito bem aceita, muito bem vista pelos colegas. Nos testes, foi apontado por 14, 15 jogadores para ser o capitão. Tem essa qualidade, sabe liderar, comandar o grupo e também tem liderança técnica. E possui as qualidades técnicas de um dos melhores zagueiros do mundo. Aplica essas virtudes no momento que a gente precisa. Foi escolhido como nosso principal capitão, mas também tenho outros que exercem essas funções”, disse Felipão, que sempre destaca ter outros três líderes em campo: David Luiz, Julio Cesar e Fred.
O trabalho psicológico também serviu para apontar a Felipão a melhor forma de lidar com o grupo de jogadores. Ele explicou que vem dando mais carinho a alguns nomes após receber os resultados dos testes, mesmo sem revelar quem especificamente precisa de mais palavras de apoio.
“Olhamos os dados e passamos a trabalhar de uma forma um pouco diferente com A, B ou C pelo que foi passado para nós. Acrescentamos naquilo que nos foi indicado, que podíamos fazer e teríamos mais proveito. Eu me aproximo mais de um ou outro, porque alguns precisam de mais apoio e carinho. Acho que isso dá mais equilíbrio ao grupo”, comentou Felipão, muito satisfeito com o grupo sob o seu comando às vésperas do começo da Copa do Mundo.