Eleições em Curitiba podem mudar gerência do mundial

Colaborou Elaine Felchacka

As secretarias criadas pelo poder público para gerenciar a Copa do Mundo de 2014 no Paraná, tanto a municipal quanto a estadual, podem trocar de mãos depois do segundo turno das eleições para prefeito de Curitiba – tendência indicada pelas pesquisas. Principalmente se confirmada a polarização entre o atual prefeito, Luciano Ducci, e o oponente Ratinho Júnior. Se mantido o “status quo”, ele tende a não prevalecer para Luiz de Carvalho e Mário Celso Cunha – atuais secretários da Copa. Vencendo um candidato que não seja Ducci, as chances de a dupla permanecer ficam menores ainda. Pelo menos é o que já se especula nos meios políticos-eleitorais, e que ambos, de certa forma, confirmam. “Eu posso não estar mais à frente da secretaria se meu grupo político vier a ficar fora do comando da cidade. Isso faz parte da vida do homem público político. Tem aquele homem público concursado, mas eu sou homem público político e nada mais natural que, não sendo meu grupo político, eu também não fique mais”, reconheceu Carvalho, secretário municipal da Copa.

Mário Celso Cunha, que comanda a secretaria estadual da Copa, torce para que não mude nada, mas não crava. “Acho que não muda nada, mas não posso falar de algo que ainda vai acontecer. Prefiro não falar sobre hipótese, porque tudo pode acontecer”, admite. Segundo fontes ligadas ao Palácio Iguaçu, para o governador Beto Richa a fase política da viabilização do Mundial em Curitiba já passou. Agora seria a hora de fiscalizar as obras e de acompanhar o cumprimento dos cronogramas e dos investimentos. Por isso, Mário Celso Cunha não está seguro no cargo, mesmo que, em tese, não tenha vínculo com a Prefeitura de Curitiba. “Ocorrendo a alternância, tenho certeza que as pessoas que por ventura vierem a ter a gestão deste processo também agirão com muita responsabilidade”, avalia Luiz de Carvalho, sobre a eventual dança das cadeiras.

Divulgação
Mário Celso Cunha: preferindo não pensar no futuro.

Com a continuação de Ducci à frente da prefeitura, Luiz de Carvalho tem chances de continuar, mas a possibilidade não é de 100%. Os efeitos da Copa nas eleições – sobretudo as críticas sobre as facilidades criadas para que as obras da Arena da Baixada sejam regadas com dinheiro público, via potencial construtivo – também podem levar o prefeito, desde que ocorra a reeleição, a conduzir um técnico para o cargo. Já se o vencedor for Ratinho Júnior, a tendência é que ele extinga a secretaria municipal da Copa. Por outro lado, um dos mais interessados no Mundial em Curitiba, o presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, já até almoçou com Ratinho, o pai, para interceder por Luiz de Carvalho. O encontro ocorreu dia 21 de setembro, na churrascaria Badida, no bairro Batel. Petraglia entende que Carvalho foi um soldado em defesa da indicação da Arena da Baixada como o estádio da Copa e busca preservá-lo, mesmo que o prefeito seja outro.

Independentemente de ficar ou não, Carvalho cita que o processo da Copa em Curitiba está consolidado e não há risco de haver mudanças drásticas. “É um projeto de muita responsabilidade, tanto técnico quanto nos quadros políticos. Curitiba faz parte dele desde 2007, quando o Brasil foi escolhido como sede. Ao longo deste período foram feitos vários documento, cadernos de encargos, contratos, matrizes de responsabilidade com a participação dos governos e do Atlético. O grau de comprometimento institucional chegou a tal ponto que dific,ilmente ele sofrerá alterações nos próximos dois anos, que é o que falta para o Mundial. Do ponto de vista institucional não existe falha, nada que possa ser alterado [no processo Copa]. Curitiba tem hoje próximo de R$ 1 bilhão de investimentos comprometidos com o projeto, e com ações que estão em andamento”, finaliza, consciente de que diante da dança das cadeiras que se avizinha, ele pode assistir a Copa do Mundo em pé.