Eleição no Atlético está sem candidato

O futuro do Atlético será decidido pelos seus sócios. É o que ficou determinado ontem quando, ao final do prazo para a inscrição de chapas para a eleição dos conselhos deliberativo e gestor, nenhum grupo protocolou registro. Assim, a eleição marcada para o dia 11 de dezembro não acontecerá e a solução para o impasse será a convocação de assembléia-geral. Podem participar dela todos os sócios em dia e com mais de um ano de vida associativa. O número de sócios aptos a votar é aproximadamente mil pessoas.

Ontem mesmo o presidente do conselho deliberativo, Mário Celso Petraglia, anunciou a convocação da Assembléia-Geral Extraordinária para 14 de dezembro, no salão Vip da Arena. A primeira convocação será às 18h30 e a segunda às 19h.

A urgência na estipulação da nova data tem sua explicação. Caso a convocação não fosse feita até 31 de dezembro, o clube corria o risco de ficar acéfalo a partir de 1.º de janeiro de 2008. Isso porque todos os ocupantes de cargos eletivos no Atlético – dos conselhos deliberativo, administrativo e financeiro -têm seus mandatos encerrados ao final de dezembro.

Decisão

A assembléia-geral tem poder pleno para tomar qualquer decisão sobre o futuro do clube. Na reunião poderão ser eleitos os integrantes dos conselhos deliberativo – que varia entre 80 e 300 conselheiros – e quem ocupará as vagas do conselho administrativo (gestor) que oscila entre 3 e 15 pessoas (mínimo e máximo). Ou seja, decidir quem comandará as duas presidências, já que no clube as eleições para os conselhos são separadas.

Durante o decorrer da assembléia, os sócios também poderão decidir apenas eleger o conselho deliberativo e conceder a ele o poder de eleger o conselho administrativo. Outra opção seria determinar uma nova data para a realização do pleito.

Portanto, caberá aos sócios decidir efetivamente quem será o mandatário do Furacão e o grupo responsável por administrar o clube no próximo biênio. Ressalta-se que não há um número mínimo de sócios para que a assembléia seja realizada, após a segunda convocação. Assim, os presentes na reunião (independente do número) poderão decidir, entre eles, quem assumirá o clube ou indicar pessoas para tal, caso elas aceitem.

Quem assume as rédeas do Furacão?

A falta do registro de uma chapa do grupo da situação, comandado pelo então presidente do conselho deliberativo Mário Celso Petraglia, causou estranheza. Muitos atleticanos esperavam pela continuidade do grupo político que comandou e reestruturou o clube nos últimos 12 anos. No entanto, a não-presença dos situacionistas não significa que eles não permanecerão no poder. Na assembléia-geral, nomes já conhecidos podem reaparecer e dar continuidade ao projeto de ?modernização e transformação do Furacão em um dos maiores clubes do País?.

A ausência nas eleições do clube foi a maneira encontrada pela atual gestão para mexer com o brio de todos aqueles que se dizem atleticanos e provar o valor de todos esses anos de administração. O presidente João Augusto Fleury disse que chegou a hora de os atleticanos, sócios e torcedores, assumirem responsabilidades e ajudarem a construir um Rubro-Negro mais forte. ?O Atlético precisa da contribuição da torcida. Nós não estamos à frente do clube com objetivos escusos e nem de obter notoriedade?, disse.

O presidente também cobrou maior participação dos rubro-negros e criticou a acomodação de alguns setores, pois todos sempre esperam que o ?grupo do Petraglia? assuma a imensa responsabilidade que é gerir um clube do porte do Atlético. Em uma carta assinada por Fleury e Petraglia, divulgada no site oficial do clube, há explicação para o não-registro de uma chapa às eleições. ?Não se trata de um ato de protesto, nem de desconsideração à gente atleticana. A hora é de reflexão e o momento exige atitude, postura de coragem e de compromisso?, diz o comunicado.

Em outro trecho é relatado o árduo caminho percorrido para reerguer o Atlético e transformá-lo em um clube que é referência nacional de administração. Também cita como é difícil conviver com as críticas vindas de pessoas que não pensam no Furacão como um todo. ?Vislumbra-se uma acomodação geral, na qual Petraglia e seu grupo devem sempre seguir à frente do clube para realizar as infindáveis aspirações. O apoio geral, contudo, cessa tão logo realizadas as eleições. Uma vez delegado o mandato, volta-se a cobrança irracional, insana, sempre estimulada pela cobiça e a inveja dos rivais locais, hoje derrotados (…) Preocupa-nos o futuro do clube. Se até aqui assentamos uma base sólida para um porvir venturoso, não olvidemos que a ruptura deste processo nos remeterá a um inexorável passado de dificuldades que queremos esquecer (…) Doravante os desafios serão cada vez maiores. Não perdemos, contudo, o otimismo e nem a crença na força da gente rubro-negra. Hoje somos reconhecidamente mais de 1,5 milhão de atleticanos, dos quais apenas pouco mais de três mil são associados. É necessária a mobilização desta energia, agora meio letárgica pela acomodação destas conquistas, para assegurar o futuro deste Clube Atlético de todos os Paranaenses?.

Fleury indignado com as críticas

Em entrevista à Rádio Difusora, João Augusto Fleury demonstrou indignação às críticas pela qual a atual gestão têm passado e com o desinteresse de ?alguns? pelo crescimento do clube, colocando o lado pessoal acima do Atlético. ?As pessoas acham que a presidência é um cargo remunerado. Esquecem que o CAP é sem fins lucrativos. O superávit é investido no clube (…) Tem pessoas que pensam que o Atlético é um grande balcão de negócios. Parece-me que no momento há dentro do clube uma saturação para com a nossa filosofia de trabalho, de pessoas que acham que o importante é apenas ganhar títulos a qualquer preço?, cutuca.

E termina afirmando que está fora da sucessão presidencial. ?Não aceito estar em um ambiente no qual duvidam da nossa idoneidade?. O presidente do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia, está em viagem por São Paulo e não comentou sobre a não inscrição da chapa situacionista.

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