Dirigente diz no TJD que não existe corrupção no apito

?Bruxo? é só uma expressão de tratamento e ?dois paus? não passam da taxa obrigatória de arbitragem. Assim o ex-presidente do Conselho Deliberativo do Operário, Silvio Gubert, explicou a polêmica entrevista à ESPN Brasil, levada ao ar no último domingo. O dirigente depôs ontem no Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paranaense de Futebol e negou que tenha indicado um esquema de corrupção na arbitragem da Série Prata do Estadual.

Domingos Moro, advogado do Operário, sustenta que Gubert se referia à taxa de arbitragem quando falou em ?dois paus na mão do bruxo?. O número seria o valor aproximado da soma de duas taxas: os R$ 1.200 a R$ 1.600 por partida que cabem à arbitragem, mais a contribuição única de R$ 5 mil, paga antes do campeonato, dividida pelo total de partidas. Na versão anterior, o ex-dirigente dissera que as declarações se referiam a acontecimentos do passado.

Gubert também explicou que usa as expressões ?bruxo? ou ?fera? de forma bastante peculiar, como sinônimo de ?você? ou ?senhor?. Assim, ao contrário do que faz supor a gravação, o ?Bruxo? seria apenas o ?cara? responsável pelo recolhimento das taxas de arbitragem. ?Houve recomendação para que as taxas fossem pagas com antecedência. Por isso ele fala em pagar o bruxo?, explica Moro.

O ex-dirigente do Operário, afastado pela presidência depois que a reportagem foi ao ar, disse também que não esteve na sede da FPF em 2005, e, entre lágrimas, negou ter ouvido falar em esquemas envolvendo árbitros no futebol paranaense.

Também ouvido pelo TJD, o presidente do Operário, Silvio Cosmoski, alegou dificuldades financeiras como argumento de defesa. Ele disse que tem um déficit mensal de R$ 17 mil e por isso não faria sentido gastar mais R$ 2 mil na compra de árbitros. Cosmoski ameaçou processar a ESPN Brasil por causa da reportagem.

Já o presidente da comissão de arbitragem da FPF, Valdir de Souza, declarou ter se sentido indignado com a matéria do canal por assinatura e classificou os árbitros paranaenses como honestos e cumpridores da lei. Ele lembrou que os apitadores são designados por sorteio público e que a comissão estará atenta para que a verdade venha à tona.

Sacerdote não está satisfeito

O auditor do TJD que preside o inquérito do ?caso Bruxo? admitiu não ter se convencido da inocência dos dirigentes do Operário. Questionado sobre qual ponto causou mais estranheza, Octacilio Sacerdote Filho citou a ?ingenuidade? alegada por Silvio Gubert e Silvio Cosmoski. ?O Operário alega nunca ter ouvido falar em esquema de arbitragens. Mas todo ano, em todos os campeonatos, há reclamações neste sentido?, afirmou o auditor.

Sacerdote disse ainda que irá convocar o colunista Augusto Mafuz, da Tribuna, a depor na próxima audiência sobre o caso, marcada para 12 de setembro. Na coluna publicada na sexta-feira, dia 2, Mafuz revela que um ex-árbitro da FPF confirmou a identidade do ?Bruxo?, operador do suposto esquema de corrupção de arbitragens. O auditor quer que Mafuz aponte o nome do Bruxo e disse que o colunista está sujeito a sanções jurídicas caso se recuse a comparecer ao tribunal.

Além de Mafuz, serão chamados no dia 12 o árbitro Antônio Salazar Moreno, que apitou o jogo entre Operário e São José -ocorrido logo após as declarações de Gubert à ESPN Brasil -, e o representante da FPF na mesma partida. O TJD também irá solicitar ao canal de televisão a cópia original da fita gravada com o depoimento de Gubert. O ex-dirigente, o clube e os árbitros eventualmente envolvidos no esquema podem ser banidos do futebol caso as denúncias de corrupção sejam comprovadas.

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