Denúncia de corrupção na Série Prata coloca FPF na parede

Uma reportagem do canal por assinatura ESPN Brasil pôs em xeque a lisura do Campeonato Paranaense da Série Prata. Durante o programa Histórias do Esporte, veiculado domingo à noite, um dirigente do Operário de Ponta Grossa revela a existência de uma espécie de ?caixa 2? custeado pelos clubes para obtenção de vantagens na arbitragem. A Federação Paranaense de Futebol e o próprio cartola apressaram-se em desmentir qualquer maracutaia na Segundona estadual.

Silvio Gubert, ex-presidente do Operário e atual chefe do Conselho Deliberativo, foi um dos muitos personagens entrevistados pelo programa de uma hora e meia, que ganhou o sugestivo título ?Paraná de Prata e de Lama?. A certa altura, Gubert pede para os repórteres desligarem as câmeras, providência que não foi atendida.

Sem saber que a conversa era gravada, Gubert revelou que, além da taxa normal de arbitragem no valor de R$ 1.200,00, os clubes eram ?recomendados? a pagar R$ 2 mil a um certo ?Bruxo?, que seria vinculado à Federação. ?Num jogo desses aí, disseram que se não déssemos dois paus ao Bruxo, ele faria jogo com outro (time). E isso na primeira fase, porque na segunda vai mais?, contou Gubert. O dirigente revelou que até a diferença de gols seria pré-acertada. ?Perguntam: de quanto querem ganhar? De três? Então tá resolvido?, afirmou.

Desmentido

Ontem, Silvio Gubert concedeu entrevista à imprensa em Ponta Grossa e acusou a ESPN Brasil de ter manipulado a edição das imagens. O dirigente alega que a reportagem apurou um suposto esquema de suborno em outras cidades com clubes da Série Prata, como Cascavel e Foz do Iguaçu, e questionou se o Operário sabia de algo semelhante. O dirigente disse na coletiva que as histórias relatadas eram do passado e que o clube não se envolve em corrupção da arbitragem.

Gubert disse ainda que irá solicitar à Justiça a fita original gravada pela ESPN e enviar nota à FPF para explicar o ocorrido.

O site da ESPN Brasil informa que o programa será reprisado à 1h do próximo domingo.

Moura diz que vai apurar os responsáveis

A Federação Paranaense de Futebol emitiu nota à imprensa afirmando que irá ?averiguar? as denúncias veiculadas pela ESPN Brasil. Segundo o comunicado, o presidente da entidade, Onaireves Moura, pediu à emissora uma cópia da fita do programa Histórias do Esporte e irá enviá-la a seu Departamento Jurídico.

Na nota, Moura disse que as declarações dos dirigentes entrevistados não são verdadeiras. ?Vamos apurar as responsabilidades?, prometeu.

O presidente da Comissão de Arbitragem da FPF, Valdir de Souza, não atendeu aos telefonemas da reportagem da Tribuna. Mas o árbitro Antônio Salazar Moreno reagiu às declarações do dirigente Sílvio Gubert à ESPN Brasil. Moreno apitou Operário x Real Brasil, pela 3.ª rodada do returno da Série Prata – jogo acompanhado pela equipe de reportagem do canal pago após a revelação do suposto esquema de suborno.

Em entrevista à Rádio Transamérica, o apitador negou que exista verba extra para arbitragem. ?Quem recebe a taxa é o representante da FPF, que muda a cada jogo. Estamos tranqüilos?, disse o árbitro. Entrevistado na ocasião pela TV, ele disse que as taxas eram pequenas (R$ 350, mais diária e passagem), mas pagas corretamente.

Na partida realizada em Ponta Grossa e que terminou empatada em 0 x 0, o Operário chegou a reclamar da atuação de Moreno por causa de um gol anulado. O programa da TV chega a insinuar que os resultados seriam manipulados sem o conhecimento dos árbitros.

Justiça obriga FPF a ?escalar? enfermeiros

A juíza substituta da 6.ª Vara Federal do Paraná, Ana Carolina Morozowski, julgou procedente a ação do Conselho Regional de Enfermagem do Paraná (Coren) contra a Federação Paranaense de Futebol, pedindo a presença de profissionais da área em todos os eventos esportivos do Estado. A sentença obriga a FPF a disponibilizar dois enfermeiros-padrão para cada 10 mil torcedores presentes à partida, conforme estabelecido pelo Estatuto do Torcedor – que também exige um médico e uma ambulância para o mesmo contingente de público.

Já o pedido para a FPF encaminhar ao Coren a relação nominal dos enfermeiros que irão atuar durante os eventos foi julgado improcedente. A decisão foi publicada ontem no Diário da Justiça do Paraná.

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