De desacreditado a artilheiro

Yokohama (AE) – O artilheiro Ronaldo Luís Nazário de Lima demostrou ontem que o apelido de “o Fenômeno”, que um dia lhe colocaram por causa de seus gols incríveis, poderia ter sido dado a ele por seu retorno ao nível máximo do futebol quando já havia quem duvidasse de sua carreira.

Desde que sofreu uma grave lesão no joelho direito em 2000, sete meses depois de uma lesão no mesmo lugar, o futuro esportivo do atacante brasileiro se tornou uma enorme incógnita, e a frase “nunca mais será ele mesmo” se tornou comum. Porém, contra quase todos os prognósticos, Ronaldo jogou todas as partidas da campanha brasileira na Coréia do Sul e Japão, foi campeão do mundo e terminou no topo da artilharia com oito gols, três a mais que o segundo colocado.

“Eu já falei: minha grande vitória foi voltar a jogar futebol, a fazer gols. E a vitória de ontem coroou um grupo maravilhoso que conseguimos formar, mas também coroou minha luta pela recuperação”, afirmou Ronaldo depois de colocar a medalha de ouro dos campeões.

O técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, foi fundamental na recuperação de Ronaldo, porque assumiu o cargo afirmando que a seleção era “Ronaldo e outros 10 jogadores”, e apostou todas as suas fichas na presença do “O Fenômeno” nos campos asiáticos.

Quando o Brasil passou por dificultades nas Eliminatórias mundiais sul-americanas, vários vozes no Brasil questionaram a insistência de Scolari em esperar por um jogador que ninguém sabia se teria condições de disputar uma única partida da Copa do Mundo.

Para piorar a situação, os médicos da seleção brasileira e os do clube de Ronaldo, o Internazionale, nunca estiveram de acordo sobre o estado de recuperação do jogador. Na prática, a insistência do Brasil com Ronaldo acabou por ser vital em sua total recuperação.

Quando o Brasil estreou na Copa do Mundo, contra a Turquia, Ronaldo ainda era um ponto de interrogação. O Brasil foi campeão derrotando em seqüência Turquia, China, Costa Rica, Bélgica, Inglaterra, Turquia novamente e Alemanha. Com a exceção da Inglaterra, todos provaram o veneno do brasileiro.

Aos 25 anos, bicampeão do mundo (já havia vivido essa experiência em 1994, quando tinha apenas 18 anos recém-completados), “O Fenômeno” se igualou ao rei Pelé como o maior artilheiro brasileiro em mundiais, com 12 gols.

Com esse número de gols, Ronaldo ficou apenas com um gol atrás do francês Just Fontaine, e a dois da marca recorde do alemão Gerd Muller.

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