Dá-lhe, Ronaldo! Dá-lhe, Felipão!

Perdoei o “bodinho” Ronaldo. Ele estava com a barra suja comigo. Não conseguia esquecer aquela amarelada contra os franceses, quatro anos atrás. Agora, tudo bem. Posso até passar a chamá-lo de “Fenômeno”. Ele se redimiu com a maravilhosa atuação, pela garra, pelo esforço sobrenatural de quem ainda está se recuperando do joelho doente, nestes jogos da Copa que termina hoje. Se Deus quiser, com a derrota dos alemães, dois gols do menino dentuço. O rapaz é um herói e, se repetir o que vem fazendo, merece ser canonizado, estátua nos altares ao lado de Madre Paulina.

Não sou muito de futebol. Encerrei minha carreira de atleta aos doze anos de idade, dois braços quebrados numa partida. E o que me faz ficar afastado do esporte bretão é o mercenarismo que campeia, o tapetão, a mala preta, são os homens da latinha. Galvão Bueno é insuportável! E o pessoal que o acompanha é um time de chatos, narradores do óbvio. Esquecem que existe a imagem, que todo mundo vê o que rola no gramado. Mais do que eles.

Gosto da seleção. Gostarei ainda mais se Ricardinho estiver entre os onze que entram jogando contra os chucrutes. Ele me lembra Gérson. Kléberson tem que ser titular absoluto; Gilberto Silva, absolutíssimo. Não gosto do Luizão nem do Vampeta. Rivaldo é ótimo, não briga com a bola. Os dribles do Denílson fazem bem à vista. Aqueles quatro turcos correndo atrás dele é cena que entra na história. E o Marcos? Chamá-lo de santo é pouco. Seus milagres são de um deus mitológico.

Encerro falando da melhor figura da seleção: Luiz Felipe Scolari. Não gosto do verbo, mas vou usá-lo: Felipão resgatou a imagem do técnico de futebol. Chega daqueles caras de terno e gravata na lateral, gritando para os jogadores e fazendo pose para as câmeras. Chega dos Luxemburgos da vida! Técnico tem que estar de tênis, agasalho e sangue quente nas veias. Festejar os gols pulando feito criança, estrilar, gritar, dizer palavrões. E ter personalidade, coragem de não convocar Romário.

Em tempo: chamei Ronaldo de “bodinho” por causa do cabelo dele. Na minha infância, os japonezinhos tinham o cabelo cortado igual ao de Ronaldo. E japonês, por nós do interior de São Paulo, do Norte do Paraná, era xingado de “bode”. Japonezinho, de “bodinho”. É claro. Cabelo à la bodinho. Ronaldo não inventou o modelito, pois!

Mussa José Assis é diretor de O Estado.

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