Curitiba pode ter centro de excelência em luta olímpica

Heptacampeão brasileiro de Luta Olímpica (wrestling) na categoria 60 kg e integrante da seleção brasileira permanente, Fábio Cunha, nome certo no Pan-Americano de 2007, no Rio de Janeiro, deixou há um mês sua casa em Goiânia para treinar em Curitiba, com a equipe da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O que atraiu Fábio, assim como outros atletas de destaque no cenário nacional, foi a estrutura de treino oferecida pela Universidade e a possibilidade de ser orientado pelo professor Sérgio dos Santos, ex-técnico da seleção brasileira e um dos especialistas em luta olímpica no País.

Foi de Sérgio, em 1997, a idéia de criar um núcleo de wrestling na Universidade. Vindo de São Paulo para lecionar a disciplina de "Lutas aplicadas à Educação Física" na instituição federal, Sérgio mobilizou alunos que até então não conheciam a modalidade, construindo, de forma coletiva, uma área de treino. "Recebemos doação de pó de borracha para fazer o piso, fizemos pedágio para pode comprar a lona, pintamos os limites à mão, mas temos uma área oficial", comemora o professor.

Os "frutos" não demoraram a ser colhidos. Em 98, a equipe da UFPR trouxe diversas medalhas em campeonatos brasileiros e conseguiu marcas expressivas no campeonato norte-americano universitário, em Michigan, colocando o Paraná como expoente em lutas no Brasil.

Santos ficou fora por quatro anos, cursando doutorado, e retornou às atividades este ano, trazendo consigo alguns atletas de nível internacional. Além de Fábio, vieram para o Centro de Treinamento Jéferson Cardoso (campeão brasileiro e integrante da seleção permanente) e Regiane Koswoski, a grande aposta de Sérgio para o Pan, e seu marido, Augusto Mancini.

A equipe está se preparando para o campeonato brasileiro, marcado para o Mato Grosso do Sul, em agosto, para a Universíade, no fim do mesmo mês, na Turquia, e para os mundiais Master, no Irã e Sênior, na Hungria, ambos em setembro.

Projeto também tem caráter social

O projeto comandado por Sérgio Santos também conta com um trabalho de inclusão social. Os mesmos atletas que treinam duro toda noite, pela manhã, ministram aulas para 40 crianças carentes, do Projeto Gralha Azul, o que também motiva o campeão Fábio Cunha. "A possibilidade de poder ensinar o que se sabe, ser um espelho para crianças carentes também motiva bastante. Podemos, com a luta, formar homens de caráter e, quem sabe, atletas internacionais".

O reconhecimento do trabalho desenvolvido na UFPR é patente. A Confederação Brasileira de Lutas confirmou que, após o brasileiro, a seleção permanente fará uma temporada de treinamentos com a equipe da UFPR. Além disso, a entidade doou ao Centro, um tapete oficial para treinamento, importado da Alemanha, no valor aproximado de R$ 15 mil. "Só falta agora um ginásio para abrigar o tapete", lamenta o professor Sérgio.

Com esse tapete e uma área que a Universidade está disposta a ceder, dentro dos 169,4 mil metros quadrados onde está localizado o Centro de Educação Física e Desportos, para a construção do ginásio, o treinador sonha em construir um centro de excelência de luta olímpica, nos moldes do que já foi feito com o vôlei e a ginástica (únicos esportes olímpicos que Sérgio considera bem estruturados no Brasil). "Mesmo sem estrutura, nós somos potência em judô, em jiu-jitsu, no vale-tudo. O brasileiro tem uma predisposição aos esportes de combate. Se houver estrutura para detectar e aprimorar talentos, temos condições de formar atletas olímpicos. E o wrestling distribui 72 medalhas por Olimpíadas".

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