Sócrates, 66 anos: os confrontos do Doutor contra os nossos times

Poucas imagens representam tanto a elegância de um jogador de futebol como essa de Sócrates contra a Argentina, na Copa de 82. A foto é de JB Scalco para a revista Placar. Scalco era conhecido como o "Van Gogh dos Pampas".

Nesta quarta-feira, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira completaria 66 anos se estivesse entre nós. Nascido em 19 de fevereiro de 1954, em Belém, escreveu uma das mais belas páginas do futebol brasileiro, tanto dentro como fora de campo. Talentoso, inventivo e completo como jogador, foi um homem de seu tempo, compreendendo o poder do esporte na cultura nacional e dando uma contribuição gigante num dos gigantes do País, o Corinthians.

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O Doutor Sócrates é um dos meus ídolos. Ele apenas parecia desengonçado. Com a bola nos pés, era ágil, inteligente e fatal. Começou a carreira como centroavante no Botafogo de Ribeirão Preto e depois se consagrou com a camisa 8 do Timão e da seleção brasileira. Jogou duas Copas do Mundo, era o capitão da seleção de 1982, que está na origem da minha paixão pelo futebol.

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E como foram os encontros de Sócrates com o futebol paranaense? Ele veio apenas uma vez a Curitiba defendendo a seleção brasileira, em maio de 1986, num amistoso com o Chile no Pinheirão – entrando no lugar de Zico, que sofreu aqui a lesão que o tirou dos dois primeiros jogos da Copa do Mundo do México. E contra nossos times?

Athletico x Sócrates

A primeira vez em que o Doutor enfrentou um time de Curitiba foi em 29 de setembro de 1976, uma quarta-feira, no estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto. O Botafogo venceu o Athletico por 1×0, gol de Lorico. O Furacão foi para o jogo dependendo de um empate para se classificar para a fase semifinal do Campeonato Brasileiro – pra entender, ‘fase semifinal’ não significava a semifinal, e sim a fase da qual sairiam os quatro semifinalistas. Naquele tempo era assim, você jogava a fase semifinal pra tentar se classificar pra semifinal. Entendeu? Eu também não.

Sócrates nos tempos de Botafogo-SP. Foto: Arquivo

O segundo e último encontro em campo de Sócrates com o Athletico, aí pelo Corinthians, aconteceu em 7 de abril de 1984, um sábado, no Couto Pereira. O jogo foi válido pela terceira fase do Brasileirão, teve 49.740 pagantes e terminou empatado em 1×1, gols de Amauri para o Rubro-Negro e Edson para o Timão. Segundo a revista Placar, o craque participou dos dois gols, errando um passe que gerou o ataque atleticano e depois iniciando a jogada do empate paulista.

Era o período das Diretas Já, e apenas nove dias depois do jogo com o Furacão o Doutor se comprometeu no comício do Vale do Anhangabaú que se a emenda Dante de Oliveira passasse na Câmara dos Deputados, ele não deixaria o Brasil. A emenda não passou e Sócrates foi jogar na Fiorentina.

Sócrates, Osmar Santos e Casagrande no comício das Diretas Já em São Paulo. Foto: Reprodução/TV Globo

Colorado x Sócrates

No Campeonato Brasileiro de 1980, Sócrates marcou seu gol contra um time paranaense. Foi em 30 de março, um domingo, na goleada de 4×1 do Corinthians sobre o Colorado. Além dele, Píter, Geraldão e Wilsinho marcaram para o Timão e Carlos Alberto descontou para o Boca Negra. O Doutor foi o melhor em campo naquela tarde no Pacaembu, formando a dupla de frente com Geraldão, seu parceiro desde o Botafogo-SP.

A Folha de S. Paulo no dia 31 de março de 1980. Foto: Reprodução/Folha

“Jogar ao lado do Sócrates é fácil para qualquer centroavante. O Magrão é gênio de bola, adivinha pensamento mesmo. O difícil é acompanhar o raciocínio dele”, disse Geraldão à Folha de S. Paulo. Já o craque estava mais animado com a chance do até então inédito título brasileiro para o Timão – que acabaria terminando em Curitiba, numa história que está abaixo.

Coritiba x Sócrates

No mesmo Brasileirão de 1976 em que o Doutor enfrentou o Athletico, houve dois confrontos entre Coritiba e Botafogo-SP. O primeiro deles foi em 3 de outubro, domingo, no Santa Cruz, e terminou empatado em 1×1. Eu contei essa história ano passado.

Já em 21 de novembro, um domingo, jogando no Couto Pereira (quer dizer, no Belfort Duarte), deu Botinha sobre o Coxa por 1×0, gol de João Carlos Traina. Foi uma derrota amarga, porque eliminou a equipe do Campeonato Brasileiro. A derrota foi fatal para o técnico Dino Sani, que acabou não emplacando em 1977 – assumiu Diede Lameiro, que tornou-se o técnico hexacampeão paranaense.

Sócrates cercado de crianças no Couto Pereira. Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Para o Coritiba, o grande encontro com Sócrates aconteceu num domingo, 11 de maio de 1980. Na ‘fase semifinal’ do Brasileirão, o Couto Pereira teve recorde de renda e 51.662 pessoas acompanhando a vitória alviverde por 1×0, gol de Vílson Tadei. O Doutor jogou descontado, estava gripado e entrou no sacrifício. Já o Coxa abriu o caminho da classificação pra semifinal (de verdade) da Taça de Ouro.

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