Portões fechados: triste e real cenário do futebol pós-coronavírus

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A Vila Capanema vazia em dia de jogo de portões fechados. Foto: Giuliano Gomes/Arquivo

Este é o momento, claro, em que todos tentamos centralizar nossos esforços para conter a pandemia do novo coronavírus. Quem pode, fica em casa – como proteção aos seus e também a quem precisa sair trabalhar. Quanto menos contato social acontecer, mais vamos achatando a curva de contágio, permitindo que o sistema de saúde não entre em colapso. Chegando a um equilíbrio, a vida aos poucos será retomada. E quando for viável, o futebol retornará. Mas com portões fechados.

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Pra quem ama futebol – jogadores, técnicos, dirigentes, jornalistas e principalmente os torcedores -, a medida é dolorosa. Mas ela é absolutamente necessária, e será adotada no momento em que as partidas forem retomadas no Brasil e no exterior. Não há nenhuma possibilidade de termos um retorno pleno, uma ‘volta ao normal’, como se nada tivesse acontecido nos últimos meses.

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Este é um ponto para tentarmos compreender o que virá. Todas as atividades em sociedade terão alterações profundas após a pandemia. Minimamente haverá um aumento da chamada responsabilidade sanitária, tanto pelos agentes públicos quanto com os indivíduos. “Vamos ter uma preocupação muito maior com a higiene. Imagino como serão nossas reuniões, repensando até mesmo aquele amendoinzinho na mesa, que compartilhamos”, exemplificou o neurocientista Stevens Rehen, em entrevista à revista Exame.

Aglomerações, não. Portões fechados

A relação com os espaços públicos também será diferente. Automaticamente ficaremos mais preocupados em parques, em shoppings, em mercados… E nos estádios de futebol. Usaremos máscaras em boa parte do dia, principalmente nas ruas e no transporte público. Todo mundo vai carregar álcool gel e sabonete líquido em suas bolsas e mochilas. E o futebol?

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Em um primeiro momento, que não dá pra prever quanto tempo vai durar, programar um evento em que dez, 15 ou 20 mil pessoas estarão no mesmo local é impensável. Além de se continuar evitando as aglomerações, há viva na memória a relação entre o avanço do coronavírus na Itália com o jogo do Atalanta contra o Valencia pela Liga dos Campeões. “O jogo foi uma bomba biológica. Se o vírus já estava em circulação, os 40 mil torcedores que foram ao San Siro (onde o Atalanta manda seus jogos na Champions) foram infectados”, resumiu o prefeito de Bérgamo, Giorgio Gori. E não só pelo estádio, mas também pelos torcedores que se reuniram nas ruas.

Muitas das cadeiras da Arena têm dono, mas elas não poderão ser usadas. Foto: Albari Rosa/Foto Digital

Por isso, as principais autoridades em saúde pública afirmam que o esporte só poderá retomar suas atividades sem presença de público. “Ninguém vai ao estádio. Coloque-os (atletas) em grandes hotéis, onde quer que você queira jogar, mantenha-os muito bem vigiados e faça testes todos os dias, para garantir que eles não infectem um ao outro ou à sua família e deixe-os jogar a temporada”, afirmou Anthony Fauci, o chefão do combate ao coronavírus nos Estados Unidos.

Não tem jeito

São duas situações que precisaremos compreender. Primeiro, que é preciso esperar – temos que dar tempo para achatar a curva de contágio e o futebol não é prioridade na retomada das atividades. E segundo, que vamos ter meses de jogos com portões fechados quando as competições voltarem. É melancólico ter uma partida sem o torcedor, que é realmente quem interessa no futebol. Mas vai ser melhor assim.

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