Memória: Jabá, oito meses de glória e trapalhadas no Coritiba

Jabá vivendo a fama. Foto: Valterci Santos/Arquivo

Muita gente não ligou inicialmente o nome à pessoa quando o União de Francisco Beltrão entrou em campo no sábado (8) para enfrentar o Coritiba no Couto Pereira. Mas, aos 38 anos, o camisa 11 do time do Sudoeste era ele mesmo, Silvino João de Carvalho, Jabá para os íntimos. Dezoito anos depois, ele reapareceu no Alto da Glória, onde viveu seu melhor momento no futebol brasileiro. Em apenas oito meses, ele saiu do desconhecimento para a fama e depois para um exílio dourado na Turquia.

O começo de Jabá

Jabá nasceu em Simões, interior do Piauí (texto corrigido após a mensagem do João Avelar de Carvalho), mas surgiu para o futebol no União Bandeirante. Foi revelação no final dos anos 1990 no tradicional clube da família Meneghel, teve um rápido empréstimo para o Grêmio Maringá, mas apenas em 2002 emplacou numa equipe da capital. Emprestado, chegou em 9 de maio daquele ano no CT da Graciosa, num elenco que começava a ser reformulado pelo técnico Paulo Bonamigo.

Jabá em seu primeiro treino no Coxa, ao lado de Robson Gomes. Foto: Rodolfo Buhrer/Arquivo

No Campeonato Paranaense, foi pouco utilizado. Aí veio o Campeonato Brasileiro, e a partir daí as coisas começaram a mudar. Jabá não era titular, mas virou xodó da torcida com suas entradas no segundo tempo. Foram 22 partidas e quatro gols na campanha do Coxa, que perdeu na última rodada a classificação para as quartas de final.

O jogo

O Santos foi um adversário marcante do Coritiba naquele Brasileirão. Afinal, quem roubou a vaga alviverde na última rodada foi justamente o Peixe, que dali em diante embalou até conquistar o título – era o time de Robinho e Diego. Mas, na primeira fase, o Coxa venceu por 4×2 no Couto Pereira. Era o dia 11 de setembro de 2002, um ano do atentado às Torres Gêmeas.

Roberto Brum e Jabá no velho treino regenerativo no CT da Graciosa. Foto: Rodolfo Buhrer/Arquivo

O Santos abriu 2×0 com dois gols de Diego ainda no primeiro tempo. A reação alviverde foi relâmpago: em três minutos veio a virada, começando com Lucio Flavio, passando por Edinho Baiano e terminando com Reginaldo Araújo, este último um gol de raiva, comemorado de forma marcante pelo lateral. Na etapa final, Da Silva ampliou após fazer um carnaval na defesa adversária.

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Jabá substituiu Da Silva logo depois. Seu papel era mesmo segurar a bola, deixar o jogo no ataque do Coxa para evitar a pressão do Santos. E ele cumpriu à risca. Numa dessas jogadas, ele ficou à frente de Léo e André Luís. E começou a pedalar, passar o pé por cima da bola. A torcida foi ao delírio, mas o árbitro Leonardo Gaciba (sim, o hoje chefe da arbitragem brasileira) marcou falta técnica. A cena rodou o país e transformou Jabá em uma celebridade.

A queda

Foi muito para a cabeça do jovem de 20 anos. Notícia em todos os cantos, escalado como titular do Coritiba, ele passou a viver as alegrias da fama. E apenas um mês depois do auge ele sofreu um acidente automobilístico na avenida Visconde de Guarapuava. Ele teve ferimentos no rosto e nas costas, e interrompeu ali sua arrancada.

O carro acidentado. Foto: Jonathan Campos/Arquivo

No início de 2003, o Coritiba informava que não renovaria contrato com Jabá. De um lado, pesava a dificuldade financeira – inclusive com salários atrasados que deram ao atacante o passe livre. De outro, mais problemas extracampo que eram sutilmente vazados de dentro do clube.

O sucesso na Turquia

Depois de rápidas passagens por Criciúma e Ituano, Jabá encontrou seu lugar na Turquia. Em oito temporadas por lá, passou por seis clubes e marcou 91 gols, ganhando o apelido de ‘Jabagol’. Voltou ao Brasil em definitivo no ano passado, jogou em Goiás e agora está em Francisco Beltrão. Rodou o mundo até promover uma volta no tempo na tarde de sábado no Couto Pereira.

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