Vílson Ribeiro de Andrade é o homem-forte do Coritiba

Vílson Ribeiro de Andrade era um completo desconhecido há um ano. No dia 6 de dezembro de 2009, quando uma tragédia se abateu sobre o Coritiba, com o time sendo rebaixado em campo e vândalos invadindo o gramado para brigar com quem estivesse na frente, ele era apenas um torcedor alviverde.

Que, segundo o próprio conta, saiu a pé do estádio Couto Pereira pensando no que poderia acontecer com o clube depois de tudo aquilo.

Ao final da caminhada, sem muito destino, Vílson decidiu que iria fazer alguma coisa. Apesar de ser um sujeito que confia no próprio taco, ele não devia imaginar que terminaria 2010 como o homem-forte do Coxa campeão paranaense, campeão da Série B, recuperado internamente e com quase 17 mil sócios.

E ainda ser o dirigente mais importante do futebol estadual na atualidade. O hoje vice-presidente do Coritiba (mas que manda mais que o presidente, pelo que se vê no dia-a-dia) entrou em cena fazendo furor.

Surgiu na eleição do clube como o fiador de Jair Cirino, já com poder consolidado e com autonomia para agir.

Começou com medidas impopulares, restringindo ao máximo o acesso da principal torcida organizada alviverde.

Foi contestado, mas não moveu-se um centímetro para compor com a Império -admitiu o acesso de outras faixas durante o ano, mas segue inflexível com a facção. “O Coritiba é mais importante do que uma torcida organizada”, disse, em entrevista à Tribuna no início do mês.

Vílson deu força ao técnico Ney Franco e ao supervisor Felipe Ximenes, dando tranquilidade ao departamento de futebol – que tinha a presença mais ostensiva dos mandarins do G9, o empresário Ernesto Pedroso e o médico José Fernando Macedo.

O vice-presidente centralizava as ações administrativas, ditava o tom do caminho do clube e delegava poderes às “pessoas competentes que o clube sempre teve”. E não se furtava a servir de anteparo para todos, preferindo receber ele mesmo as críticas que permitir que jogadores, comissão técnica e outros dirigentes fossem alvejados.

Com traquejo para lidar com a mídia (fruto dos anos como executivo de banco multinacional), Vílson Ribeiro de Andrade foi superando todas as adversidades. E assumiu sem maiores constrangimentos o papel de “homem-forte” do Coxa.

Apesar de não se considerar “dono” do clube, sequer se irritou quando atleticanos e paranistas quiseram apelidado de “Petraglinha”, por conta do perfil semelhante ao de Mário Celso Petraglia, ex-líder do Atlético.

Inclusive, Vílson chegou a admitir que admirava o trabalho do ex-dirigente rubro-negro. E o que seria uma declaração polêmica se esvaneceu sem maiores contestações.

Claro que tudo que Vílson Ribeiro fez só se sustentaria com bons resultados. “Ganhamos tudo que disputamos neste ano”, comentou, em conversa com o repórter Felipe Lessa, da Tribuna.

O Coritiba conquistou o título paranaense e o Campeonato Brasileiro da Série B, ambos por antecipação e ambos jogando parte da competição longe do Couto Pereira (o Estadual em Paranaguá, a Segundona em Joinville).

O clube conseguiu um incrível índice de acerto nas contratações (Rafinha, Leonardo e Léo Gago, por exemplo) e ainda revelou jovens atletas, alguns deles campeões da Taça BH de Futebol Júnior em junho.

O ano terminou para o Coritiba com títulos, sucesso dentro e fora de campo, uma nova realidade administrativa e planos ousados. Vílson já falou em aumentar o preço do ingresso para valorizar os sócios (ele projeta 25 mil até o final de 2011).

Chegou a imaginar um orçamento para o Coxa de R$ 100 milhões, para montar um time forte e pensar no título da Copa do Brasil e a consequente vaga na Copa Libertadores da América. Para quem quiser ouvir, avisa que um plano quinquenal está sendo feito.

“Enquanto eu estiver no Coritiba, nenhum arrivista vai passar por aqui”, resumiu. Ele ainda não decidiu se será candidato a presidente na próxima eleição, mas nada acontece no Alto da Glória que ele não saiba ou que ele não participe decisivamente. A “era Vílson Ribeiro” no Cori parece não ter data para terminar.