Recordes do Coritiba surpreendem até Ney Franco

Com a “cara de Ney Franco”, o Coritiba quebrou o recorde de vitórias consecutivas de toda história do Campeonato Paranaense. Foram 13 ao todo, superando a marca obtida pelo próprio treinador com o Atlético, em 2008.

Em bate-papo com a Tribuna, Ney Franco, que hoje atua como técnico da Seleção Brasileira Sub-20 e coordenador de todas as categorias de futebol na CBF, falou sobre a influência de seu trabalho na consagrada campanha do Coxa 2011.

Confira:

Quando assumiu o Coritiba, imaginava que a base criada por você poderia igualar e quebrar o recorde de 12 vitórias seguidas no Estadual, que você conquistou com o Atlético em 2008?

Não imaginava. Sabia que deixaria um time bem estruturado pra próxima temporada (atual), mas não imaginava que seria esse sucesso todo. A equipe tem potencial. Não só pro Paranaense, mas também pra Copa do Brasil, pra seguir forte pro Brasileiro. O Marcelo (Oliveira) está sabendo conduzir bem o time.

Você se sente recordista também com a nova marca do Coxa?

Acho que não. O recorde é do grupo que está agora. Se tivesse participação no grupo nessa temporada, poderia até me considerar como parte integrante. Mas o recorde é do Marcelo (Oliveira), dos jogadores. Apesar de ter ajudado no passado, já não faço parte desse projeto.

O que você percebeu de diferença nas características em relação ao Furacão de 2008 e o Coxa 2011?

São formas de jogar diferentes. O Atlético tinha sido bem sólido também, mas acho que aquele time era mais forte fisicamente e melhor estruturado defensivamente que esse do Coritiba. O Coxa desse ano é mais estruturado ofensivamente. A diferença é essa.

Como foi a preparação desse time do time do Coritiba? Você colocou alguma coisa nova em prática depois do rebaixamento para a Série B?

Quando assumi o Coritiba, a equipe vinha jogando muito com três zagueiros. Depois (da queda para a Série B), quando se definiu que eu continuaria, mudei a parte tática da equipe.

Passamos a jogar com uma linha de quatro, dois volantes, três meias com características ofensivas e um atacante de área. A intenção foi fazer com que esses três meias se tornassem praticamente atacantes quando a nossa equipe tivesse a posse de bola.

Definido isso para a temporada, trouxe atletas com essas características. Tanto que tivemos um primeiro semestre muito bom e na primeira parte do Brasileiro (Série B) fomos muito bem.

Os jogadores, em cima do grande número de treinamentos que a gente fez, assimilaram muito bem a proposta. Embora tenhamos alternado um pouco a formação para a segunda parte do Brasileiro, ficou marcada essa forma ofensiva de jogar.

Acompanhei a partida contra o Paraná Clube e o jogo de quarta-feira contra o Atlético-GO e percebi que o estilo que implantei se manteve. Acho que o Marcelo Oliveira soube aproveitar a formação, colocando também muitos conceitos dele. Fico feliz de ter contribuído, pois minha comissão técnica ficou toda no Coritiba e está ajudando a dar continuidade nesse trabalho.

É possível fazer uma análise do que esse time do Coxa pode fazer no Brasileiro?

Tem tudo pra fazer uma boa campanha e buscar vaga na Libertadores. É uma equipe com muito potencial, bem gerenciada pela diretoria, com o Vilson Ribeiro de Andrade (vice-presidente) e o Pedroso (Ernesto Pedroso Jr., integrante do G-9) dando suporte, junto com o doutor (José Fernando) Macedo (outro integrante do G-9).

Tem um bom diretor de futebol que é o (Felipe) Ximenes, que ajuda muito todas as comissões técnicas. Tem o Marcelo Oliveira, que é um treinador capacitado, que pode tirar o máximo desses jogadores. Por fim, tem um time que já mostrou toda qualidade do elenco. Cabem contratações, como em qualquer clube, mas já tem uma base boa pra iniciar, o Brasileiro.

Marcos Aurélio tem sido um dos destaques no Coritiba e chegou a pedir uma chance na Seleção. É possível?

Acho que ele tem um potencial enorme, é um jogador que finaliza muito bem. Ainda assim, pela minha situação, fica difícil de opinar (sobre uma chance na Seleção). Mas tem potencial.