Brasileiro

O que faz do Corinthians ‘um time irresistível’

O que aprender com esse infalível Corinthians? Se é verdade que é impossível comparar a questão financeira do virtual campeão brasileiro com Atlético e Coritiba, nossos representantes na Série A, e que também não podemos olhar para o Timão como um exemplo de gestão (os salários estão atrasados por lá), o que o técnico Tite e os jogadores estão fazendo serve de lição profunda para todo mundo que acompanha o futebol. Eles deram um exemplo de recuperação e, principalmente, uma aula de comprometimento tático que chegou ao auge no segundo tempo perfeito contra o Atlético-MG, marcando 3×0.

A única posição que se pode elogiar da diretoria alvinegra é a postura do comando do futebol. Nas duas vezes em que Tite sofreu pressões, Andrés Sanchez (uma vez como presidente, outra como gestor da bola) segurou o treinador. E foram dois fracassos na Libertadores – em 2011, a histórica eliminação para o Tolima que encerrou a carreira de Ronaldo. O comum do futebol seria mandar o técnico embora. Ele foi apoiado por Sanchez e o Corinthians foi campeão da Libertadores e do Mundial no ano seguinte. Neste ano, o Timão perdeu a vaga em casa para o singelo Guaraní do Paraguai. Daquele fracasso surgiu o melhor time – disparado – do País.
Reorganização

O time emocionalmente esfacelado foi também desmontado. Fábio Santos, referência do grupo, foi para o México. Emerson e Guerrero, simplesmente o ataque titular, foram para o Flamengo. Uendel e Luciano tiveram lesões graves. Bruno e Fagner estão afastados por longo tempo. Jogadores contestados como Felipe, Guilherme Arana e principalmente Vágner Love viraram titulares. Nem a diretoria acreditava em recuperação.

Tite trabalhou em silêncio. Remontou a equipe criando um esquema de jogo baseado na compactação e na velocidade. É uma teoria até batida na conversa dos técnicos. Mas o Corinthians demonstrou na prática. (Cristian Toledo)

Estilo

Armando o time no 4-1-4-1, jogou no lixo o que se pensava sobre as “duas linhas de quatro” por aqui. Nada de time na retranca, nada de marcação no campo defensivo. Pressão na saída de bola do adversário e ao retomar a posse, troca de passes até a área. É um futebol sem chutão, organizado sem ser chato, marcador sem ser defensivo, agressivo sem brucutus. Domingo, os quatro jogadores da linha de meio eram três armadores (Rodriguinho, Jadson e Renato Augusto) e um atacante (Malcom). E apenas com Ralf de volante o Corinthians tem a melhor defesa do Brasileiro. E, claro, tem o melhor ataque. Assim se explica o porquê do Timão poder ganhar o título já no sábado contra o Coritiba.