Ênio, o gênio

Ênio Andrade foi o responsável pela transformação no Coxa em 85

Desde o momento em que Gomes acertou o pênalti e deu ao Coritiba o título de campeão brasileiro a imprensa nacional encontrou um responsável por aquela conquista. Não foi Rafael, o “São Rafael” das partidas finais. Nem Gomes, o experiente capitão e autor do gol do título. Muito menos Dida, o melhor jogador do time. Ou Índio, que marcou no tempo normal. E também não foi Lela, o grande ídolo. Até hoje o técnico Ênio Andrade (1928-1997) é considerado o grande nome da maior glória do Coxa.

Ênio chegou ao Couto Pereira em fevereiro para sua segunda passagem pelo clube. Na primeira, em 1979, foi campeão estadual e montou a base da equipe que, com Borba Filho no banco, foi às semifinais do Brasileirão daquele ano.

A primeira medida do treinador ao assumir o comando do Coritiba foi dar força ao preparador Odivonsir Frega. Força e trabalho, pois para o fisicultor veio a ordem de deixar o time pronto para jogar 120 minutos. Isso iria fazer diferença na hora da verdade.

Outra iniciativa foi reorganizar o time. A base – que todo torcedor alviverde lembra de cor – passou a ter Rafael; André, Gomes, Heraldo e Dida; Almir, Marildo e Tóbi; Lela, Índio e Édson.

Ênio chegou durante o Brasileiro e arrumou o Coxa.

Como treinador, o perfil de Ênio era exatamente o apresentado no respaldo a Frega – ele fechava com os boleiros, mas não era de passar a mão na cabeça de ninguém. Pelo contrário, cobrava forte e às vezes publicamente. Mesmo assim, era considerado um pai para os jogadores. “Eu me faço respeitar dentro daquilo que eu sou, respeitando também os jogadores. Para ser disciplinador, não precisa xingar ou multar. Foi assim em todas as equipes que passei, e é meu grande orgulho”, afirmou o técnico, em entrevista à revista Placar em 1985.

Evangelino, o Chinês matreiro

Ele não entrou em campo, não marcou gol, nem de pênalti, não deu nenhum passe, nem fez alguma defesa, mas foi um dos protagonistas da inédita conquista do Coritiba. Evangelino da Costa Neves, o Chinês, foi um dos responsáveis por trazer o tão cobiçado troféu de campeão brasileiro para o nosso estado. Faz sete anos que Evangelino morreu, mas ele está para sempre na história do Coritiba.

O Chinês fez tanto que ficou conhecido pela alcunha de “eterno presidente”. E não foi diferente em 1985. Evangelino fazia tudo o que podia pelo Coritiba, tanto dentro quanto fora de campo. Uma de suas famosas frases mostra como era esta relação. “Eu confio na torcida do Coritiba, eu contrato e a torcida paga a conta”.

Na campanha do título em 1985, Evangelino prometeu bicho extra para os jogadores por vitórias e até mesmo por alguns empates fora de casa. Ele também foi fundamental fora dos gramados. Evangelino exigiu que Castor de Andrade, patrono e presidente do Bangu, não tivesse acesso ao campo. E na volta para Curitiba, ele foi o primeiro a descer do avião com a Taça das Bolinhas nas mãos e desfilou no caminhão de bombeiros pelas ruas da cidade. (Carlos Bório)