Paranaense

Coxa busca ‘patrocínio’ de R$ 16 milhões vindo da torcida

O Coritiba aposenta a camisa Green Hell neste domingo (8), às 18h30, contra o Londrina. Um afago na torcida coxa-branca, motivo da criação do terceiro uniforme. Mas que precede um período em que o clube espera tirar da arquibancada a solução para os seus problemas financeiros.

“O torcedor é o grande patrocinador do Coritiba”, diz o vice-presidente Ricardo Guerra. “O torcedor é o nosso camisa 10”, reforça o presidente Rogério Bacellar.

É desse “camisa 10” que o clube pretende arrancar um “patrocínio” de R$ 16 milhões em 2015. O valor corresponde à diferença entre a entrada prevista de receita para a temporada (R$ 36,7 milhões) e o montante que o clube precisa para fechar o gasto projetado (R$ 53 milhões).

Nos próximos dias, o Coxa lançará um desafio aos torcedores para alavancar a associação. Pretende, até o início do Brasileiro, passar de 17 mil para 28 mil sócios em dia. Até lá, o Coxa fica sem um camisa 10. Quando bater a marca, contrata um meia à altura de Alex, último a vestir o número.

Dar este salto em apenas dois meses aproximará o Coritiba do seu pico associativo: 33 mil nas semanas finais da Copa do Brasil de 2011 e 2012. Também reverterá uma tendência de queda. De julho a dezembro de 2014, foram seis meses seguidos de redução no quadro geral – de 27,4 mil para 22,4 mil. A adimplência que começou em 20 mil, em janeiro, chegou a 16,2 mil, em dezembro.

Queda que contribuiu decisivamente para o clube encerrar 2014 com R$ 40,4 milhões no vermelho – a dívida acumulada do clube supera R$ 200 milhões. A projeção do Coritiba era arrecadar R$ 24,5 milhões com as mensalidades. Na prática, entraram R$ 18,6 milhões.

No fechamento interno do clube – espécie de prévia do balanço, a ser fechado até o fim de abril – o resultado pior foi “fortemente influenciado pela inadimplência de sócios e gastos excessivos com futebol profissional, bem como pelo reconhecimento da dívida com o Banco Central e contingências trabalhistas”.

O futebol profissional custou R$ 8 milhões a mais que o orçado. O débito com o Banco Central – referente à valores não declarados em negociações internacionais –é de R$ 9,3 milhões. Em contingências trabalhistas, R$ 19 milhões.

Pedir que a torcida se associe foi um discurso corrente de Vilson Ribeiro de Andrade. Em determinado momento, o ex-presidente chegou a criticar torcedores que se associavam somente para as finais da Copa do Brasil. Manter o preço do ingresso avulso elevado foi outra política constante e que será mantida por mais algum tempo.

“Não podemos baixar o preço agora sendo que tem sócios que já pagaram a mensalidade do ano. Aí eu tenho de devolver dinheiro ao associado”, justifica Bacellar.

A solução paliativa será realizar promoções, como o ingresso a R$ 30 do Atletiba, na curva da Mauá, ou os R$ 40 cobrados de mulheres para o jogo deste domingo, em todos os setores. O objetivo é trazer gente nova para o estádio, que venha a se associar e ajude o clube a bater a ambiciosa meta.

“A torcida do Coritiba é gigante”, confia Guerra.