Coritiba vence e joga pelo empate na Arena

O Atletiba de sábado teve, antes de tudo, um vencedor. Com um Couto Pereira recebendo pouco mais de trinta mil torcedores, o Coritiba venceu o Atlético por 2×1, em um dos melhores clássicos dos últimos anos. O resultado dá ao Coxa a vantagem de jogar por um empate na partida de volta, domingo, às 16h, no Joaquim Américo. Na disputa entre as duas maiores paixões do futebol paranaense, a primeira batalha foi alviverde.

O Atletiba teve heróis. Os dois jogadores mais importantes, e caros, do Coritiba foram os protagonistas do clássico. Quando mais precisou deles, o Coxa teve Aristizábal e Luís Mário. E, se eles não foram tão presentes durante a partida (ambos sofreram forte marcação), na hora decisiva estavam lá para marcar os gols que definiram a vitória alviverde. E o “Papa-léguas”, para completar, fez um gol de antologia, acertando o ângulo direito de Diego.

Por sinal, o Atletiba consagra goleiros. Se Fernando esteve bem, fazendo duas defesas difíceis, Diego teve uma das maiores atuações individuais da história do clássico. Pelo menos em quatro intervenções ele foi espetacular, e, em uma, ele arriscou-se tanto que assustou a torcida e os próprios companheiros. Ao arrojar-se para defender o chute de Adriano, levou uma joelhada do companheiro Valnei. Se o Atlético precisa apenas de uma vitória simples no domingo, Diego é o grande responsável.

Atletiba que se preze também tem polêmicas. E, quase sempre, elas envolvem a arbitragem. Vânderson saiu inconsolável do gramado após ser expulso. “Eu não fiz nada, foi sem querer”, disse, involuntariamente confessando a agressão a Rodrigo Batatinha. “Do jeito que eles batem, foi sorte termos saídos inteiros do jogo”, atirou o meia coxa. “A arbitragem nos prejudicou. Eu estou tranqüilo, espero que o árbitro durma com a consciência tranqüila”, alfinetou o técnico Mário Sérgio.

Atletiba também tem duelo tático. Antônio Lopes colocou o Coritiba no ataque, Mário Sérgio pôs o Atlético na defesa. Por razões diversas, os dois times não contaram com os seus artilheiros (Tuta e Washington) e o efeito foi diferente. Os alviverdes lamentam as oportunidades perdidas, os rubro-negros buscam novas fórmulas para a partida de domingo. “Poderíamos ter feito vantagem maior”, disse Lopes.

Atletiba, para ser daqueles, precisa ter emoções. E não se pode reclamar deste quesito no jogo de sábado. Chances de parte a parte, jogadas verticais e ótimas atuações. Pelo lado coxa, Adriano mais uma vez resolveu mostrar porque é a grande revelação da lateral-esquerda no futebol brasileiro. Rodrigo Batatinha e Ataliba mantiveram o nível das últimas atuações. Pelo Atlético, Ígor quase foi o herói da tarde, e Ilan combinou técnica e raça.

E Atletiba sempre tem provocações. “Disseram que o nosso adversário era o carrossel holandês, mas viu-se que era paranaense. E não era carrossel, era uma roda, e sem o encanto que muitos anunciavam. Por sinal, o encanto se quebrou”, ironizou o vice-presidente coxa Domingos Moro. “A gente mostrou que tem mais time, porque igualamos a partida com um a menos. Na Arena, vamos vencer e levar o título”, respondeu Dagoberto. Atletiba é assim: tem hora para começar, mas não tem hora para terminar.

Mário escolhe retranca. E volante assina

Os noventa e sete minutos do Atletiba de sábado foram dos melhores dos últimos anos. Em uma partida eletrizante, o Coritiba tomou a vantagem do Atlético e chega à finalíssima com o benefício do empate. Para os rubro-negros, outra má notícia: caiu a invencibilidade de 19 partidas, e morreu o sonho do título sem derrotas. Entretanto, basta uma vitória simples para conquistar o campeonato paranaense.

Desde os primeiros instantes ficou claro que o Coxa teria a iniciativa do ataque. Escalando Alessandro Lopes na ala-direita, Marinho, Ramalho e Igor na defesa e Allan Bahia e Vânderson no meio, Mário Sérgio deixava clara sua opção pela marcação, e cedia terreno para os alviverdes chegarem. Diego trabalhou muito e desde cedo, pois aos 6 minutos Jucemar cobrou falta com perigo.

Até pelo “ferrolho” atleticano, o Cori tinha o domínio tático, mas penava para chegar ao gol adversário. Para tentar refrear o ânimo dos donos da casa, os rubro-negros exageravam nas faltas duras, no que os coxas retrucavam também com jogadas perigosas. Mas o único lance de deslealdade aconteceu aos 17 minutos, quando o volante Vânderson acertou uma cotovelada em Rodrigo Batatinha, e foi expulso por Héber Roberto Lopes.

Mário Sérgio sacou Jádson para arrumar o setor defensivo e complicou de vez o ataque, isolando Ilan e Dagoberto. O Coritiba projetou-se ainda mais, e Adriano passou a ser mais acionado. Em um desses lances, ele tabelou com Batatinha e cruzou rasteiro. Aos 32 minutos, Capixaba desviou e Aristizábal venceu Diego para abrir o placar. Só aí o Atlético saiu mais para o jogo, e quase empatou em um contra-ataque puxado por Marcão para Ilan, que foi impedido de marcar por Reginaldo Nascimento e Fernando.

Na volta do intervalo, Fernandinho apareceu no Atlético. “Agora precisamos de gente no ataque”, reconheceu Mário Sérgio. Antônio Lopes, preocupado com o cartão amarelo de Márcio Egídio, sacou o volante e colocou Pepo. O Cori manteve o ímpeto nos primeiros instantes e Diego teve que trabalhar de novo, quando Aristizábal lançou Adriano em profundidade. Ao defender, o goleiro atleticano foi atingido por Valnei, e chegou a ficar tonto.

A intervenção heróica de Diego empurrou o Atlético. Os zagueiros foram para frente, e em um cruzamento na área, aos 15 minutos, Marcão achou a cabeça de Igor, que livre de marcação empatou a partida. O gol baratinou o Cori, e William teve a chance da virada logo depois. Antônio Lopes, desesperado, não sabia se colocava Igor no lugar de Capixaba ou se forçava com André Nunes no lugar de Luís Mário.

Isto porque o “Papa-léguas” sofria com a marcação de Valnei. Tanto que teve que ir jogar na esquerda e foi por lá que definiu o jogo. Aos 29 minutos, ele recebeu passe de Adriano, girou o corpo em cima do marcador e acertou um tirambaço no ângulo esquerdo do gol atleticano. Nem Diego (que fez, no segundo tempo, pelo menos cinco grandes defesas) conseguiu defender esta. Era o gol da vitória, o gol que transfere a vantagem na final para o Coritiba.

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