Coritiba imita Atlético e limita ação da imprensa

O Coritiba, definitivamente, deu para imitar o Atlético em suas piores decisões. Coletivas com os repórteres pós-jogo limitada a poucos jogadores, culpar a imprensa em momentos de crise, proibir treinos no gramado de seu estádio ao menor sinal de garoa e investimento na promoção da imagem baseada em números duvidosos e não em cima de resultados de campo. Agora, o Alviverde tenta ficar mais parecido com o ?co-irmão? da Baixada e importa a idéia das ?janelas? para os veículos de comunicação poderem acompanhar o dia-a-dia do clube.

Quando o presidente Giovani Gionédis ameaçou aumentar as restrições à imprensa no anúncio da proibição de jogadores e comissão técnica concederem entrevistas, ninguém pensava que o cartola estivesse falando sério. Uma ameaça, no máximo. O clima interno do clube era esperar uma vitória sobre o Marília-SP para tudo voltar ao normal. Ledo engano. O triunfo, goleada de 6 a 2, aconteceu. Idealizado pelo jornalista Hudson José, atual coordenador de marketing do clube, o silêncio da semana passada virou ?janela? a partir de agora.

Quem estiver credenciado para cobrir o Coxa só poderá assistir aos treinamentos e fazer perguntas ao técnico Paulo Bonamigo e dois jogadores selecionados pela assessoria de imprensa um dia útil antes e um dia útil após as partidas do Coritiba. ?Estas medidas objetivam dar condições de trabalho a todos os profissionais de comunicação dos veículos que cobrem a rotina do Coritiba e, ao mesmo tempo, também garantir um clima de maior estabilidade durante as atividades de treino da equipe de futebol?, diz o comunicado enviado pelo clube.

Quase igual ao que acontece no Rubro-Negro. No CT do Caju, no entanto, os jornalistas estão proibidos de acompanhar qualquer parte dos trabalhos técnicos da equipe principal.

No Alviverde, pelo menos, isso ainda não foi implantado. Mesmo penando na Segundona e com 29,6% de probabilidade de subir segundo o site chancedegol.com.br, o Coxa tem se esmerado em seguir os moldes atleticanos, apesar do time da Baixada ter a desculpa de imitar clubes estrangeiros porque chegou ao vice da Libertadores e está bem na Copa Sul-Americana.

Na quinta-feira, começará o polêmico sistema implantado no Coritiba. Após 30 minutos do fim dos trabalhos no CT da Graciosa, dois jogadores e Bona falarão com a imprensa.

A janela seguinte acontecerá somente na segunda-feira. Como véspera e pós-jogos não são nada reveladores, pois o elenco faz rachões ou treinos físicos, a imprensa está praticamente impedida de ver de perto definições da equipe e fazer questionamentos ao treinador e jogadores em momentos decisivos. E tudo isso com o conhecimento do Capitão Hidalgo, coordenador de futebol do Alviverde.

Hidalgo foi ex-jogador do próprio clube nos anos 70, e depois migrou para a imprensa esportiva onde comandou várias equipes de rádio.

Diretoria do Coxa ganha crédito dos ?cardeais? alviverdes

A expectativa de alguma ?bomba? na reunião do conselho deliberativo do Coritiba, ontem à noite, não se confirmou. Alguns conselheiros foram até o Estádio Couto Pereira esperando discussões mais quentes e até uma discussão sobre um possível afastamennto de Giovani Gionédis da presidência do Alviverde. Pelo contrário e devido até a situação crítica da equipe no Brasileiro da Série B, o atual mandatário do Coxa saiu fortalecido do encontro para buscar novamente a vaga na primeira divisão.

?Tínhamos que fazer uma reunião para ver uma posição efetiva do Coritiba e essa posição efetiva ficou demonstrada na união de todos os órgãos do Coritiba e na solidariedade absoltuta ao conselho de administração?, resumiu Júlio Góes Militão da Silva, presidente do colegiado. Para ele, não é hora de dissidências. ?O Coritiba é muito grande e ele não pode se atemorizar nas primeiras dificuldades?, apontou. Em nota à imprensa, o conselho, por unanimidade, deu o voto de apoio a Gionédis.

?A atitude do conselho é madura e mostra que o Coritiba tem unidade e essa unidade está em torno da volta para a primeira divisão?, comemorou o presidente do conselho administrativo. De acordo com Gionédis, a goleada (6 a 2) sobre o Marília já afastou a crise e melhorou o ambiente.

?O importante é que não há divisão no Coritiba. O clube não poderia perder para ele mesmo, então a vitória é do Coritiba como instituição. Há uma unidade entre os conselhos e há uma consciência de jogadores e comissão técnica em voltar à primeira divisão?, destacou.

No entanto, a sede por mudanças mais profundas deixou vários conselheiros desapontados. Conforme ia se desenrolando a reunião no salão nobre, vários membros foram deixando o local, nos mais variados humores. A maioria considerou o encontro sem sentido. ?Abobrinha? e ?bajulação? foi ouvido entre alguns conselheiros. Para estes e outros, com o time em crise na Segundona, o melhor era deixar para se tentar mudar alguma coisa somente após o final da competição.

?Organizadas? podem ser indiciadas criminalmente

Carlos Simon

O Ministério Público Estadual convocou líderes de torcidas organizadas dos três clubes da Capital – Atlético, Coritiba e Paraná Clube para uma audiência sobre episódios de violência. No encontro, o MP deve intimar os dirigentes dos grupos a não repetirem cenas como as do confronto entre membros da Império Alviverde e jogadores do Coritiba, semana passada, no Aeroporto Afonso Pena.

Novas ocorrências podem acarretar em indiciamento criminal dos líderes e até em ações pedindo a extinção das organizadas, como ocorreu em São Paulo. O Comando do Policiamento da Capital (CPC) tem realizado sistematicamente reuniões antes das principais partidas entre o trio-de-ferro.

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