Coritiba com artilharia pesada

A partir de agora, o Coritiba vai jogar com três atacantes. A opção só não será utilizada em todo o jogo de amanhã, às 19 horas (de Brasília) contra o Olimpia, no Estádio Defensores del Chaco, porque Luís Mário vai entrar apenas no segundo tempo. Mas quando o “Papa-léguas” estiver em campo, ele terá ao seu lado os titulares Aristizábal e André Nunes, a principal novidade alviverde para a partida decisiva pela Copa Libertadores.

Em uma análise simplista, o centroavante ocupa a vaga de outros dois titulares – de Luís Mário, porque este não está pronto para atuar 90 minutos, e de Tuta, que não está inscrito para a competição. “Chegou a minha hora. Não posso perder essa oportunidade”, comenta André, que soube da confirmação de sua escalação após o treino de ontem, no estádio do Libertad, clube que lidera o campeonato paraguaio.

O técnico Antônio Lopes explica a entrada do jovem jogador por causa de sua principal característica. “O time precisa de um jogador de referência, porque aí o Luís e o Ari se mantêm nas suas posições ideais”, diz ele, anunciando a formação com três atacantes para o segundo tempo do jogo de amanhã e para a primeira partida da final do campeonato paranaense, possivelmente no sábado, contra o Atlético, no Couto Pereira. Sobre a decisão, Lopes pouco falou, mas já buscava na noite de ontem informações sobre o Rubro-Negro.

André sabe que esta é a sua grande oportunidade. Quando teve chance de ser titular, nas primeiras partidas da temporada, ele não aproveitou, e chegou a ser ?devolvido? para o time júnior. “Fiquei muito chateado com meu próprio aproveitamento, porque vi que tive a possibilidade de ser titular e não a aproveitei”, confessa. “Ele estava fora de forma. Agora, o André emagreceu e está muito bem. Ele vai nos ajudar”, acredita Lopes.

O treinador teve a boa notícia da liberação de Luís Carlos Capixaba. O meio-campista participou de todo o trabalho tático, não sentiu o tornozelo e está escalado. “Ele tinha uma dor residual, mas já estava totalmente liberado”, explica o médico Walmir Sampaio. “Estou legal, pronto para jogar”, comenta o armador. Adriano, que também reclamava de dores na coluna, trabalhou normalmente e enfrenta o Olimpia.

Resta Jucemar, que foi poupado dos treinos por causa das dores na panturrilha. “Acho que não vai ter problema, porque quando ele estava pior reuniu condições de jogar contra o Cianorte”, lembra Walmir Sampaio. Com ele em campo, o Cori enfrenta o time paraguaio com Fernando; Jucemar, Miranda, Reginaldo Nascimento e Adriano; Márcio Egídio, Ataliba, Luís Carlos Capixaba e Ígor; Aristizábal e André Nunes.

Embarque tranqüilo da equipe

Nem mesmo a operação padrão da Polícia Federal complicou a viagem do Coritiba para o Paraguai. Já sabendo da possibilidade de atraso por causa da delegação coxa, a Infraero e a empresa aérea que transportou o grupo montaram um esquema alternativo, fazendo com que os jogadores se antecipassem na apresentação dos passaportes. Apenas os estrangeiros do grupo ficaram mais tempo na fila.

Apenas um funcionário da PF estava fazendo a conferência na manhã de ontem, no Aeroporto Afonso Pena. É o normal para o domingo, mas o grupo alviverde (que, somando os jornalistas que cobrem a ?excursão? ao Paraguai, chega a quarenta pessoas) poderia atrasar o restante dos passageiros. Por isso antecipou-se o procedimento.

Mas sobrou para Aristizábal e para o coordenador técnico Sérgio Ramirez, que tiveram que fazer todo o cadastramento necessário para a saída de estrangeiros com residência fixa no Brasil.

Só vitória ameniza crise no elenco do Olimpia

O adversário do Coritiba no jogo de amanhã é uma equipe em ebulição. Apesar de ser o time mais vitorioso e tradicional do Paraguai (tanto que seu apelido é “Decano”), o Olimpia vive uma crise interna. O técnico uruguaio Luís Cubilla, maior campeão da história do clube, foi demitido em meio a uma briga entre jogadores locais e estrangeiros.

Para tentar resolver a confusão, foi chamado outro grande ídolo do Olimpia – o ex-jogador Carlos Kiese, que foi campeão mundial interclubes em 79 pelo alvinegro paraguaio. Depois, ele transferiu-se para o Grêmio, no que é considerado o pior negócio da história do tricolor gaúcho. No cargo há dez dias, Kiese sabe que precisa contar com os ?gringos?, tanto que reconduziu Orteman, principal jogador na conquista da Libertadores de 2002, ao time principal.

O meia uruguaio é um dos pivôs da crise entre os jogadores. Do outro lado da briga, o veterano Julio Cesar Enciso, que é o líder do elenco (capitão do time) e o mais adorado pelos torcedores. Ambos jogam juntos no time principal, mas o relacionamento é apenas profissional. A prova dos nervos à flor da pele no Olimpia foi a expulsão do próprio Enciso no clássico de sábado, contra o Cerro Porteño, jogado no Estádio Defensores del Chaco (local do jogo de amanhã), que terminou em 1×1.

Foi a estréia de Kiese no comando do Olimpia, e segundo o auxiliar-técnico do Cori Miguel Ferreira, que assistiu ao jogo, o time tentou superar a ausência de Enciso na força de vontade. “Eles correram bastante e até abriram o placar, mas ficaram com um a menos bem cedo. Depois, o Cerro dominou a partida e mereceu empatar”, comenta. Para a imprensa paraguaia, o herói do jogo foi o goleiro alvinegro Aceval, que fez intervenções decisivas.

Com o resultado, o Olimpia segue em posição secundária no campeonato paraguaio, liderado pelo Libertad. E o que pode salvar a pele de Kiese – e do próprio clube – é a Libertadores, e para isso é fundamental uma vitória sobre o Coritiba. As dúvidas da equipe são o lateral Del Campo e o zagueiro Zelaya, ambos contundidos.

Um luxo na ilha do poder

Os problemas sociais, de distribuição de renda e de exclusão são normais a toda a América do Sul. Mas, no Paraguai, eles talvez sejam a forma mais clara de se explicar a vida do país, que tem uma elite extremamente rica convivendo com a população de baixa renda ao seu redor. É em uma destas ?ilhas? que o Coritiba está concentrado.

O Hotel Yacht y Golf é a jóia da região próxima das margens do Rio Paraguai. Com amplo espaço e um dos melhores campos de golfe da América (que fez a alegria de Ronaldo na semana passada, quando a seleção brasileira se concentrou por aqui), ele é cercado de grandes condomínios e prédios modernos. Envolvendo esta região, estão vilarejos de pescadores ou de trabalhadores do porto fluvial.

E é assim por toda a capital paraguaia. Ao lado de prédios novos, geralmente de multinacionais, estão os casebres; nas ruas, convivem picapes importadas e carros caindo aos pedaços. E a elite desfruta das lojas de produtos internacionais (principalmente eletrônicos, artigos esportivos e perfumes) nas mesmas ruas em que mendigos lutam pela sobrevivência.

Um dos exemplos de ostentação mais claros de Assunção é a nova sede da Conmebol, próxima ao Aeroporto Internacional Silvio Petirossi. O prédio ocupa uma grande área, com jardins ?personalizados? e arquitetura moderníssima. É lá que acontecem os suntuosos sorteios dos torneios interclubes – o próximo é o da Copa Sul-Americana, na metade do mês.

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