Copa do Mundo será quase um “Campeonato Inglês”

Nesta semana, quase todas as seleções que vão disputar a Copa do Mundo estarão com seus grupos definidos. Cada país vai conhecer definitivamente os 23 atletas que estarão, a partir de 11 de junho, correndo atrás da bola na África do Sul. É verdade que alguns selecionados (Brasil, Argentina e Espanha, por exemplo) já estão com seus convocados definitivos, mas mesmo estes enviaram à Fifa uma lista prévia com trinta jogadores. E foi nesta lista que a Tribuna se debruçou. Afinal, não é loucura dizer que a “elite” do futebol mundial está ali – salvo algumas exceções. E é possível tirar desta análise uma nova ordem esportiva.

Entre os 54 países e mais de trezentos clubes com jogadores incluídos nas listas prévias enviadas à Fifa, a Inglaterra se destaca. São 137 atletas em 28 clubes diferentes – do Chelsea, campeão de relacionados com dezoito, até o Leeds, time em franca decadência e que hoje está na terceira divisão. Prova da mudança que aconteceu nos últimos dez anos, mas que se registra ostensivamente agora.

Até as últimas Copas do Mundo, os clubes fornecedores do maior número de jogadores eram italianos e espanhóis. Eram os times mais ricos, das ligas mais rentáveis. Como exemplo, em 1998 a Seleção Brasileira foi para a França com três de seus principais jogadores ligados ao Barcelona – Rivaldo e Giovanni estavam lá, e Ronaldo tinha acabado de ser negociado pelo Barça com a Internazionale.

Entretanto, desde a instituição da Premier League, os times ingleses vêm ganhando terreno, graças à forte presença de público, o alto pagamento de direitos de televisão e a entrada de grandes investidores (alguns deles suspeitos). Da Copa do Japão e da Coreia, em 2002, para cá, o futebol inglês tornou-se o mais forte do planeta, e atraiu jogadores de várias nacionalidades.

Completando seu predomínio, a Inglaterra passou a atacar seus “rivais’. Há franceses, italianos e espanhóis jogando por lá – e nenhum dos trinta ingleses chamados por Fabio Capello defende clubes de outros países. É a única seleção “pura” que vai à Copa do Mundo. Até mesmo as equipes menos desenvolvidas, como Nova Zelândia e Coreia do Norte, têm atletas “estrangeiros’ em suas listas.

E a gente?

O Brasil mandou à Fifa uma lista com apenas seis jogadores que atuam no País: Sandro (Internacional), Robinho e Ganso (Santos), Diego Tardelli (Atlético-MG), Gilberto (Cruzeiro) e Kleberson (Flamengo). Destes, apenas Robinho, Gilberto e Kleberson vão à Copa – só 13% do grupo.