Copa 2018

Rival de Messi na infância vira arma argentina contra a França

Carlos Bilardo não gosta do atual técnico da seleção argentina, Jorge Sampaoli. Não significa que seus conselhos não sejam ouvidos. É do campeão mundial de 1986 a opinião de que Éver Banega deveria ser convocado por ser o tipo de jogador “que faz a bola andar”, o que muito beneficia Messi.

Escalado contra a Nigéria e com a Argentina sob o risco de eliminação, o meia deu lançamento teleguiado para o camisa 10 dominar e fazer o primeiro gol na vitória por 2 a 1.

Nascido em Rosario (como Messi), revelação precoce do futebol local (como Messi) e hoje em dia no futebol da Espanha (como Messi), Banega tem fé de que repetirá o passe e o resultado neste sábado (30), quando a Argentina entrar em campo para enfrentar a França, às 11h, pelas oitavas.

“Messi sempre estará marcado por vários jogadores. O meu papel é conseguir encontrá-lo com um lançamento como aconteceu com a Nigéria”, disse Banega, que completou 30 anos nesta sexta (29), também aniversário da vitória da Argentina sobre a Alemanha que resultou no título mundial no México. Seleção comandada pelo mesmo Bilardo que defendia sua convocação.

Banega sabe bem que o atual companheiro sempre tem vários marcadores, porque foi um deles no passado. Quando era criança e começou no baby futebol (versão infantil do esporte em que cada equipe tem sete garotos), ele era do Alianza Sport, rival do Grandoli, clube que tinha um fenômeno no ataque: Lionel Messi.

Banega era o Messi do Alianza. A aposta que o Newell’s fazia em Lionel antes de ele abandonar tudo aos 12 anos e ir para o Barcelona o Boca Juniors fez ao levar Éver para Buenos Aires. Mas, ao contrário do jogador eleito cinco vezes melhor do mundo, seu antigo rival de Rosario construiu uma carreira na Argentina. Foi campeão da Libertadores de 2007 pelo time da capital.

Banega entrou no intervalo na estreia contra a Islândia e fez Messi subir de produção. Foi titular diante da Nigéria, e o atacante fez um gol. Corrobora não só a visão de Bilardo mas também o que o próprio Sampaoli acredita a respeito da ligação entre os dois atletas dentro de campo. O meia facilita o trabalho de Lionel.

Após o empate com o Peru em La Bombonera, em 2017, resultado que complicou as chances de classificação da Argentina, nomes históricos da seleção, como Messi e Mascherano, decidiram ficar na concentração antes do confronto de vida ou morte com o Equador. Banega foi fotografado de madrugada em uma boate em Buenos Aires.

No final de março deste ano, foi parado pela polícia e reprovado no teste do bafômetro. Banega já foi atropelado pelo próprio carro quando parou para abastecê-lo e se esqueceu de acionar o freio de mão. Ficou seis meses afastado.

Pela seleção sub-17, fez parte de grupo que destruiu quartos de hotel após um torneio na Holanda. Pouco antes de ir para o Valencia, vendido pelo Boca, teve um vídeo íntimo vazado na internet.

Antes da Copa de 2014, foi excluído da lista de convocados. Ligou para o amigo Messi, que não tinha ideia do que havia acontecido.

Sua venda para o Valencia, em 2008, abriu o temor de que tivesse ligação com o cartel de Los Monos, um dos mais temidos da Argentina e que distribui as drogas em Rosario. Nada ficou provado, mas, após ser negociado por € 26 milhões (R$ 117 milhões em valores atuais), o empresário ligado ao cartel apareceu em La Bombonera para cobrar porcentagem do dinheiro. Alegava ser dono de parte dos direitos econômicos do jogador.

Questionado sobre a hipótese de esse ter sido o motivo da ausência de Banega em 2014, o então técnico Alejandro Sabella não respondeu.

Quatro anos depois, ele dá na Rússia para Messi os passes que não teve a chance de dar no Brasil. Um longo caminho desde os tempos em que o enfrentava no baby futebol em Rosario e usava chuteira velha, maior que seu pé, compartilhada com seus outros dois irmãos. Seu maior sonho era ter calçado novo, apenas seu. Como o que usou para deixar o camisa 10 em condições de marcar contra os africanos.

“Eu tive de erguer a cabeça e ele [Messi] percebeu e fez a corrida. Em se tratando de Leo, foi mais do mesmo.”

FRANÇA

Lloris; Pavard, Varane, Umtiti, Lucas Hernandez; Kante, Matuidi, Pogba; Mbappe, Giroud, Griezmann. T.: Didier Deschamps

ARGENTINA

Armani; Mercado, Otamendi, Rojo, Tagliafico; Mascherano, Banega, Enzo Perez, Di Maria; Messi, Higuain. T.: Jorge Sampaoli

Local: Arena Kazan

Horário: 11h deste sábado

Juiz: Alireza Faghani (IRA)

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