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Coordenador da CBDA quer transformar polo aquático do Brasil em potência mundial

Ricardo Azevedo, coordenador de seleções da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), tem um projeto de fazer com que o polo aquático volte a crescer no País. O pai de Tony Azevedo, que foi por muitos anos capitão dos Estados Unidos e medalhista olímpico, lembra que o Brasil tem talentos e precisa fazer com que eles permaneçam no País. “Em 2024 temos boa oportunidade para brigar e ficar entre os seis mais bem colocados, acho que temos condições para isso, e temos grande possibilidade em 2028 de poder entrar, nos Jogos de Los Angeles, entre os quatro mais bem colocados. No masculino e no feminino”, avisou, em entrevista ao Estado.

Ele se apega na tese de que o Brasil tem grandes atletas e é um país aquático. E cita que há algumas décadas a seleção ganhava de Grécia, Espanha e chegou a conquistar a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1963, mas com o tempo passou a não ter mais esse domínio. “Então temos de trazer isso de volta, pois atleta tem, piscina tem e o próprio pensamento tem. O que não temos é uma estrutura em que os jogadores possam crescer, vir de todas as partes do País, não só do eixo Rio-São Paulo, e continuar oferecendo aos técnicos, árbitros e profissionais do polo aquático o maior número de oportunidades para crescer tecnicamente”.

No Brasil, cerca de 4 mil atletas, a partir da categoria sub-13, praticam o polo aquático em aproximadamente 45 clubes, espalhados em 18 Estados do país. Por ser uma modalidade que necessita de uma piscina e outras estruturas para o treinamento, o acesso não é tão simples para quem está a fim de iniciar nesse esporte. Mas segundo a própria CBDA, já existem 370 professores de educação física que trabalham com o polo aquático e 37 técnicos que trabalham com as equipes. A ideia é promover uma popularização maior também.

Um dos exemplos citados por Rick Azevedo é em relação aos principais jogadores de algumas seleções que estiveram nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Pietro Figlioli, Felipe Perrone e Tony Azevedo nasceram no Brasil, mas optaram em algum momento da carreira por vestir a camisa de outra seleção. Para o coordenador da CBDA, o mais importante é tentar segurar os novos Felipes e Tonys no País, dando condições para eles se desenvolverem. “Eles já estão aqui, é só questão de querer. Se conseguirmos fazer isso, em seis anos podemos jogar para entrar em um pódio. É totalmente possível”, argumentou.

Azevedo fez trabalhos importantes no polo aquático nos Estados Unidos, China e Itália. Tem mercado em diversas partes do mundo, mas optou por retornar às suas origens para ajudar nesse projeto da CBDA. “A razão de vir para cá é muito simples, e definitivamente não foi financeira. Eu sou brasileiro, sempre fui, sempre serei e acho que posso trazer a experiência de já ter conseguido vários prêmios no mundo todo. A razão de vir para cá é colocar o Brasil no pódio. Quero que as pessoas se agreguem a esse pensamento, devemos ser mais positivos, atacar e ser agressivos”, explicou.

Uma ideia que está implantando nas seleções masculina e feminina é a de sempre ter jovens talentos nas convocações. Recentemente, o Brasil tinha uma atleta de 14 anos na equipe adulta (Bia Mantellato) durante a Copa Uana. Mas Azevedo garante que isso não é uma regra, apenas questão de lógica. “Quero que sejam chamados os melhores jogadores, mas o que não posso fazer é investir em um atleta que vai parar daqui a seis meses. Até porque nosso fim são os Jogos Olímpicos de 2024 e 2028, pois 2020 já está muito perto. O que quero dos atletas é um comprometimento que eles vão treinar a esse nível até lá. Só isso”.

No último ciclo olímpico, o Brasil investiu em dois treinadores renomados: o croata Radko Rudic no masculino, considerado o melhor do mundo, e o canadense Pat Oaten no feminino. “São dois grandes técnicos e pessoas, infelizmente saíram, mas acho que eles deixaram um método de trabalho bom. Depois da Olimpíada teve problema de falta de dinheiro, de mudanças. Espero que o legado que eles deixaram de ser profissional e treinar para uma razão, espero que isso o pessoal ainda se lembre”, disse.

Agora, com recursos mais escassos, Azevedo sabe que os desafios serão maiores para fazer o time ser competitivo internacionalmente. “Vários países, inclusive campeões olímpicos, estão passando por essa crise financeira. O que temos de fazer é usar o maior número possível de voluntários quando der, e logicamente fazer as coisas com mais simplicidade. Em vez de festas grandes, vamos fazer apenas pizza com guaraná. Isso ajuda a não sacrificar o treinamento e o desenvolvimento do atleta”, afirmou.

Ele cita exemplos de países bons na modalidade como Sérvia, Grécia e Espanha, que passam por crises monetárias grandes. “Mesmo os Estados Unidos, que ficaram fechados por um mês. Tem muita coisa acontecendo no mundo e não são diferentes daqui. É questão de encarar e seguir em frente”, comentou, empolgado.R

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