Contra-ataque de Onaireves em curso

Onaireves Moura volta ao ataque. E de maneira pesada, sem poupar aqueles que elegeu como responsáveis por sua derrocada do comando da Federação Paranaense de Futebol (FPF) – o procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Paulo Schmitt, e o presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mário Celso Petraglia. O presidente licenciado da FPF protocolou novas denúncias no STJD, embora ainda não tenha apresentado provas das graves irregularidades relatadas.

Ontem, do Rio de Janeiro, Moura repetiu algumas denúncias que já havia apresentado à imprensa paranaense e revelou outras. Moura acusa Paulo Schmitt de agir em conluio com o Atlético para derrubá-lo da FPF – o mandatário da federação foi condenado a três anos e dois meses de suspensão na última quarta-feira, sob acusações de corrupção e manifestação desrespeitosa. O julgamento do recurso acontece amanhã, no tribunal pleno do STJD.

Ele está sujeito a pegar 11 anos e meio de suspensão.

Mais: Moura diz que Schmitt ?tem? dois auditores – Alexandre Quadros e a esposa Renata Quadros – que votariam em benefício de alguns clubes, cujos nomes o presidente da FPF não revelou. ?É uma quadrilha, que tem como objetivo obter vantagens financeiros, com processos julgados aqui?, atacou, mostrando certo descontrole e chamando Schmitt de ?canalha?. O cartola prometeu ainda levar as acusações diretamente ao presidente do STJD, Rubens Approbato Machado.

Virou metralhadora

O procurador-geral retrucou de forma mais polida. ?Esta metralhadora giratória é uma tentativa primária de desfocar o que pesa sobre sua gestão. Ele tenta levar o debate ao plano pessoal, e apresenta provas com páginas extraídas do site da minha empresa?, falou Schmitt, que foi acusado por Moura de beneficiar-se do cargo de assessor jurídico da Paraná Esporte em favor da empresa Praxis, da qual é proprietário.

O procurador diz que as negociações feitas durante sua gestão foram aprovadas pela autarquia, e reafirmou que não tem ligação com qualquer clube. Schmitt afirma ainda que processará Moura por conta das acusações.

Fantasmas ?agem? no TJD

João de Noronha
Hagebock com a polícia na tarde de domingo, na sede do TJD invadido.

Um dia depois do arrombamento, o Tribunal de Justiça Desportiva – TJD – do Paraná tenta voltar à normalidade. A sala ocupada pelo órgão no Pinheirão foi revirada na madrugada de domingo, mas não houve furto de nenhum documento ou outro objeto, conforme levantamento realizado ontem. O arrombamento do foi denunciado no 6.º Distrito Policial – mesma unidade da Polícia Civil que recebeu a incumbência de investigar o caso Bruxo.

No domingo, o presidente do TJD-PR, José Roberto Dutra Habegock, disse suspeitar que o objetivo dos invasores seria furtar documentos relativos ao caso Bruxo ou às denúncias que têm sido feitas pelo presidente licenciado da FPF, Onaireves Moura. Ontem, Hagebock não respondeu às tentativas de contato da reportagem da Tribuna.

O Pinheirão foi lacrado pela Justiça na semana passada, mas o presidente do TJD conseguiu liminar autorizando o uso da sala. A sessão da 1.ª comissão disciplinar cancelada para a última quinta-feira foi remarcada para amanhã.

Moura se esquivou de comentar o episódio. ?Não serei leviano de acusar ninguém. Isso cabe à polícia?, falou.

Inferno astral longo e sem fim

Duas prisões, interdições do Pinheirão, uma atribuição de assassinato, a perda da disputa pela subsede da Copa do Mundo e, agora, a longa suspensão por parte da Justiça Desportiva. Para Onaireves Moura, as complicações judiciais que o tornaram um dos dirigentes mais contestados da história do futebol local foram todas orquestradas por um homem: Mário Celso Petraglia.

Moura reafirmou que o conflito com Petraglia surgiu em 1997, quando negou-se a favorecer o Atlético através da arbitragem. O presidente licenciado da FPF comparou o presidente do Conselho Deliberativo atleticano a PC Farias – Paulo César Farias, pela relação com o ex-governador Jaime Lerner. Disse que por ?essa força? o dirigente atleticano exerceu grande influência na política paranaense durante 12 anos. PC Farias, como era conhecido, foi tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Mello, cassado em 1992. Em 1996, PC Farias foi morto em sua casa de praia em Alagoas.

A primeira atitude de Petraglia, de acordo com Onaireves, foi tentar derrubá-lo da FPF através de impeachment, e a segunda foi manipular a Justiça para prendê-lo sob acusação de homicídio. No final dos anos 90s, o cadáver de um ex-funcionário da FPF chegou a ser exumado do cemitério Santa Cândida. ?O plano era me prender dois dias antes da assembléia para eleição do novo presidente. Mas o funcionário teve morte natural. Na última hora o médico do IML não quis assinar o laudo do homicídio e continuei livre?, atacou.

O dirigente afirma que Petraglia teve ?interferência direta? em suas duas prisões, por sonegação fiscal, em 2000, e por falsidade ideológica, sonegação fiscal e formação de quadrilha, em 2006. E que estaria por trás também da suspensão por três anos e dois meses imposta na semana passada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva. ?Eu já queria sair da FPF. Mas não vão me tirar dessa forma?, gritou o dirigente.

Em conta-gotas, Moura acusa Petraglia

Moura também acusa Petraglia de ter participação na JLG Administradora de Bens Imóveis S/C Ltda. A empresa, segundo o presidente da FPF, receberia do Clube dos 13 a verba destinada ao Atlético pelos direitos de transmissão de TV e outros contratos intermediados pela entidade. A JLG está cadastrada na Receita Federal desde 1996, tendo como atividade econômica principal a ?incorporação de empreendimentos imobiliários?. É a mesma sociedade que participou das negociações com o Colégio Expoente pela liberação do terreno vizinho à Kyocera Arena. De acordo com o balanço patrimonial do clube publicado no ano passado, a JLG é uma empresa coligada ao clube e recebeu R$ 3,05 milhões do Atlético em 2005.

O presidente licenciado da FPF afirma ter protocolado, através do advogado Eliezer Castro de Queiroz, várias das denúncias contra Petraglia na Superintendência da Polícia Federal. Moura garante ter os documentos que comprovariam as irregularidades, mas ainda não os revelou em público.

Algumas denúncias foram veiculadas em rede nacional pelo programa Terceiro Tempo, da TV Record, e por emissoras de rádio que cobrem o dia-a-dia da CBF no Rio de Janeiro.

Atlético diz pra esperar resposta no site

Até agora, o Atlético se manifestou através de notas publicadas em jornais e no site oficial, sempre contestando a credibilidade de Moura e afirmando que a resposta será dada na Justiça. Sobre as novas acusações, a resposta da assessoria de comunicação foi a mesma: o clube publicará mensagem em seu site quando achar conveniente.

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