Clubes não levam ao ?pé da letra? a restrição das filmagens

Os clubes da Série Ouro ameaçaram e fizeram barulho, mas a represália contra as redes de televisão foi bastante tímida. Um dia depois da resolução que restringiu as filmagens dos jogos do Campeonato Paranaense à beira do gramado, quatro partidas tiveram imagens geradas normalmente, através das cabines de imprensa.

Um dos clubes que liberaram as cabines foi o J.Malucelli – que em conjunto com outras cinco agremiações e a Federação Paranaense de Futebol assinou o documento proibitivo. Coincidentemente, um dos donos do clube, o empresário Joel Malucelli, também é proprietário de uma emissora local de televisão (a TV Bandeirantes-Curitiba).

Na terça-feira, os clubes evocaram um artigo da Lei Pelé para limitar a exibição de imagens das partidas e o espaço destinado às TVs nos estádios. A justificativa foi a falta de interesse das emissoras locais em pagar para transmitir o Paranaense.

Outras partidas com imagens normais foram Toledo x Londrina, Adap x Roma e Cianorte x Rio Branco. As TVs só foram obrigadas a gravar do gramado na Arena, para Atlético x Nacional, e no Anilado, para Francisco Beltrão x Galo Maringá.

O maior problema foi na Arena, onde todas as emissoras tiveram que se espremer atrás do gol dos fundos.

O chefe da editoria de esportes da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), Gil Rocha, evitou adotar posição de conflito. ?Os clubes têm respaldo legal e estão no direito deles. Mas há uma confusão entre o departamento de jornalismo e o departamento comercial, que é quem decide sobre a transmissão dos eventos. Perdem as emissoras, o torcedor e os clubes, que não divulgam seu produto?, falou Gil, que garantiu não mudar a cobertura do estadual. Mas um dos reflexos da medida foi sentido na edição nacional do Globo Esporte, que ignorou a goleada do Atlético e só exibiu os gols de Adap x Roma.

A gerente de jornalismo da TV Iguaçu (retransmissora do SBT), Ivete Azzolini, questiona o investimento feito pelas emissoras para credenciar jornalistas, que têm o trabalho cerceado.

?As empresas gastam e os repórteres são confinados num mesmo canto, como no jogo do Atlético. É de se verificar se a Lei de Imprensa está sendo cumprida?, contesta, lembrando que a emissora também não muda sua linha editorial.

Já a Rede Independência de Comunicação (RIC), afiliada à Record, tomou medida mais drástica: pediu desculpas aos telespectadores e anunciou boicote ao jogo entre Paraná e União, ontem à noite.

A RIC foi a última emissora a negociar a transmissão do estadual, mas não chegou a um acordo com os clubes -estes exigem R$ 1,5 milhão pelos direitos televisivos.

O Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol de Curitiba também se manifestou, citando que os jogadores têm direito a 20% do valor da transmissão, referentes ao direito de arena. Em nota oficial, o sindicato lamenta que a ?ganância sai pela culatra e fortalece a imagem negativa que a administração e os dirigentes do futebol paranaense têm com os torcedores?.

A restrição, que já começou desunida, não deve sobreviver por muito tempo. Algumas emissoras já foram comunicadas extra-oficialmente que poderão gravar imagens das cabines a partir da rodada do final de semana.

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