Chuva tumultua GP do Brasil

O finlandês Kimi Raikkonen venceu o tumultuado Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 de 2003, marcado pela chuva e vários acidentes. A corrida acabou interrompida na 53ª volta devido a um grave acidente envolvendo o espanhol Fernando Alonso, que se chocou com um pneu do Jaguar de Mark Webber, que havia batido segundos antes.

O italiano Giancarlo Fisichella, da Jordan, foi o segundo, com Alonso em terceiro. Isso acontece porque, em caso de interrupção da prova, é considerada a classificação da volta anterior. Foi uma grande decepção para Fisichella, que segundos antes do acidente de Webber e Alonso, havia ultrapassado Raikkonen e era o líder da prova.

Mas a grande decepção mesmo foi para Rubens Barrichello. Depois de largar na pole e enfrentar grandes dificuldades no início da corrida devido aos pneus intermediários da Bridgestone -ele chegou a cair para a sexta colocação, e reassumiu a liderança na volta 44, superando David Couthard no “S” do Senna. Mas a alegria da torcida durou apenas 3 voltas, pois o piloto foi obrigado a encostar o carro com o motor apagado.

O piloto da Ferrari abandonou o GP do Brasil pela nona vez consecutiva. E, como no ano passado, parou quando liderava a corrida de seu país. O motivo desta vez foi prosaico: acabou a gasolina. A pane seca fez o brasileiro encostar seu carro na 47.ª volta. David Coulthard, da McLaren, foi o quinto, com a sexta colocação ocupada por Heinz-Harald Frentzen, da Sauber. O sétimo posto ficou com Webber, e o derradeiro ponto foi arrebatado por Jarno Trulli, da Renault. O grande beneficiado diante de toda confusão foi o finlandês Kimi Raikkonen, que ganhou mais dez pontos e abre na liderança do campeonato. Abandonaram: Rubens Barrichello, Jenson Button, Jos Verstappen, Michael Schumacher, Juan Montoya, Antonio Pizzonia, Olivier Panis, Ralph Firman, Justin Wilson e Nick Heidfeld.

Alonso

O piloto espanhol Fernando Alonso, que sofreu acidente no fim da prova, está fora de perigo. Alonso foi removido do autódromo de Interlagos para o Hospital São Luís, no Morumbi, onde foi medicado. Ele teve ferimentos em uma das mãos, mas nenhum problema de maior gravidade foi constatado.

Ferrari garante que não há crise

A corrida em Interlagos foi a primeira desde o GP da Europa de 1999 em que nenhuma Ferrari pontua. Os dois pilotos foram obrigados a abandonar: Michael Schumacher saiu da pista na volta 26, enquanto Rubens Barrichello teve uma pane seca na 47.ª passagem. Apesar de os dois pilotos somarem apenas oito pontos cada no campeonato, a Ferrari garante que não há crise nem motivo para desespero.

“Claro que estou muito desapontado, tudo o que posso dizer é que fiz o melhor que pude. É frustrante porque eu sei que iria vencer”, disse Barrichello. “Mas o fato de os dois carros da equipe terem abandonado não significa que estamos em crise. Fomos competitivos em todas as provas até agora e estou muito confiante para o restante da temporada.”

O companheiro de equipe do brasileiro repetiu o discurso. “Claro que foi uma pena, estou desapontado por mim e também pelo que aconteceu com Rubens”, disse Michael Schumacher. “Claro que seria melhor para nós que Giancarlo (Fisichella) vencesse, mas a diferença para o líder não é tão grande, então não há motivos para preocupação.”

Por fim, o diretor esportivo da escuderia, Jean Todt, ratificou as palavras de seus pilotos. “Foi uma corrida frustrante, mas assim é o esporte”, disse o francês. “Nosso carro era o mais rápido na pista e poderíamos ter feito uma dobradinha. Espero que nosso retorno à Europa, em Ímola, onde estaremos com a torcida da Ferrari, marque o fim desse período difícil.”

Novo líder agradece a sorte

Se alguém pode ser considerado sortudo no Grande Prêmio do Brasil, esse alguém é Kimi Raikkonen. O finlandês acabou vencendo depois que a prova foi interrompida em função do acidente com Fernando Alonso. Se isso acontecesse uma volta antes e seu companheiro de equipe, David Coulthard, seria o vencedor, mas ele entrou nos boxes na volta 52. Se fosse uma volta depois, quem levaria o troféu seria o italiano Giancarlo Fisichella, da Jordan, que ultrapassou Raikkonen na volta 54.

Mas o regulamento determina que, em casos como esse, a classificação é determinada pela ordem dos pilotos na volta anterior à interrupção, ou seja, na volta em que ele estava liderando. “Acho que um pouco da falta de sorte que tive em algumas ocasiões passadas veio para mim agora”, disse o piloto, que abriu uma boa vantagem na classificação, com 26 pontos contra 15 de seu companheiro David Coulthard e do espanhol Fernando Alonso.

O seu companheiro de equipe, menos afortunado, destacou a sua boa performance durante a prova. “Claro que estou um pouco desapontado, mas estou muito feliz com minha performance na prova de hoje, já que liderei a maior parte da prova sob circunstâncias bastante complicadas.”

Pizzonia lamenta abandono

A chuva pesada que caiu domingo em São Paulo transformou o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 em um dos mais conturbados na história. Cinco pilotos abandonaram após rodar na Curva do Sol, entre eles Antonio Pizzonia, da equipe Jaguar. “Estava passando um rio naquele trecho. O carro aquaplanou e não pude fazer mais nada. O resto da pista estava em condições normais, mas na Curva do Sol, a situação era bem complicada.”

Depois da decisão de que a largada seria feita com o Safety Car na pista, Pizzonia foi para os boxes e largou de lá, podendo reabastecer o carro. A estratégia era fazer uma parada durante a prova. Pizzonia assumiu então o 18.º lugar e estava em 13.º na volta 17, quando um acidente no final da reta dos boxes ocasionou nova intervenção do Safety Car.

Como muitos dos pilotos que estavam à sua frente pararam para reabastecer, Pizzonia assumiu o sétimo lugar no momento da relargada. O amazonense vinha acompanhando o sexto colocado, quando rodou na 24.ª volta, exatamente no mesmo trecho onde Juan Pablo Montoya havia batido segundos antes, e que vitimou posteriormente os pilotos Michael Schumacher, Jenson Button e Jos Verstappen.

“Talvez até poderia ficar com um lugar no pódio, vendo depois como foi caótica a corrida”, disse o piloto. No momento do acidente, Pizzonia estava bem à frente de Giancarlo Fisichella e Fernando Alonso, segundo e terceiro colocados do GP do Brasil respectivamente.

Voltar ao topo