China toma precauções para evitar problemas com tocha

A China adotou medidas extremas de segurança para a passagem da tocha olímpica nesta terça-feira (17) pela cidade de Urumqi, capital da província muçulmana de Xinjiang. Uma das sugestões é que os moradores do local assistam ao evento pela televisão, dentro de suas casas.

Ao lado do Tibete, Xinjiang é a mais problemática província para as autoridades chinesas e possui um grupo separatista que o governo central classifica como "terrorista". O Movimento Islâmico do Turcomenistão do Leste defende a criação de um Estado independente e realizou uma série de atentados a bomba a partir dos anos 90.

"O trabalho antiterrorista é desafiador, mas nós trabalhamos muito para garantia a segurança do percurso ", disse ao jornal oficial "China Daily" Li Guangming, secretário do Partido Comunista responsável pelo departamento de esportes de Xinjiang. Segundo Li, haverá milhares de pessoas organizadas por suas "unidades de trabalho" para saudar a chegada da tocha nas ruas de Urumqi. Os que não pertencerem a uma delas devem permanecem em casa, aconselhou.

"Considerando que um número muito grande de pessoas vai provocar falta de segurança, nós recomendamos que elas assistam na televisão de suas casas", afirmou Li Guangming, segundo o jornal oficial "Xinjiang Daily".

Localizada no extremo oeste da China, na fronteira com o Afeganistão, a província é a maior do país, com 1,6 milhão de quilômetros quadrados, o equivalente a um sexto do território chinês. É também a principal fonte de gás natural da China e abastece a próspera costa leste por meio de um gasoduto de 4 mil quilômetros de extensão.

Apesar do seu tamanho, Xinjiang tem apenas 20 milhões de habitantes – 1,5% do 1,3 bilhão de chineses. A maior parte da população, 45%, é formada por muçulmanos uigures, etnia identificada com outros povos da Ásia Central. Os han, a etnia dominante na China, representam 41% dos habitantes, enquanto os restantes 14% são formados por outras etnias, como kazaks e mongóis.

As medidas de segurança incluíram a mudança da rota originalmente prevista para a tocha e o anúncio do novo trajeto apenas nesta segunda-feira, dia em que o fogo olímpico chegou a Urumqi, uma semana antes do previsto. Nesta terça, a tocha será carregada nas ruas da cidade e seguirá na quarta para Kashgar e, na quinta-feira, para Shijezi. Depois, a tocha deverá ir para o Tibete, que registrou em março os mais violentos protestos contra o governo de Pequim em duas décadas.

MISTURA 

O governo chinês promoveu nas últimas quatro décadas uma agressiva política de migração da maioria han para Xinjiang, em uma tentativa de garantir a integração da província ao restante do país. Em 1953, logo depois da Revolução Comunista de 1949, os uigures representavam quase 80% da população local, enquanto os han não chegavam a 10%.

A política de colonização provocou tensão crescente entre os dois grupos étnicos, que vivem em um sistema de absoluta separação. Os chineses han habitam principalmente as cidades e são os grande beneficiários do crescimento econômico dos últimos anos. Os uigures são a maioria dos moradores dos oásis dos desertos e desenvolvem atividades tipicamente agropastoris.

Desde o início do ano, as autoridades de Pequim desencadearam uma agressiva campanha contra grupos acusados de atividades separatistas. Em abril, as autoridades de segurança anunciaram que haviam desmantelado dois núcleos de Xinjiang suspeitos de planejarem atentados durante os Jogos. Nas duas operações, 45 pessoas foram presas. No início de março, o governo afirmou que havia prendido dois uigures e um paquistanês acusados de tentarem explodir um avião que fazia a rota Urumqi-Pequim.

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