Campeão de ciclismo sonha alto

São Paulo – Alex Diniz pedalou 1.133 quilômetros, 26h54min37s em oito dias, para conquistar o título da Volta Ciclística de São Paulo, que terminou domingo. Mas ontem pela manhã, o pernambucano de Recife estava pedalando de novo – fez um treino, de Caieiras a Mairiporã. ?Foi só um pouquinho, uns 50 km, para massagear as pernas.?

Vontade não falta mesmo a Alex Diniz, que tem salário de R$ 500,00 por mês, para treinar seis vezes por semana. E não vem de família abastada. É filho de um cobrador de ônibus e de uma dona de casa. Alex, de 20 anos, vê no esporte o caminho para um futuro melhor e para ajudar a família, que migrou do Nordeste.

Tem vários sonhos, entre eles o de competir em provas como o Giro da Itália e as Voltas de Portugal e da França, mas primeiro deseja que a vitória na Volta de São Paulo o ajude a melhorar a vida da família. ?Espero ganhar um salário um pouco melhor, porque as finanças lá de casa andam complicadas?, diz Alex, conhecido entre os ciclistas como ?Meio-Quilo?, apelido que ganhou de um amigo por ser magro. Tem 1,70 m e pesa 57 kg.

Sem figurar entre as estrelas de um esporte que está longe de ser popular no Brasil, Alex esperava por um bom resultado na Volta de São Paulo, mas não se considerava um favorito ao título. Ouviu do ídolo Márcio May, medalhista pan-americano e um dos principais nomes do ciclismo no Brasil, que poderá obter bons resultados. Por isso, além do prêmio de R$ 5 mil pelo título (mais prêmios por vitórias nas etapas) e das duas passagens para Nova York, ganhou confiança e esperança.

Confiança no que ainda pode fazer. ?O Márcio May disse que eu tenho chance de ser um dos melhores do Brasil. Ele já disputou olimpíada, é experiente, conhece muito de ciclismo. Se falou, tá falado.? E ele tem esperança de ver a carreira deslanchar. Conseguiu sua primeira bicicleta aos 14 anos, quando foi trabalhar numa bicicletaria no Ipiranga, em São Paulo. ?Fui comprando peças, juntei dinheiro por um ano até conseguir montar minha primeira bicicleta, o que tinha de mais barato no mercado. Meus pais achavam que era um esporte caro, reclamavam porque eu gastava tudo o que ganhava com bicicleta. Mas quando viram os primeiros resultados, acreditaram em mim?, conta o ciclista, um especialista em montanha que não deixa de ser polivalente.

?Faço um pouco de tudo em provas de estrada, de resistência.? É fã do americano Lance Armstrong, que nas estradas da Volta da França foi sete vezes campeão. Treina na equipe Nossa Caixa/Sundown/São Caetano com o técnico argentino Eduardo Trilini, quer somar pontos no ranking e se classificar para a disputa do Pan-Americano do Rio, em 2007.

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