Bronca interna no TJD do Paraná e eleições municipais travam julgamentos

As eleições municipais e divergências internas lançaram o Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) às traças. A principal corte do futebol local reuniu-se uma única vez desde julho, quando tomou posse a nova diretoria encabeçada por Ivan Bonilha.

Enquanto isso, processos importantes seguem na gaveta à espera da boa vontade do tribunal. O motivo para a lentidão é óbvio. Ex-procurador-eral do município de Curitiba, Bonilha também é coordenador jurídico da campanha à reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB). Na reta final do pleito de 5 de outubro, o tribunal fica relegado a segundo plano.

Apenas as comissões disciplinares da primeira instância da justiça desportiva – têm funcionado. E ainda assim de forma deficiente. Na semana passada, atletas juvenis e juniores do Operário, Maringá Iguatemi, Batel, Nacional do Boqueirão, J.Malucelli, Trieste e Umbará foram denunciados por recebimento de um cartão amarelo.

Um erro considerado primário no meio desportivo, pois somente as expulsões podem ser julgadas. Ainda assim, as denúncias passaram pelo crivo do presidente e seguiram à comissão disciplinar, onde foram imediatamente consideradas ineptas (sem fundamento).

Já o tribunal pleno, que avalia recursos e situações mais sérias, reuniu-se pela última vez em 18 de agosto. As sessões do pleno devem ter a presença do presidente da corte. Cerca de 10 processos estão parados por conta da dormência do tribunal.

“Se antes o tribunal não funcionava por escolher os processos que lhe convinham, agora está parado por omissão”, falou ao Paraná-Online um veterano advogado esportivo, que preferiu não ter o nome divulgado por ainda atuar no TJD-PR.

Não se “bicam”

Para complicar, Bonilha mantém divergência com o vice Paulo César Gradela, que poderia comandar o pleno na ausência do titular. Gradela chefiou somente uma sessão, mas disse ter se sentido “desconfortável” para continuar no posto. Na verdade, o vice não gostou de ter sido “orientado” por Bonilha a não tomar decisões importantes na condição de interino.

Gradela também é corregedor (espécie de fiscal) do TJD-PR, mas disse que ainda não tomou providência porque não houve queixa forma de clubes ou algum auditor.

“Realmente o Tribunal estagnou. Mas até agora ninguém queixou-se de prejuízo, até porque o volume de processos só é grande na época do Estadual da 1.ª divisão”, disse.  A reportagem do Paraná-Online tentou diversas vezes manter contato contem com Bonilha, mas os celulares do advogado estavam desligados.