Tudo ou nada

Brasil joga para fazer história e ir à final da Copa

O Brasil joga para fazer história nesta terça-feira. Se passar pela Alemanha, a partir das 17 horas, no Mineirão, chega à final da Copa do Mundo como anfitrião do torneio, repetindo o feito de 1950, quando se credenciou para decidir o título contra o Uruguai. Nas 20 edições da competição, contando esta de 2014, nunca a dona da casa conseguiu a vaga duas vezes na decisão da taça. Por isso, o técnico Luiz Felipe Scolari já anunciou que, diante desse fato inédito, a seleção vai jogar “pelo povo brasileiro” e, como não poderia ser diferente, “também para Neymar”.

Na história da Copa do Mundo, Itália, Alemanha, França e México sediaram o torneio por duas vezes. Nenhuma delas emplacou duas finais em casa. O Brasil poder ser a exceção. Felipão tem esse dado no seu roteiro para o jogo contra os alemães em Belo Horizonte. E vai usar esse argumento para motivar ainda mais seus jogadores na semifinal.

É mais um ingrediente de uma partida impregnada de emoção. Do lado brasileiro, é a primeira vez que o time de Felipão não terá Neymar, sua referência desde sempre, que ficou fora da Copa por causa de lesão sofrida na vitória sobre a Colômbia na sexta-feira passada. “Ele já fez muito por nós e agora é a nossa vez de fazer tudo por ele”, disse o treinador.

O palco é o mesmo de uma das mais dramáticas partidas que o Brasil viveu até aqui nas suas 20 participações em Copa do Mundo. Felipão e o capitão Thiago Silva, que está suspenso diante da Alemanha, lembraram da bola no travessão de Julio Cesar, a dois minutos do fim da prorrogação contra o Chile, ainda pelas oitavas de final da Copa. Se aquele chute do chileno Pinilla tivesse entrado no gol do Mineirão, a seleção brasileira estaria hoje curando suas feridas.

Como a trave não deixou, a seleção volta ao Mineirão para enfrentar a Alemanha. Na última vez que os dois gigantes se encontraram, em 2002, no Japão, o Brasil levou a melhor. Venceu a final da Copa por 2 a 0, com dois gols de Ronaldo, e levantou a taça do mundo pela quinta vez na sua história.

Os alemães estão com essa derrota atravessada na garganta e querem dar o troco da forma mais cruel: despachar o Brasil dentro de sua própria casa. Joachim Löw, técnico da Alemanha, prepara esse time há seis anos para, enfim, ser campeão – depois do vice em 2002, o país ainda amargou dois terceiros lugares seguidos, em 2006 e em 2010.

A estratégia de Löw passa por uma eficiente bola aérea e a solidez do meio-campo com cinco jogadores bons de passe e controle do jogo. E ainda tem Thomas Müller, um atacante voraz, que já marcou quatro gols na Copa.

Felipão sabe que terá pela frente um time muito duro de ser batido. Sem seu principal jogador, ele deve jogar com três volantes: um fixo (Luiz Gustavo) e dois (Paulinho e Fernandinho) bons de arrancada e fortes quando chegam ao ataque. Vai ainda dar aos laterais Daniel Alves e Marcelo a chance de chegar à linha de fundo. E fazer de Oscar, enfim, um meia de ofício. Outra possibilidade seria usar Willian na vaga de Neymar, fazendo uma troca simples, e deixar tudo como antes.

O jogo também vai marcar o confronto entre dois zagueiros que vieram ao Mundial fazer história: David Luiz e Hummels. Eles já fizeram dois gols cada, além de se destacarem na defesa.

David Luiz tem ainda a missão de, sem a presença de Neymar, ser a referência para a torcida dentro de campo. Certamente o craque ausente vai ser homenageado nesta terça-feira no Mineirão. É da comunhão desse sentimento com os torcedores que a seleção brasileira espera fazer a diferença e avançar à final da Copa.