Blatter culpa Parreira por fraco desempenho de Ronaldinho Gaúcho no mundial

Berlim – Às vésperas da final da Copa do Mundo da Alemanha, o presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, surpreendeu ontem ao declarar que o treinador da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, foi o culpado pelo fracasso do meia-atacante Ronaldinho Gaúcho durante o mundial.

Ele deixou a competição sem marcar nenhum gol.

?A verdade é que Ronaldinho não encontrou espaço para jogar. Pergunte ao treinador dele?, atacou o dirigente, em entrevista à agência de notícias alemã DPA. ?Ronaldinho teve muitos jogadores ao seu lado que gostariam de ser como ele ou que achavam ser tão bons?, completou.

O mandatário da entidade máxima do futebol também atacou o esquema tático adotado por Parreira, no qual prendia muito atrás o jogador do Barcelona, eleito o melhor jogador do mundo nas duas últimas temporadas. ?Há um princípio do futebol que deve ser sempre respeitado: existem jogadores que correm e marcam, e outros que criam as jogadas. Ronaldinho está no segundo grupo e não pode ficar ?amarrado??, analisou.

Debandada

Para Blatter, a eliminação de todos os países sul-americanos antes da semifinal é resultado das precoces transferências dos jogadores para a Europa. ?Eles jogam no sistema europeu. Não são como Bebeto, Romário e Garrincha, que jogaram em seu país até chegar à seleção.?

Além das críticas a Parreira, o suíço elogiou o antigo desafeto da Fifa, o ex-jogador argentino Diego Maradona. ?Nos encontramos no dia da partida entre Alemanha e Argentina (pelas quartas-de-final). Perguntei a ele quando começaria a trabalhar para a Fifa, como havia prometido.

Ele disse que cumpriria a promessa algum dia.?

Sobrinho do presidente negocia contratos de TV

Genebra – A Fifa adora dizer que o mundo do futebol é uma grande família, com torcedores, clubes, seleções, imprensa, patrocinadores e cartolas. Mas a realidade é que existem membros dessa família que têm mais vantagens que outros. Ontem, a empresa que administra a venda dos milionários contratos de transmissão da Copa do Mundo anunciou o novo presidente. Trata-se do suíço Philippe Blatter, sobrinho do presidente da Fifa, Joseph Blatter.

A empresa Infront foi criada para gerenciar esses contratos de transmissão.

Foi constituída fora da Fifa exatamente para evitar que a entidade máxima do futebol se envolvesse em questões financeiras com meios de comunicação.

Blatter, o sobrinho, assume a empresa no final do mês e terá a missão de preparar as negociações para a venda de contratos para as Copas de 2010, na África do Sul, e de 2014, possivelmente no Brasil. Ele poderá trabalhar diretamente com o tio nos próximos anos. Blatter já anunciou que vai concorrer ao terceiro mandato de presidente da Fifa. A eleição será realizada no ano que vem.

Em 2006, as vendas dos direitos de transmissão atingiram 1,6 bilhão de euros, 400 milhões a mais que os contratos fechados para a Copa de 2002, na Ásia. Para 2010, a expectativa é de que os direitos sejam vendidos a um preço ainda maior.

Patrocínio

Ontem, a Fifa ainda comemorou o acordo com a primeira empresa africana que se tornará patrocinadora da Copa de 2010. Trata-se do banco sul-africano First National Bank (FNB), que teve de pagar US$ 30 milhões à entidade máxima do futebol para poder usar a marca da Copa em seus anúncios.

Gols minguam e Fifa pode mexer nas regras

Berlim – Preocupado com a falta de gols na Copa, que tem a segunda média mais baixa de todos os tempos (e ainda pode superá-la), o presidente da Fifa admite que uma das soluções pode ser mexer nas regras do jogo. Entre as possíveis mudanças estão alterações na lei do impedimento e o aumento do gol, que hoje mede 7,32 metros de largura por 2,44 metros de altura.

?O futebol não tem sido ruim, mas não há gols suficientes, e quando há poucos gols o público não mostra entusiasmo, porque a essência do jogo são os gols?, disse Joseph Blatter à DPA.

A Copa da Alemanha teve até agora uma média de 2,27 gols por partida, com 141 gols em 62 jogos. A pior de todas foi em 1990, quando foram marcados 115 gols em 52 jogos (2,21 por partida).

A marca do segundo mundial da Itália pode ser igualada se for marcado apenas um gol nos dois jogos restantes – a decisão do terceiro lugar entre Alemanha e Portugal, manhã, e a final entre Itália e França, no domingo. Com um gol, a média seria igual à de 1990.

?Teremos um longo encontro com os treinadores das 32 equipes do mundial, que contará ainda com árbitros, médicos e o Grupo de Estudo Técnico da Fifa para ouvir o que têm a dizer para que o futebol seja ainda mais atrativo para o público?, comentou Blatter, que já descartou uma das idéias para aumentar o número de gols: a retirada de um jogador de cada equipe – os times passariam a ter dez jogadores.

Arma

A falta de gols também foi citada pelo alemão Franz Beckenbauer, ex-jogador, ex-técnico e presidente do Comitê Organizador da Copa. Ele citou o treinador do primeiro título da Alemanha, em 1954, Sepp Herberger, para dizer que os jogadores atuais arriscam poucas finalizações. ?Há mais de 50 anos ele disse que, se ninguém chutar a gol, o jogo termina empatado.

A bola é uma arma que deve ser utilizada?, afirmou.

Ranking

Blatter anunciou que pelo menos uma coisa muda depois da Copa: o ranking da Fifa, criticado por suas eventuais distorções – a República Tcheca, segunda colocada, e os Estados Unidos, quarto, caíram na primeira fase do mundial. A partir de agora, valerão os resultados dos últimos quatro anos, e não dos oito anos, como antes. Além disso, os placares mais recentes terão maior valor na média ponderada.

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