Barbieri tem o time pronto. Mas não conta

O Paraná Clube está pronto para o clássico. Pelo menos na cabeça de Luiz Carlos Barbieri. O treinador aprovou a movimentação do time no coletivo de ontem à tarde, mas preferiu não antecipar claramente a formação que irá colocar em campo amanhã – às 16h, no Pinheirão – frente ao Coritiba. A tendência é que a entrada de Flávio seja a única variação em relação à última jornada, mas não foram descartadas as entradas de Rafael Muçamba, Beto e até mesmo Sandro.

?Foi um treino muito bom. Sinto o grupo muito motivado e isso é o mais importante?, desconversou Barbieri quando indagado sobre a escalação do time. O técnico, apesar da melhor campanha do seu time, não acredita em favoritismo num clássico. ?A rivalidade fala mais alto. É jogo para ser definido em detalhes?, frisou. ?Por isso, respeito e humildade são fundamentais.? Barbieri teve o cuidado de conversar com o grupo para que declarações polêmicas fossem evitadas. ?Esse grupo é muito profissional?, elogiou.

Barbieri posicionou sua equipe, inicialmente, num 3-5-2, com Flávio; Daniel Marques, Marcos e Aderaldo; Neto, Pierre, Mário César, Éder e Edinho; Borges e André Dias. As mudanças só ocorreram nos quinze minutos finais do treino, que teve quase uma hora de duração. Nesta formação, os titulares fizeram 3×0, com gols de Neto (2) e Éder. Depois, o esquema foi alterado. O meia Sandro entrou na vaga do zagueiro Aderaldo, além da troca dos volantes Pierre e Mário César por Rafael Muçamba e Beto.

A tendência, apesar da não confirmação de Barbieri, é que essas trocas sejam ?guardadas? para o decorrer do clássico. Principalmente no que diz respeito ao esquema de jogo. Mesmo sendo adepto do 4-4-2, o técnico vem introduzindo essa filosofia de jogo gradativamente. ?Não é fácil fazer ajustes dessa ordem e com o campeonato em andamento. O time teve bons momentos com apenas dois zagueiros nas duas últimas partidas, mas ainda há muito o que corrigir?, alertou. ?Principalmente na movimentação dos alas.?

O técnico, mesmo animado com a recuperação do Tricolor no Brasileiro – após quatro derrotas consecutivas, o time obteve uma vitória e um empate -, quer mais. E, para essa ascensão técnica, conta hoje com várias opções. ?O grupo encorpou com a chegada dos reforços. Esses jogadores ainda estão se ajustando e isso me dá a certeza que vamos melhorar?, disse Barbieri. ?Por isso, acredito que estamos prontos para fazer um grande clássico e seguir na busca por nosso objetivo.?

Tricolor quer manter o embalo

Nesta rodada, mesmo em caso de vitória, o Paraná não superará a sétima colocação. O Palmeiras – que ocupa a 6.ª posição – só pode ser alcançado em número de pontos (caso perca para o Vasco), mas não no número de vitórias. ?O importante é não perder o embalo e a cada rodada buscar uma aproximação dos clubes que estão à nossa frente?, disse Borges, que depois de um longo jejum não passou em branco nas duas últimas partidas e está a quatro gols do artilheiro da competição, Róbson, do Paysandu.

?Nunca fui de prometer gols. Só posso garantir para o torcedor que empenho não faltará?, disse Borges. Ele sabe que terá pela frente um grande obstáculo. O Coritiba não sofre gols há três rodadas. ?É uma marca significativa, ainda mais num campeonato tão equilibrado. É uma motivação a mais para a gente?, avisou. Otimismo no ataque, confiança na retaguarda. O goleiro Flávio volta ao time tentando repetir sua performance no primeiro turno do Brasileiro, onde foi o goleiro menos vazado.

Mesmo com a instabilidade de algumas rodadas, o Paraná segue com a melhor defesa da competição, tendo sofrido apenas 33 gols. ?Mas, dá para melhorar. Neste sábado, é importante ter atenção redobrada?, disse o Pantera. ?O Renaldo pode não estar vivendo um bom momento, mas é um grande artilheiro. Qualquer descuido é fatal?, alertou. Além do ex-companheiro, Flávio lembrou da necessidade de uma marcação eficaz sobre Caio (com quem jogou em 2003) e Maia. ?Eles têm um bom time. Todo cuidado é pouco.?

Nova casa tricolor começa a sair do papel no segundo trimestre de 2006

A torcida tricolor está prestes a voltar à Vila Capanema. O Paraná Clube deve anunciar na próxima semana o projeto ?Vila, tá na hora?, que prevê a revitalização do estádio, com uma reforma que ampliará sua capacidade para 16 mil pessoas. As obras devem começar em novembro e o estádio estará pronto para

receber jogos no Campeonato Paranaense de 2006. Porém, este pode ser apenas o primeiro passo de um projeto bem mais ambicioso, que prevê a construção de um grande estádio, capaz de sediar jogos da Copa do Mundo de 2014.

O assunto é tratado com cautela dentro do clube, pois ainda falta resolver o impasse jurídico com a Rede Ferroviária Federal (RFFSA) sobre a posse do terreno onde se encontra a Vila. Mas as coisas estão bem encaminhadas. A Tribuna teve acesso às plantas do projeto, que está sendo elaborado pelos arquitetos Eduardo Ambrósio e Sabrina Slompo, a pedido de um grupo de empresários e conselheiros paranistas, liderado pelos ex-dirigentes Luiz Fanchin e Ernani Buchmann.

?O clube aprovou no mês passado o projeto de reforma e esta é a prioridade no momento. Mas o novo estádio está em ?stand by??, revela Buchmann.

Segundo o ex-presidente tricolor, o projeto é fruto de um antigo sonho, que agora está sendo colocado em prática. ?Quem começou com isso foi o Fanchin. Era uma idéia antiga dele?, conta. ?A gente acredita que o clube deveria dar autonomia para um grupo empresarial para negociar, inclusive com a Rede. Era nesse ponto que entrava a minha participação. Mas agora recuamos um pouco por causa da reforma?, diz Buchmann.

O estádio

Segundo Eduardo Ambrósio, a nova Vila Capanema terá capacidade para até 50 mil pessoas sentadas e irá ocupar uma área de 34.500 m2. ?O projeto inicial previa 46 mil, mas com alguns ajustes chegamos até os 50 mil?, revela. Serão dois anéis de arquibancada, totalmente cadeiradas. O estádio terá também um estacionamento para no mínimo 400 carros. Parte das vagas ficarão sob as arquibancadas.

Existe ainda a previsão da instalação de uma cobertura retrátil, mas em uma fase mais adiantada do projeto. ?A cobertura é uma complementação que pode ou não ser construída?, diz Ambrósio.

Além do estádio, o projeto prevê também uma revitalização da região. Para isso, o Paraná conta com o apoio da Prefeitura de Curitiba. A parte do terreno por onde passa o Rio Belém seria doada à Prefeitura, que faria a canalização do rio e a arborização e paisagismo da área. ?Já foi feita uma consulta ao Ippuc, que não se opõe à obra?, afirma Ambrósio.

A Rede

A disputa judicial entre o Paraná e a RFFSA, que já dura mais de três décadas, pode estar chegando ao fim. ?O negócio com a rede está bem encaminhado. Ela tem interesse em resolver todos seus imbróglios jurídicos, pois precisa de dinheiro para cacifar seu fundo de pensão. Só falta a gente discutir valores?, conta Ernani Buchmann.

Dinheiro viria da venda de parte do próprio terreno

O custo estimado da nova Vila Capanema é de R$ 35 milhões. O principal trunfo do clube para conseguir o dinheiro necessário é a ?excelente? localização do terreno que hoje o clube disputa com a RFFSA. Parte do lote seria vendida, provavelmente, para uma rede de hotéis ou supermercados. ?Existe uma carência de supermercados na região. E nós já temos experiência neste tipo de negócio, pois negociamos aquela área do Britânia com o BIG durante a minha gestão?, diz Buchmann. Já o ramo hoteleiro poderia ser atraído pela proximidade com a Rodoferroviária e com a Avenida das Torres, que é acesso para o Aeroporto Afonso Pena. ?O próprio estádio também seria um atrativo para os clientes de um hotel?, acredita Eduardo Ambrósio.

A venda do nome do estádio, num negócio nos moldes do que o Atlético fez na Kyocera Arena, é outra alternativa para captar recursos. ?A diferença é que o Atlético fez isso cinco anos após inaugurar a Baixada.

Nós queremos encontrar um parceiro que nos ajude já na construção?, revela Buchmann.

Outra aposta paranista é a visibilidade do novo estádio. Numa região de poucos prédios altos e cortada por avenidas e viadutos, a nova Vila seria um ótimo local para painéis publicitários. ?Teremos pelo menos três faces do estádio com excelente visibilidade, onde pensamos em instalar painéis eletrônicos. Poderia ligar isso inclusive com a venda do nome. A mesma empresa poderia anunciar nos painéis?, conta Ernani.

?O detalhamento completo da viabilização econômica ainda não foi feito. Contamos também com a venda de camarotes e cadeiras?, diz Ernani. ?Teremos mais novidades no segundo trimestre do ano que vem.?

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