Baixou o ?Aquiles? no Del Piero

Duisburg – Del Piero incorporou mesmo o personagem Aquiles, o heróico guerreiro da mitologia grega. Ele se refere a si mesmo como Aquiles em quase todas as entrevistas desde que disse, no início da Copa, que tinha ficado em silêncio por um bom tempo com a imprensa para se concentrar para a batalha que seria a Copa – como o herói fazia antes de suas batalhas. Ontem, no encerramento de sua coletiva, ele fez uma pergunta aos jornalistas: ?Vocês se lembram como acabou a Guerra de Tróia?? A resposta foi que Aquiles tinha morrido. Então, ele corrigiu.

?Isso foi depois. Primeiro ele venceu a guerra e destruiu Tróia. Só depois disso é que foi atingido e morreu.? A analogia é clara Del Piero sabe que esta Copa pode ser sua última guerra pela seleção. Mas antes de ?morrer? buscará a glória final.

Se puder entrar logo na guerra, melhor ainda. Na semifinal com a Alemanha, Del Piero substituiu Perrotta aos 13 do 1.º tempo da prorrogação e foi decisivo para a vitória, ajudando a criar chances e fazendo o segundo gol.

?Quero desfrutar de cada minuto que me for dado domingo, mas é claro que gostaria de jogar mais do que 20 minutos. Não é fácil decidir o jogo em tão pouco tempo?, disparou.

O discurso repete algo que ele havia dito no início da Copa ao comparar sua situação de reserva na seleção à de reserva que teve na maior parte da temporada sob o comando de Fabio Capello na Juventus. Na ocasião, disse que o fato de ter saído do banco para resolver vários jogos para o seu time não o fazia sentir-se conformado com a reserva.

Del Piero considera que os dois melhores times do Mundial chegaram à final. E, um pouco por superstição e um pouco por sinceridade, apontou a França como favorita. ?Antes do jogo, disse que a Alemanha era favorita e ganhamos. Então, agora digo que é França?, disse, provocando risos dos jornalistas. ?Mas falando sério, acho que a França é mesmo favorita por chegar menos estressada à final.?

O estresse a que ele se referiu não é físico e sim psicológico. ?Darei três razões para justificar o que disse: a pressão da imprensa durante a temporada é muito mais forte na Itália do que na França; há um escândalo no futebol italiano; todos nós fomos atingidos pela tragédia de Pessotto (ex-jogador da Juventus que tentou o suicídio semana passada).?

Ganhar a última batalha será uma vingança pessoal para o ?Aquiles italiano?. Em 2000, ele perdeu dois gols fáceis quando a Itália ganhava por 1 a 0 da França na final da Eurocopa e depois do jogo disse que era o culpado pela derrota. Ontem, afirmou que não deveria ter dito aquilo. E fechou com uma frase digna de Aquiles: ?A história nos espera em Berlim.?

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