Bahia e Vitória despencaram para a terceira divisão

Salvador – Depois do rebaixamento de Bahia e Vitória para a Série C, a terceira divisão do Campeonato Brasileiro, o futebol baiano tenta recomeçar. Ontem, apenas dois dias depois da queda, a promessa era de renovação na diretoria dos dois tradicionais clubes do País.

O presidente do Vitória, Paulo Carneiro, que administrava o clube há 16 anos, já foi afastado do posto. E o presidente interino do Bahia, Petrônio Barradas, tem até o dia 31 de dezembro para convocar eleições.

A torcida do Vitória foi a que ficou mais surpresa com o rebaixamento. Afinal, o time até que começou bem o campeonato, disputando uma vaga no grupo dos 8 melhores. Mas, de repente, começou a cair de produção até chegar ao jogo de sábado, em casa contra o time reserva da Lusa, precisando vencer para escapar.

O resultado esperado não veio, mas o empate por 3 a 3 até que livrava o Vitória. Mas um gol do CRB já nos acréscimos da partida com o Criciúma decretou o rebaixamento do time baiano.

Como o Vitória já tinha caído da primeira divisão no ano passado, a situação de Paulo Carneiro ficou insustentável e ele deixou o clube. Assim, ontem, Adermar Lemos Júnior assumiu o cargo. E sua primeira medida foi encerrar as atividades do departamento de futebol profissional, que só reabrirá em janeiro.

O rival

No Bahia, a situação era um pouco pior. Disputando a Série B pelo segundo ano seguido, o time não conseguiu se acertar no campeonato. Teve cinco técnicos diferentes na temporada e a contratação de reforços renomados não rendeu o esperado – o atacante Viola, por exemplo, passou a maior parte do tempo no departamento médico.

Assim, o Bahia chegou à última rodada da Série B precisando da vitória fora de casa contra o Paulista, outro que lutava para não cair. E, sem forças, o time baiano acabou derrotado por 3 a 2 e rebaixado para a terceira divisão.

Agora, o presidente do Bahia, Petrônio Barradas, prometeu colocar os jogadores do elenco para disputar a Taça Estado da Bahia, competição organizada pela Federação Baiana de Futebol para manter em atividade os times do Estado que não participam das três divisões do Brasileiro. Bahia e Vitória disputam a Taça Estado da Bahia com jogadores dos juniores, mas o presidente do Bahia quer ?reforçar? o time. E já avisou: quem não aceitar, vai deixar o clube.

Enquanto isso, os torcedores do Bahia lutam para mudar a diretoria. E até fazem um movimento para que o novo presidente seja eleito pelos sócios do clube e não mais pelo Conselho, como acontece atualmente.

Goleiro processa presidente do Vitória

Salvador – O goleiro Felipe, do Vitória, acusou o presidente do clube, Paulo Carneiro, de tê-lo chamado de ?negro safado?, ?preto vagabundo? e ?vendido?. As ofensas raciais teriam sido feitas depois do jogo de sábado, em que o time baiano empatou com a Portuguesa e acabou rebaixado para a Série C, a terceira divisão do Campeonato Brasileiro.

O jogador prestou queixa de racismo contra o dirigente na 10.ª Delegacia de Polícia de Salvador. Além disso, a esposa de Felipe, Gabriela, ainda acusou Paulo Carneiro de tê-la chamado de ?vagabunda e maria chuteira? – ela também prometeu processá-lo por calúnia e difamação.

Segundo Felipe, Paulo Carneiro o acusou de ter recebido R$ 5 mil parra ?entregar o jogo? e Gabriela foi ofendida quando tentou separar a briga do dirigente com o marido. ?Ele falou que eu era um preto frouxo e eu vou mostrar a ele que eu posso até parar de jogar futebol, como ele disse que iria encerrar minha carreira, mas no Vitória eu não jogo mais?, disse o goleiro de 21 anos.

Na queixa registrada na 10.ª DP, Felipe descreve que foi ofendido por Paulo Carneiro na frente de sua esposa, dos irmãos e do filho. A delegada encarregada do caso, Overanda Oliveira, espera agora ouvir os depoimentos do acusado e das testemunhas apontadas pelo jogador.

Conhecido pelo estilo truculento, Paulo Carneiro comandava o Vitória há 16 anos. Mas vai deixar o clube após a fracassada campanha na Série B – o time baiano foi rebaixado pelo segundo ano seguido, depois de cair da primeira divisão do Brasileiro em 2004. Ele, inclusive, está sumido desde sábado e não foi encontrado para comentar a acusação de racismo feita pelo goleiro Felipe.

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