Alguém entende?

Sobram motivos e faltam explicações pras derrotas do Atlético fora de casa

Paulo Autuori admite ficar “triste e decepcionado” com o rendimento fora. Foto: Aniele Nascimento

Grama sintética, erros defensivos, erros ofensivos, problemas táticos, problemas técnicos, falhas individuais… Tudo, absolutamente tudo já foi colocado pelos jogadores do Atlético e pelo técnico Paulo Autuori para explicar o praticamente inexplicável – a campanha fora de casa do Furacão, que deixa o time ainda brigando pela vaga na Copa Libertadores da América. Com uma ou duas vitórias longe de Curitiba, nada surpreendente em 17 partidas, o Rubro-Negro já poderia praticamente se garantir no torneio continental no ano que vem. Mas as 14 derrotas, entre elas para os quatro integrantes da zona de rebaixamento, atingem em cheio o aproveitamento atleticano. E agora ganharam uma nova justificativa – a falta de maturidade do elenco.

Foi essa a avaliação do técnico Paulo Autuori após a derrota por 3×2 para o Vitória no domingo, em Salvador. “Fico triste e decepcionado pelo que poderia ter feito aqui. Se tivesse uma equipe mais madura, teríamos saído com uma vitória até tranquila”, afirmou o treinador. Não é uma mentira – afinal, domingo eram seis jogadores jovens. Mas, ao mesmo tempo, o Furacão tinha no gramado Weverton, goleiro da seleção brasileira; Paulo André, experiente e campeão em vários clubes; e Lucho González, um dos maiores vencedores da história do futebol argentino. E ainda estavam em campo Léo e Nikão, ambos com boa rodagem no futebol brasileiro.

Assim, a explicação de Autuori se soma a outras que também foram lembradas após a vitória baiana. “Sofremos o primeiro gol, continuamos bem no jogo e viramos. Não poderíamos deixar de ter o controle do jogo e não fomos capazes de manter”, disse Paulo Autuori. “É inadmissível uma equipe como a nossa, no G-6 do Brasileiro, ter a nona derrota seguida fora de casa”, disse o meia Pablo, autor de dois gols. No final das contas, a posição de Otávio após a derrota para o América-MG fica como a mais sincera em todo o Brasileirão. “É inexplicável”, resumiu.

Explicável ou não, o fato é que a espetacular campanha em casa acaba sendo insuficiente para garantir o Atlético na Libertadores. Usando a conta acima, dando seis pontos a mais ao time (se tivesse vencido, por exemplo, América-MG e Figueirense, dois times da ZR), o Furacão teria 57 pontos e praticamente teria já assegurada a vaga no G6. E olha que isso nem faria a campanha rubro-negra melhorasse muito – passaria dos atuais 13,73% para 25,49%, aproveitamento ainda bastante baixo.

Isto porque o Brasileirão está cada vez mais equilibrado (veja a tabela), na visão do técnico atleticano. “É uma competição difícil em todos os aspectos, com exceção de quem luta pelo título. Em relação à Libertadores, as vagas que caíram no colo de todos nós, e lá embaixo, a luta vai ser até o final. A análise que temos que fazer dos jogos é de que, realmente, em nenhuma dessas frentes, com exceção do Palmeiras, uma equipe apareceu melhor do que as outras. A oscilação é muito grande”, afirmou Autuori, que já havia dito que o nível do campeonato é “ruim” há alguns dias.

Esqueça o mal

Paulo Autuori pediu que fosse avaliada também a campanha em casa. “Na vida, a gente só costuma ver o lado negativo”, filosofou. Para o treinador, é preciso acreditar que é possível, apesar de tudo, ir ao Rio de Janeiro na terça da semana que vem e vencer o tumultuado Fluminense, na abertura da 35ª rodada. “Para a mente, é fundamental pensar positivo. É um dado, um fato. Demonstra que a equipe não está pronta para isso e está fazendo o campeonato que é possível. Não temos mostrado, fora de casa, que a gente tem força para fazer o que se propõe. O que precisamos? Continuidade e entendimento. Não há nada a fazer, a não ser ir e jogar”, comentou.