Atlético tem R$ 54 milhões em caixa, afirma Marcos Malucelli

O presidente Mário Celso Petraglia assumiu o Atlético com R$ 54 milhões em caixa, segundo revelou ontem o ex-presidente Marcos Malucelli, em visita de cortesia ao Paraná Online, onde veio despedir-se do diretor-presidente Paulo Pimentel. O dinheiro, se o Rubro-Negro quiser, é suficiente para bancar a parte atleticana nas obras na Arena da Baixada, que vai precisar de R$ 45 milhões de investimentos do clube – segundo contas fechadas ainda na gestão de Malucelli.

Grande parte deste saldo em caixa vem da cota de TV, que rende R$ 30 milhões por ano ao Furacão. Além disso, o ex-presidente confirmou que outros R$ 15 milhões foram deixados nos cofres do clube, em dinheiro vivo, e outros R$ 9 milhões entrarão no caixa no começo de 2012, através de pagamentos já agendados da venda de jogadores. Entre os valores a receber, o goleiro Neto renderá R$ 2.429 milhões que a Fiorentina tem a pagar. O clube receberá ainda R$ 800 mil do Corinthians, pela venda do Cristian, e outros R$ 1.3 milhão do pay-per-view que serão pagos pela transmissão dos jogos do Brasileirão em 2010.

Marcos Malucelli confidenciou que precisou de dois anos para colocar o Atlético no “azul”, depois de tê-lo herdado de Petraglia. Quando assumiu, no final de 2008, o Atlético tinha R$ 18 milhões negativos e já com receitas antecipadas. “Até junho, julho de 2007, tivemos que ficar só tomando empréstimos e pagando despesas. No final do ano tivemos superávit, mas que não ficou no clube porque tínhamos que saldar as dívidas. Em 2010, tivemos novo superávit e conseguimos liquidar todas as pendências. Dinheiro em caixa mesmo só este ano”, explicou.

Para conseguir reverter o quadro negativo, houve uma única determinação: reduzir os gastos. “Tivemos que segurar as despesas e manter um folha salarial baixa. Para construir o setor Brasílio Itiberê não tínhamos dinheiro, mas o Ênio [Fornéa, ex-vice-presidente] foi importante aí. Ele bancou as obras com sua credibilidade no mercado. Tomamos empréstimo de R$ 4,5 milhões, mas já o saldamos também. Deixamos o clube sem nada a pagar”, enfatizou o ex-presidente.

Porém, toda a reestruturação econômica e administrativa do Atlético não apaga a mancha que o rebaixamento deixou em Malucelli. Para o ex-presidente, ainda é complicado falar no assunto sem se emocionar. “Me sinto constrangido. Ainda não superei”, disse.

Entre erros na formação de elenco, trocas constantes de treinadores e de diretores de futebol, ele aponta um erro pessoal como fator decisivo para a queda: a participação pouco efetiva no departamento de futebol. “Eu me arrependo de não ter atuado diretamente no futebol. Fiz isso em 2008, 2009 e até 2010, mas este ano não. Eles (diretores) não tinham a caneta cheia para contratar, porque eu queria sempre saber valores. Mas deveria ter atuado mais na hora de escolher os contratados”, lamentou Malucelli.